Sergio | Crítica

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Num mundo imperfeito, marcado por desigualdades e sofrimentos, temos figuras imperfeitas que se tornam a marca do ser humano em si. E aqui em Sergio (2020) temos a história de um diplomata que serviu à uma organização que luta por combater as imperfeições desse mundo, mas que é comandado por justamente pessoas que são, por sua própria definição, imperfeitas.

Sergio – Crítica | Foto: Netflix

Sergio conta a biografia de um dos maiores nomes que o Brasil já levou para o mundo, o diplomata Sergio Vieira de Mello. E assim, o longa de Greg Barker mostra detalhes de sua vida, e de sua carreira na Organização das Nações Unidas, durante um dos períodos mais assombrosos da história do mundo: a invasão americana ao Iraque. 

E mesmo com uma edição um pouco confusa, não-linear, que navega em zig-zag para contar a história, e que passa por diversos países onde DeMello viveu e trabalhou, Sergio consegue capturar a figura humana por trás do diplomata, onde Wagner Moura nos entrega um de seus papeis mais fortes de sua carreira numa atuação poderosa e completamente intensa de se assistir. 

Moura deixa o marcante papel de Pablo Escobar de lado, e aqui em Sergio, o ator consegue criar camadas e nuanças para a figura de DeMello que ajudam o espectador a compreender certas atitudes na sua vida pessoal, e profissional, como a sede de mudança do diplomata, que vive num mundo como falamos imperfeito, e cercado de injustiças.

Bem mais do que apenas pincelar acontecimentos históricos, Sergio faz uma narrativa peculiar que aos poucos constrói a figura de DeMello aos olhos do público, e na sua jornada para atuar com pacificador de conflitos dos mais diferentes tamanhos e que moldaram o cenário geopolítico de muitos países.

Sergio – Crítica | Foto: Netflix

Sergio faz isso de uma maneira bastante lenta, com cenas interligadas do presente no Iraque, com as passagens de como o diplomata conheceu um de suas esposas, a funcionária da ONU Carolina (Ana de Armas, incrível) e sua jornada rumo à missão no país árabe que tinha acabado de tirar do poder seu ditador de anos numa intervenção americana com apoio da ONU.

Assim, com o apoio da atuação de Moura, que apenas eleva o longa, Sergio faz um retrato humano de figura história, onde coloca o Brasil e o Rio de Janeiro no centro e no coração do filme, numa produção que serve para enaltecer nosso país tão marcado pela síndrome do vira-lata. Moura e De Armas entregam uma química inigualável e que movimentam o longa de uma forma que deixa o espectador de queixo caído como essa dupla de deu bem tela.

Com 20 minutos finais intensos e desesperadores, Sergio faz um bom drama, mas não por ser uma biografia tão sisuda, e sim, por colocar o lado mais pessoal para a figura de DeMello. Assim, Sergio deixa o espectador navegar na história do diplomata como as ondas leves do mar de Ipanema que batem até o rochedo conhecido como o Arpoador. 

Nota:

Sergio já disponível na Netflix.

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