Ingresso Para O Paraíso | Crítica: Julia Roberts e George Clooney numa divertida comédia romântica

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Primeiramente parabéns para quem teve a excelente ideia em trazer de volta Julia Roberts para as comédias românticas em Ingresso Para o Paraíso (Ticket To Paradise, 2022). Claro fazia quase mais de década que a atriz veterana em Hollywood não atuava em um filme do gênero e aqui parece que foi mesmo como voltar para casa, e revisitar um velho amigo que você não via há muito tempo, mas que nada mudou mesmo depois de tanto tempo afastado sabe?

E colocar Roberts ao lado de George Clooney talvez seja uma das ideias mais ousadas que possa ter rolado no campo dos filmes do gênero. Não que Clooney tenha uma trajetória igual da colega, mas é aquela coisa: “Hum, uma comédia romântica com o ator e a atriz, interessante”. 

Afinal, os dois são amigos pessoais na vida real, já fizeram mais de 5 filmes juntos ( o último foi Jogo do Dinheiro lá em 2016), tem prêmios e são um dos últimos grandes nomes de Hollywood, isso chama a atenção. Claramente. E depois de navegarem por projetos mais ousados, ela na TV, ele na direção, a dupla vem Ingresso Para O Paraíso, um filme feito como um luva para as habilidades que eles possuem e que abusam, principalmente do timing cômico e da intimidade ao longo dos anos.

Kaitlyn Dever, Maxime Bouttier, Julia Roberts e George Clooney em cena de Ingresso Para O Paraíso.
Foto: © Universal Studios/All Rights Reserved.

E George Clooney e Julia Roberts estão tão bons em Ingresso Para O Paraíso. A dupla está confortável, descompromissada, e realmente parecem que passaram bons momentos juntos durante as gravações. As interações soam naturais, espontâneas e a dupla de atores entregam suas passagens de uma forma tão gostosa de se assistir. Eu passaria horas vendo os dois trocarem insultos e farpas durante o voo dos EUA para Bali que o filme apresenta logo no seu começo. É para poucos ter essa química atualmente.

Como um casal de ex-casados, Clooney e Roberts,  entregam uma das melhores relações entre personagens do ano, e claro por todos os motivos errados. David (Clooney) e Georgia (Roberts) implicam com todas as coisas, com o que um e outro falam, e realmente vivem por atazanar a vida um do outro em todas as ocasiões que podem. A única constante positiva em suas vidas é a filha Lily (Kaitlyn Dever, também muito bem aqui e num ótimo ano) que eles tiveram juntos. Separados há anos, a dupla só se encontra em breves momentos, e claro, é receita para comentários ácidos, piadas e provocações, coisa que Lily já parece saber como lidar.

Até que Lily se forma na faculdade, e os dois acham que as obrigações como pais terminou ali e nunca mais vão precisar ser obrigados a se verem em eventos como formaturas e sentarem por alguns minutos um do lado do outro. Rumo à Bali com sua melhor amiga Wren (Billie Lourd, sempre ligada nos 220v), Lily está pronta para começar a vida adulta e ser a advogada de sucesso que ela sempre planejou. Só que ela conhece o morador local Gede (o ator francês Maxime Bouttier) e resolve se casar e viver na ilha. Para o desespero de David (Sr. Cotton para você se for casar com a filha dele) e Georgia, que claro, pulam em um avião com a missão de fazer a filha mudar de ideia e não repetir os erros que eles dois fizeram há tantos anos. 

E é basicamente assim que Ingresso Para o Paraíso desenvolve sua história. Por mais simples e “batido” que possa ser. Mas não se engane, o filme é um ingresso super válido para o paraíso das comédias românticas. O roteiro do novato Daniel Pipski é super afiado, e sabe muito bem ser aproveitado pelos dois atores veteranos de Hollywood. Talvez se fosse com qualquer outro tipo de atores, Ingresso Para O Paraíso não teria o mesmo tipo de frescor e espontaneidade que se apresenta.

Ingresso Para o Paraíso funciona, e diverte, por conta de Clooney e Roberts. Tudo se ajeita em tela por conta, e ao redor da dupla, que dá para o restante do elenco, também muito bem diga-se de passagem, a chance de trabalhar com o conceito de uma típica rom-com dos anos 90 e 2000 que o longa apresenta e desenvolve ao longo da história. 

Julia Roberts e Kaitlyn Dever em cena de Ingresso Para O Paraíso
Foto: © Universal Studios/All Rights Reserved.

Ao colocar David e Georgia em diversas situações para tentar sabotar os eventos que antecedem o casamento de Lily e Gede, Ingresso Para o Paraíso coloca esse grupo de atores em momentos super divertidos que nos fazem estar ali com eles, naquela cultura de Bali, nos costumes locais, e claro no meio do cenário paradisíaco da ilha que boa parte da trama se passa. 

Por mais irritantes e cabeça duras que os protagonistas são, Clooney e Roberts conseguem dar uma humanizada nesses dois, sem deixar de entregar momentos dos mais galhofas, seja quando o personagem de Clooney, em uma viagem de barco, acaba por ser atacado por um golfinho ou a personagem de Roberts precisa sugar um veneno de cobra da perna do seu casinho, um piloto abobalhado interpretado pelo ator sensação da Netflix, Lucas Bravo, que chega para fazer uma surpresa para Georgia (que odeia surpresas).

O que temos aqui são pequenas peripécias que David e Georgia desenvolvem e bolam e que são mascarados por momentos genuínos sobre relacionamentos entre pais e filhos, e ex-maridos e mulheres. E claro, sobre segundas chances na vida. No final, fica claro que Ingresso Para O Paraíso não redefine o gênero no qual pertence cinematograficamente falando, mas tem como missão garantir que naquelas poucas horas, você terá a companhia de dois grandes astros de Hollywood, num cenário que o diretor Ol Parker sabe aproveitar muito bem no filme, numa história super cativante com a certeza de que vamos passar bons, e divertidos, momentos com esses personagens.

Avaliação: 3.5 de 5.

Ingresso Para O Paraíso chega em 7 de setembro nos cinemas nacionais.

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