Moonfall – Ameaça Lunar | Crítica: Grandiosos efeitos visuais e elenco até chegam a compensar roteiro problemático

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Apertem o cinto e se preparem para o fim do mundo que o diretor Roland Emmerich está de volta com um novo filme evento de desastre depois de Independence Day (1996), O Dia Depois de Amanhã e 2012 (2009). Aqui com Moonfall – Ameaça Lunar (Moonfall, 2021), o que temos é mais um filme do tipo com um grandioso elenco formado por nomes conhecidos em Hollywood como Patrick Wilson, Halle Berry e participação rápida de Donald Sutherland que se apoia em grandiosos efeitos visuais para contar essa história, mesmo que a grande ameaça seja o próprio roteiro Emmerich que entrega uma história confusa, cerebral demais, e que realmente demora para engrenar.

Claro, para os fãs de filmes de desastre, e quem sabe alguns teoristas da conspiração, Moonfall – Ameaça Lunar pode até agradar. Particularmente não é meu estilo de filme, mas confesso que me manteve entretido durante alguns momentos, com algumas passagens e tudo mais. Mas sinto que Moonfall – Ameaça Lunar foi num caminho oposto ao do polêmico Não Olhe Para Cima (2021) e aqui tentou aplicar uma dose de seriedade e complexidade maior do que deveria e apenas não soube trabalhar com suas sub-tramas paralelas e seus diversos outros personagens de apoio.

A máxima menos é mais poderia ser muito bem aplicada por aqui, mas estamos falando de um filme sobre o fim do mundo, onde épicas e catastróficas destruições, e a chegada iminente da Lua em rota de colisão com a Terra, parecem não combinarem com essa regra mágica. Afinal quer coisa maior e mais megalomaníaca do que a Lua se chocar com a Terra?

Halle Berry e Patrick Wilson em cena de Moonfall – Ameaça Lunar
Foto: Lionsgate/Diamond Filmes

Na trama conhecemos os astronautas Jocinda Fowl (Berry) e Brian Harper (Wilson), parceiros e melhor amigos, que estão em missão no espaço até que alguma coisa dá super errado. Segundo Harper uma força, uma matéria escura (que parece o simbionte Venom!) ataca a tripulação, mata o colega deles, e deixa Fowl inconsciente. O único que presenciou tudo? Ele mesmo. De volta para a Terra, Harper é desacreditado pelo governo, pelos colegas, pela NASA e tudo mais. O bacana, e promissor início, lá no espaço dá lugar para uma trama um pouco mais engessada (talvez por conta dos desafios de se gravar na Era da Pandemia?) onde vemos as consequências disso tudo na vida do ex-astronauta. Ele perde o emprego, a credibilidade, sua esposa o deixa e tudo mais. Já Fowl continua a subir na hierarquia da NASA. 

E assim fica claro que Moonfall – Ameaça Lunar se garante quando a ação e a destruição são o foco e o centro do filme. Nem mesmo os talentosos Berry e Wilson conseguem fugir das falas problemáticas que o roteiro impõe para eles e seus personagens quando estão em terra firme. As passagens que Berry precisa enfrentar o seu chefe (Stephen Bogaert) para tentar explicar o que acontece e por que a Lua está cada vez mais próxima são embaraçosas demais.

Em Moonfall – Ameaça Lunar o único que parece realmente confortável e bem com suas falas é John Bradley (figurinha conhecida dos fãs por sua participação em Game of Thrones) como o cientista/teorista da conspiração KC Houseman. Bradley serve como tanto o alívio cômico, como por ser os olhos do público nessa jornada, na medida que ele um cara comum (mas que invade centros de comando fantasiado como zelador para checar os dados da Lua de tempos em tempos) que se une com desacreditado Harper e tem a chance de embarcar em missão com a NASA (ou que sobrou dela depois que o caos começa) para tentar salvar o planeta.

John Bradley em cena de Moonfall – Ameaça Lunar
Foto: Lionsgate/Diamond Filmes

As melhores falas estão com ele, sem dúvidas, mas ele é um dos três protagonistas e realmente o tempo de tela entre eles é bem dividido e principalmente focado no drama familiar dos filhos e ex-parceiros de Fowl e Harper. Ao colocar a família dos dois na trama e introduzir mais personagens para a história (com os focos em Charlie Plummer e Zayn Maloney)  realmente faz com que o longa fique mais inflado do que deveria e a história já cansativa fique ainda mais. E realmente irritante pois o roteiro de Emmerich ao lado de Harald Kloser e Spenser Cohen fica em um grande zig-zag para mostrar os eventos na Terra já destruída com a mudança das marés, e com os pedaços de Lua que começam a entrar na nossa atmosfera e causar os maiores estragos e com a missão dos protagonistas.

O plano? Embarcar em uma nova missão e descobrir a causa disso tudo no lado escuro da Lua que parece ser a chave para isso tudo. O plano da NASA e do governo americano? Tacar ogivas nucleares na Lua. Nada legal e que faz o trio principal embarcar numa corrida (espacial) ainda mais importante para o futuro da Terra.

Assim, embalados pela teoria de Houseman que a Lua é oca e uma “megaestrutura”, ou seja, não é um planeta real e sim uma grande construção (!! sim!) , esses astronautas partem em missão para o espaço. Claro, antes disso temos uns bons 20 minutos onde tudo parece dar errado, e os três levam um tempo para confiar novamente uns aos outros, mas quem tá contando tempo num filme de 2h15, não é mesmo?

Os momentos finais que são puro suco de efeitos especiais, jogam o espectador na maior loucura para justificar e amarrar todas as pontas soltas e que deve fazer a alegria dos que gostam de reviravoltas sem pé nem cabeça. As cenas dos personagens dentro da Lua são ao mesmo tempo impressionantes pela audácia envolvida na condução da trama até mesmo pelo uso de computação gráfica que é onde parece que foi todo o orçamento do filme.

Com Moonfall – Ameaça Lunar realmente o fim do mundo parece mais ameaçador do que os outros filmes, não pelo fato de estarmos lidando mais uma vez com a possível destruição da Terra, mas sim aqui, pela forma como o mundo foi planejado para acabar pelos olhos de Emmerich. 

Avaliação: 2.5 de 5.

Moonfall – Ameaça Lunar chega nos cinemas nacionais em 3 de fevereiro.

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