O Tarô da Morte | Crítica: Estava previsto nas estrelas que seria ruim

A previsão das cartas não importa, afinal, estava previsto nas estrelas que O Tarô da Morte seria ruim e é. Nossa crítica do longa.

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Curiosamente achei a premissa de O Tarô da Morte (Tarot, 2024) interessante desde que o projeto do longa foi anunciado lá atrás e na época se chamava Horrorscope. Mas como pode um filme falhar tanto em transportar suas ideias para as telas? 

A premissa de O Tarô da Morte era que seria um filme no estilo do terror dos anos 2000 como o Premonição, misturado com Verdade ou Desafio (2018) e Fale Comigo (2023) e que juntasse tudo isso com a leitura de horóscopo e cartas de tarô com a morte dos personagens. E por mais que isso parece soar bastante interessante, afinal, vindo do sucesso do último no ano passado, talvez, poderíamos ter alguma coisa boa saindo disso, mas, infelizmente, o longa consegue falhar miseravelmente no que se propõe e também na forma como executa tudo isso. É tudo muito ruim!

Jacob Batalon em cena de O Tarô da Morte. Photo by Slobodan Pikula/Slobodan Pikula – © 2024 CTMG, Inc. All Rights Reserved. **ALL IMAGES ARE PROPERTY OF SONY PICTURES ENTERTAINMENT INC. FOR PROMOTIONAL USE ONLY.

O que é uma pena, afinal, quando eu bati olho e vi que teríamos no elenco o carismático Jacob Batalon (mais conhecido por interpretar o melhor amigo do Homem-Aranha nos filmes de Tom Holland também da Sony Pictures) e também por Avantika (que roubou as cenas no novo Meninas Malvadas no começo do ano), entre outros nomes, pouco menos conhecidos em Hollywood e em início de carreira, eu achei que pelo menos poderia me divertir com O Tarô da Morte.

Mas não, como ler uma previsão de um signo que não é o seu, eu me enganei. Claro, Batalon e Avantika fazem o melhor que podem no longa, mas acho que, talvez, o grande problema do filme seja o roteiro sem pé nem cabeça que não consegue desenvolver ou trabalhar essa premissa e nem dar para os atores a chance de se destacarem com seus personagens.

Afinal, logo nos primeiros minutos de filme, é como se O Tarô da Morte já fizesse um grande resumo para o espectador de o que ele pode esperar do longa, quando vemos um grupo de jovens que alugou, por alguns dias uma casa no meio do nada, ver as bebidas que eles levaram acabar e logo em seguida se encontram entediados no lugar, onde a primeira ideia que vem em mente é vasculhar o local.

E o que eles fazem? São jovens, claro, e então resolvem entram no porão com uma grande placa de “não entrar” e acham uma caixa com cartas estilizadas com algumas figuras estranhas. Assim, a jovem Haley (Harriet Slater) resolver ler o horóscopo dos amigos, fazer previsões, e tirar as cartas como forma de passar o tempo. E mesmo que a dupla de diretores formado por Spenser Cohen (roteirista no longa Moonfall) e Anna Halberg (produtora em Os Mercenários 4) entregue uma boa apresentação desses amigos em uma ambientação descontraída e divertida para esse grupo, com um climinha de seriado teen, fica claro que O Tarô da Morte precisa de mais para chegar a empolgar mesmo com essa introdução sobre o que vem pela frente e uma mitologia que poderia ser promissora. 

Mas o filme fica só na promessa mesmo e acaba no minuto que o card de abertura com O TARÔ DA MORTE aparece. Afinal é ainda bem no começo do filme quando vemos que cada um dos amigos se voluntaria para ser a pessoa da vez na roda e receber sua leitura. Assim, O Tarô da Morte passa por cada uma das personalidades desses personagens bem rapidamente, onde a jovem Haley, dá as instruções que recebeu das cartas em voz alta para todos.

O que acontece nesses minutos parece divertido de acompanhar, mas meio que dita o filme com um todo. Afinal, tudo que Haley diz serve como um mapa para as próximas cenas do longa e efetivamente para as mortes desse grupo. As previsões são feitas por frases vagas que o roteiro de Cohen, Halberg, e Nicholas Adams apresenta para esses personagens dizerem ao longo do filme, e algumas acabam por serem feitas da forma mais forçada possível (“Ele é do signo de Terra e vai ser encontrado com terra nele”) para que depois vemos se tornarem realidade por conta do fato que o baralho estava amaldiçoado por uma bruxa húngara por milhares de anos. 

Avantika em cena de O Tarô da Morte. Photo by Slobodan Pikula/Slobodan Pikula – © 2024 CTMG, Inc. All Rights Reserved. **ALL IMAGES ARE PROPERTY OF SONY PICTURES ENTERTAINMENT INC. FOR PROMOTIONAL USE ONLY.

Assim, o que era para ser um terror espirituoso, e inovador, na linha Fale Comigo se torna um filme pavoroso de se assistir. O Tarô da Morte tem pouco mais de 1h30min e pareceu ser um filme de 3 horas. Todas as decisões criativas, narrativas e de desenvolvimento, seja da própria história ou de personagens, são tomadas da forma mais errônea e desinteressante possível, onde O Tarô da Morte não consegue e se aproveitar nem do material que tem, nem dos atores que entregam personagens irritantes mesmo que alguns um pouco carismáticos.

Todos são figuras unidimensionais e arquétipos de personagens que vemos a rodo em outras produções teen e de gênero. Temos o engraçadão, palhaço da turma Paxton (Batalon), a bonitona de uma etnia diferente, a latina Madeline (Humberly González), o bonitão da turma e jock Lucas (Wolfgang Novogratz), uma garota popular de uma fraternidade Elisa (Larsen Thompson), o casal em conflito formado por Grant (Adain Bradley) e Hailey (Slater).

Infelizmente ninguém está realmente bem aqui, onde todas essas figuras não tem tempo suficiente para serem apresentadas, fazerem o espectador gostar delas e ligar para vermos como elas vão se virar depois que a “previsão que recebem” começam a ganhar vida e um a um esses amigos vão morrer. Seja um que é atropelado por um trem, outro com uma escada que cai na cabeça, ou ainda outro que fica preso em um elevador no meio da noite… todas as mortes acabam por não serem inventivas pelo fato que há, sei lá 20 minutos, antes uma das personagens acabou de ter contado como eles vão bater as botas.

E se a execução dos personagens deixa a desejar, o mesmo vale para os efeitos especiais, pela forma como o filme apresenta as mortes e a forma como a demônia que assombra o tarô faz para matar esses colegas. Alguns diálogos são pavorosos, o filme varia entre se levar a sério e tirar sarro de si mesmo, algumas interações parecem que são coisas de profissionais amadores, e realmente o filme acaba por ser uma coisa das mais sem pé nem cabeça que lançaram ao navegar pela trama para mostrar quem vai ser o próximo na lista. E nem a introdução de uma personagem de uma senhora (Olwen Fouéré) que já enfrentou a mesma ameaça, e nem mesmo a história de origem da figura que está assombrando o grupo de amigos, acaba por dar uma melhorada no filme que tenta ainda abrir portas para diversos outros filmes dessa possível tentativa de franquia.

No final das contas, por conta da forma como a trama se desenvolve, a falta de termos um bom roteiro, e um elenco que entrega tenebrosas passagens, fica claro que a única carta que O Tarô Da Morte vai tirar, será de figurinha carimbada nas listas de final de ano de um dos piores filmes e olha que 2024 apenas começou.

Nota:

O Tarô da Morte está em cartaz nos cinemas nacionais.

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