O diretor Marcus Baldini e a produtora Joanna Henning desvendam os segredos de O Sequestro do Voo 375 em bate-papo 

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O nacional O Sequestro do Voo 375 pega uma história que realmente aconteceu e transforma em um grande Blockbuster nacional que faz inveja nas produções americanas.

E para contar os segredos, e os bastidores, do longa batemos um papo com o diretor Marcus Baldini e a produtora Joanna Henning.

A dupla conta os principais desafios de realizar o longa e como foi para realizar as gravações do filme que está em cartaz nos cinemas.

O Sequestro do Voo 375 | Crítica: Produção nacional decola e empolga ao contar caso real

Baseado em uma história real brasileira de 1988, o longa acompanha o trabalhador Nonato (Jorge Paz), que se rebela contra o presidente da época e as dificuldades de um país em crise e orquestra o sequestro de um voo comercial para um atentado ao Palácio do Planalto. Murilo (Danilo Grangheia), o piloto desse avião, se vê responsável pela vida de mais de 100 pessoas a bordo e mesmo com toda tensão criada pelo sequestrador dentro da aeronave, executa a manobra mais impressionante da sua carreira, impactando para sempre a aviação. 

Gravado no icônico estúdio Vera Cruz, em São Bernardo do Campo (SP), o longa teve um trabalho de produção bastante interessante do ponto de vista técnico e que a dupla comenta na entrevista abaixo.

Bastidores das gravações do longa O Sequestro do Voo 375. Foto: Walt Disney Company Brasil. Star Distribution. All Rights Reserved.

Marcus, gostaria que você contasse um pouco sobre algumas das decisões que você usou com a câmera no filme e filmar dentro do avião.

Marcus Baldini: A gente tinha quatro aviões diferentes, né? Então tem cenas que se passam em lugares diferentes. Então, quando Nonato [Jorge Paz] sai do cockpit vai até lá atrás falar com a Cláudia [Juliana Alves], ele passa por três lugares diferentes.

E esse desafio do conforto versus o realismo é um desafio que sempre permeia as discussões, as primeiras discussões [para o que teremos no filme]. Porque eu sempre digo que eu acho que, por exemplo, eu prefiro filmar em locação do que filmar em estúdio, porque o estúdio, às vezes, ele te traz um conforto de filmagem, um conforto de enquadramento, um conforto de luz, o próprio ar condicionado e uma série de coisas que, às vezes, a locação aquela coisa mais vívida, sem encostar na parede, que você coloca uma lente mais angular, e fazer uma câmera mais solta, é eu acho que essa linguagem cinematográfica tem muito a ver com superar as dificuldades.

Então, o filme tem essa câmera mais documental mais solta, né? É que que tenta fazer, essa é uma montagem também cheia de jump cuts, né? Uma coisa que é uma montagem que não não se preocupe em ser tão precisa do ponto de vista das continuidades.

Então é uma montagem que visa mais a emoção e tal.

Bastidores das gravações do longa O Sequestro do Voo 375. Foto: Walt Disney Company Brasil. Star Distribution. All Rights Reserved.

E como foi trabalhar em espaços tão pequenos, do corredor da aeronave até a cabine do piloto onde boa parte do longa se passa?

Marcus Baldini: Uma decisão [importante] era a decisão de qual seria o tamanho do corredor pra gente poder passar com o traving [quando a câmera se move no set, seja pela mão do operador, sobre um carrinho, uma esteira] tinha que ser de um tamanho suficiente grande pra gente passar com traving, mas não podia ser grande pra gente olhar e falar. “Nossa isso tá parecendo que foi gravado em estúdio.”

As paredes do avião que saiam para ajudar nos próprios enquadramentos, né? Às vezes, tem enquadramentos ali que não parece, mas assim era impossível a gente estar enquadrando daquele jeito se a gente tivesse para fora do estúdio com a câmera para vocês.

