Um bate-papo com o ator Paul Giamatti sobre Os Rejeitados

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O ator Paul Giamatti sempre foi figurinha carimbada em Hollywood, e nos últimos tempos, o ator pode ser visto na série Billions e agora estrela essa nova comédia do diretor Alexander Payne.

E além de entregar um fenomenal trabalho em Os Rejeitados, Giamatti tem se destacado na temporada de premiação com o longa e sua atuação como um professor de um colégio interno que precisa passar as festas de final de ano com um jovem, e rebelde, aluno chamado Angus Tully (Dominic Sessa) e também com a cozinheira do local, Mary Lamb (Da’Vine Joy Randolph).

Em bate-papo com o ator, e com outros jornalistas ao redor do mundo, Giamatti comenta sobre como foi para achar o tom do personagem, das características visuais marcantes e mais curiosidades de bastidores do longa.

Confira:

Dominic Sessa, Paul Giamatti e Da’Vine Joy Randolph em cena de Os Rejeitados. Foto: Credit: Seacia Pavao / © 2023 FOCUS FEATURES LLC.

Como foi para você voltar a trabalhar com Alexander Payne (depois do longa Sideways – Entre Umas e Outras de 2004), e como sua visão sobre atuar, e a visão dele sobre dirigir, mudou de lá para cá?

Paul Giamatti: Isso é interessante. Ele dirigiu esse filme de uma forma diferente e eu não acho que seja, necessariamente, por que ele mudou, mas aqui foi um filme diferente, essa coisa meio dos anos 70. Foi diferente de quando fizemos Sideways, onde as coisas eram mais soltas, tinham diversas câmeras, e todo mundo tinha um microfone, e aqui foi o oposto, foi uma coisa muito mais formal por que ele estava fazendo esse tipo de filme dos anos 70, onde o foco real era o ritmo dele e que movia de uma forma diferente.

Ele dirigiu de uma forma diferente, mas ainda sentiu a mesma coisa, ele é o mesmo cara, e sua abordagem ainda foi muito relaxante e foi muito divertido. Já sobre mim, eu não sei dizer, você teria que perguntar para ele o que ele sentiu sobre mim, se ele sentiu alguma coisa diferente. Eu acho que eu senti mais, eu acho que sou um ator melhor (…) mas definitivamente eu me senti mais relaxado, mas provavelmente você terá que perguntar para ele.

Uma das características do seu personagem, é o olho torto dele que é uma característica bem marcante. Como vocês chegaram nela? O que isso que dizer sobre ele? E você teve que usar lentes, próteses? Como foi?

Paul Giamatti: Olha, eu jurei segredo sobre isso, mas vou dizer para você olhar nas cenas dos créditos para saber o que nós fizemos. Mas de uma certa forma, o que eu acho que ele [o diretor Alexander Payne] fez foi tirar a ideia de um filme que o inspirou. É um filme francês dos anos 30 chamado Merlusse, o que significa que ele falou alguma coisa que parece ser um bacalhau, ou alguma coisa assim, eu acho que o personagem cheirava a peixe também e ele tinha uma condição no olho.

E em parte eu acho que foi isso, mas acho que a razão principal dele ter essa característica é por que o faz ser um objeto de ser ridicularizado, o faz ser o motivo de chacota entre as crianças. Eu acho que é mais uma coisa que o posiciona fora da zona de aceitação, sabe? Ele vive sendo colocado constantemente de lado de tudo. E nós estamos sempre o movendo cada vez mais e mais da zona de conforto do mundo.

Sobre as outras características do personagem, além do olho, o fato que ele cheira peixe, o bigode, as roupas, o que estava no roteiro e o quanto você e Alexander Payne desenvolveram essas características ao longo do processo de pré-produção de Os Rejeitados?

Paul Giamatti: Eu acho que estava tudo lá. Muitas coisas foram inspiradas no tal personagem, bem mais que na outra história, mas sobre o personagem e toda a história de cheirar a peixe acho que já estavam no outro filme. E todas as outras características dele já estavam ali, a forma como ele falava, e coisas assim, tudo estava lá.

E sobre o que ele usava, esse tipo de terno de veludo cotelê meio maluco, a gravata borboleta e encontrar os tipos certos de coisas que ele fazia, como pentear o cabelo, ter um penteado ruim, o tipo de roupa e o cachimbo. Eu acho que o cachimbo a gente adicionou um pouco demais, mas aquele casaco gigante e o chapéu foi uma coisa que nós demoramos um pouco para encontrar… e sempre que fazemos isso, colocamos coisa demais. Ele [o diretor Alexander Payne] te dá muito espaço para isso. Mas tirando isso, o resto estava tudo no roteiro.

Uma das mensagens mais interessantes do filme é sempre ter alguém para te ajudar a navegar por momentos bons e ruins. Qual foi sua maior dificuldade na época do ensino médio e quem o ajudou a superá-la?

Paul Giamatti: Olha essa é uma pergunta muito boa. Eu não lembro de ter tido muita dificuldade na época do colégio, mas definitivamente tinha um professor que não era nada parecido [com o personagem dele] que era tipo o cara legal. E eu passei por uns maus bocados, eu frequentei uma dessas escolas, que são bem restritas, e tinha esse professor que eu até falo com ele hoje em dia, ele é um homem extremamente idoso agora, mas, como falei ele não era alguém igual ao meu personagem, e ele definitivamente me ajudou. Eu não sei dizer se eu tinha uma única coisa, um único problema. (…) Mas ele era uma pessoa bem bondosa em um lugar que não tinha muita coisa. Então ele me ajudou, e de certa forma foi uma influência, eu acho que ele me encorajou.

Eu comecei a atuar no meu último ano e ele identificou isso como uma coisa que eu era muito bom e foi como ter essa afirmação me ajudou demais.

O seu personagem meio que coloca Angus embaixo da asa dele, de certa forma. Você vê um paralelo com o seu trabalho com Dominic Sessa? Já que ele estava fazendo a sua estreia nas telonas aqui com Os Rejeitados.

Paul Giamatti: De uma certa forma, sim. Eu senti muita afeição por ele. Eu me senti muito protetivo com ele. Eu não sei se ele precisava tanto disso. Sabe, eu acho que percebi que rapidamente que ele iria ficar bem e tudo que eu realmente queria era apenas continuar a pontuar o quão bom ele era. Eu acho que eu não ficava ensinando ele, eu não sei se ele aprendeu alguma coisa, ou ele se aprendeu alguma coisa, não é uma coisa que eu esteja ciente, mas eu acho que ele pegava muito as coisas no ar. Ele é um garoto muito inteligente. Eu gosto bastante dele, e eu gostava de estar perto dele nos set. Ele é adorável.

Eu acho que as coisas só foram se repetindo, na medida que eu ia me aproximando mais dele. Eu gostava mais e mais dele, e é como o professor que começar a gostar do aluno.

Como fã da série Billions, eu gostaria de perguntar você acha que um jovem Chuck Rhoades poderia ter estudado na escola do filme e ter tido aula com o professor Paul. Como seria a dinâmica deles?

Paul Giamatti: É engraçado você perguntar sobre isso, por que existiu durante um tempo um arco narrativo, que depois nunca aconteceu, sobre Wags (personagem do ator David Costabile na série) que ele e Chuck (personagem de Giamatti na série) terem ido para o mesmo colégio interno. Mas nunca aconteceu, mesmo que teria sido muito engraçado. Ele [Chuck Rhoades] me parece ser o produto de alguém que estudou numa escola dessas. Ele definitivamente parece que iria se encontrar nesse sistema e ele iria adorar a rigidez, e a disciplina e tudo mais, por que iria se parecer tão familiar.

Eu acho que ele iria se sentir estranhamente conectado com um professor [igual Paul]. Ele provavelmente iria ter gostado demais.

E dominado a hierarquia social do social.

Paul Giamatti: Sim, com certeza.

Os Rejeitados está em cartaz nos cinemas nacionais.

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