Se essa parede do avião não saísse, não dava. Todas as decisões de conforto, elas foram tomadas sempre visando ter um projeto que fosse filmado dentro de um avião com a sensação de que a gente tava no lugar documental, realista sobre a história, então todo tipo de conforto.

A própria luz do avião de que forma que ela ia oscilaram ou não se aquilo ia ser um efeito real, ou um efeito depois as luzes que acendiam na cabine, o balanço do avião de que forma que a gente tem uma coreografia das pessoas que fingiam que estavam balançando junto com a câmera ou de que forma que a gente ia girar o avião de fato, tudo isso tem um monte de decisões que sobretudo era trazer algum conforto, mas para imprimir sempre na tela a realidade necessária.

Então esse olhar foi um olhar mais documental de ação para jogar o espectador lá dentro, o fazer acreditar que ele estava lá e que aquilo estava acontecendo de fato.

Bastidores das gravações do longa O Sequestro do Voo 375. Foto: Walt Disney Company Brasil. Star Distribution. All Rights Reserved.

E para você Joana como foi, pelo lado de produtora, trabalhar com essas questões mais técnicas do filme?

Joana Henning: Como produtora eu tinha um lugar de compreender artisticamente o que o Baldini tava planejando, né? Para não deixar com que, às vezes, opiniões mais técnicas como “Ah não mas precisa de espaço para a agilidade do set” e coisa do tipo não interferir-se na imagem [das gravações] e também fazer uma mediação com a própria equipe porque como os espaços eram sempre muito fechados a equipe não tava vendo que estava sendo filmado né? Então a equipe trabalhava muito para ter uma ideia do resultado final.

Assim e isso obviamente, com todo mundo com as suas expectativas de resultado, acabava ficando um clima de incerteza no ar.

Então eu buscava sempre tá muito ao lado do Baldini para compreender as necessidades e ao mesmo tempo também ao lado do do da equipe para conseguir traduzir essas necessidades e vice e versa.

Bastidores das gravações do longa O Sequestro do Voo 375. Foto: Walt Disney Company Brasil. Star Distribution. All Rights Reserved.

De todo o processo do longa, desde a pesquisa para o filme, até agora na época do lançamento nos cinemas. Quais são os momentos e partes que vocês mais se orgulham?

Marcus Baldini: Falando assim de flashs, de momentos que eu me orgulhei, foi quando eu vi que a cena do tiro do Shibata [Ricardo Oshiro] que quando a gente fez aquela intenção de coreografar as pessoas, com o tiro, com a câmera aquilo ali tava funcionando de fato assim foi uma coisa de “Nossa, será que vai funcionar? e na hora que eu vi rolar eu falei: “Nossa, tamo dentro desse avião e tá funcionando…”

Eu me orgulho do Danilo [Grangheia, o piloto Murilo protagonista do longa] ter encontrado esse herói dentro dele, foi uma preparação muito intensa, ele se dedicou demais e eu acho que ele faz um herói incrível, cheio de camadas com verdade com emoção, mas ao mesmo tempo com força com segurança, e com humanidade.

Eu acho que esse equilíbrio que ele trouxe sim, é é um prazer ver na tela.

Joana Henning: Eu me orgulhei das exibições [do filme]. De ver o Cine Odeon [onde o filme fez sua pré-estreia no Festival do Rio 2023] como um Maracanã com o público torcendo, gritando e aplaudindo o filme. E ir para Penedo em Alagoas [no Circuito Penedo de Cinema 2023] e ver um senhorzinho, já mais mais idoso, gritando e xingando os sequestradores falando: “Acaba com ele” para o piloto.

De ver como que o público tem reagido a a história assim, e saindo um pouco de si, entrando ali dentro dessa experiência assim eu eu me orgulho disso.

O elenco ainda conta com Roberta Gualda, Gabriel Godoy, César Mello, Juliana Alves, Wagner Santisteban, Arianne Botelho, Diego Montez, Claudio Jaborandy, Johnnas Oliva e Adriano Garib.

Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque cuidaram do roteiro.

O Sequestro do Voo 375 está em cartaz nos cinemas nacionais.

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