domingo, 06 julho, 2025

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Coração de Ferro | Primeiras impressões: É feitiçaria ou tecnologia?

Sim, dá para dizer logo de cara que sim, Coração de Ferro até entrega uma história bacana, mas ainda é um resquício do que a Marvel Studios tentou fazer quando apostou em fazer também conteúdo para a plataforma de streaming da Disney e migrar certas narrativas para serem contadas no Disney+. E ir para o streaming, dentro desse cenário, era a aposta natural para Riri Williams da atriz Dominique Thorne.

Riri Williams (Dominique Thorne) em cena de Coração de Ferro. Photo courtesy of Marvel. © 2025 MARVEL. All Rights Reserved.

Afinal, a Marvel começou a tirar novos personagens do fundo do cofre dos gibis e introduzir para o público a rodo. Depois de conhecermos a gênia, estudante, mega inteligente, intercambista em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, lá em 2022, só agora, 3 anos depois, vemos como continua a aventura da personagem. Nesse meio tempo, a divisão da Marvel Studios para produções para TV virou Marvel Television; não sabemos como será o futuro do lado da Marvel focado no Pantera Negra; Hércules, o Cavaleiro da Lua, a Mulher-Hulk e Clea, foram introduzidos no MCU e até agora nada deles voltarem; Nem a popular com os fãs Wanda ainda não retornou depois dos eventos de Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura, e até mesmo o tão comentado nas redes demônio Mephisto não deu as caras no MCU mesmo sendo citado aqui e ali em outras produções ao longo dos anos.

A introdução de Riri Williams nos cinemas difere da introdução de outros personagens que podemos chamar de Jovens Vingadores no MCU. Juntamente com Kathryn Newton, que estreou no terceiro longa do Homem-Formiga, como Cassie Lang as duas foram apresentadas nos cinemas, mas é Williams que tem uma série para ser chamada de sua. 

Afinal, Kamala Khan foi apresentada em uma série para o Disney+ e só depois foi para os cinemas em As Marvels e o jovem Wicano foi introduzido em Agatha Desde Sempre e ainda não sabemos quando ele volta. Assim, a série Coração de Ferro é mais um projeto que introduz uma série de novos personagens, aqui no caso de Williams reintroduz, e que não sabemos ao certo quando veremos de novo. Outra questão, mesmo com 6 episódios, Coração de Ferro foi meio que feito no pique de Falcão e Soldado Invernal: parece um grande filme que foi cortado e transformado em série. 

Lançado em blocos de 3 episódios de uma vez, Coração de Ferro por mais que tenha uma boa história parece um grande remendo de narrativas, tramas e personagens ao vermos Riri Williams voltar do tempo que passou em Wakanda para casa e para a faculdade que ela cursa no prestigiado MIT (Massachusetts Institute of Technology).

Só que o começo de Coração de Ferro passa numa velocidade tão grande, que logo de cara, já vemos a personagem de volta para Chicago, onde precisa lidar com a morte sua melhor amiga, e o fato que ela não pôde ter feito nada quando Natalie (Lyric Ross) e Xavier (Matthew Elam) morreram em um conflito armado na oficina que eles trabalhavam e Riri foi a única que tenha sobrevivido e ficado com uma culpa horrível. 

Junto com a mãe, Ronnie (Anji White), Riri não tem processado bem o luto, e o impacto que esse evento traumático teve na vida delas, e isso nos leva para esse novo capítulo de aventura para a personagem quando ela volta para sua cidade natal com a armadura de ferro que ela desenvolvia na faculdade e que ela passou a mão depois que foi explusa. 

Um dos fatores curiosos de Coração de Ferro é que o ator Jim Rash retorna para interpretar o reitor da universidade depois de ter aparecido em Capitão América: Guerra Civil. Mas voltando para Riri Williams, as coisas não poderiam ficar mais interessantes para a personagem quando ela consegue transformar a inteligência artificial da armadura na sua amiga falecida e que agora se materializou através da tecnologia fala e age igual a verdadeira Nathalie.

Enquanto precisa superar esse retorno, mesmo que artificial, Riri Williams cruza caminho com a figura de Parker Robbins (Anthony Ramos) , também conhecido como O Capuz. Assim, o bloco inicial de Coração de Ferro é sobre vermos Riri se juntar com a gangue do personagem Ramos (que está muito bem e um corpo cheio de tatuagens que depois descobrimos não ser tatuagens, e sim uma manifestação do que acontece com o personagem) e todos eles vivem de aplicar golpes em busca de faturar um e fazer muito dinheiro. 

Parker Robbins/O Capuz (Anthony Ramos) em cena de Coração de Ferro. Photo courtesy of Marvel. © 2025 MARVEL. All Rights Reserved.

Afinal, remendar e atualizar uma armadura toda tecnológica não sai barato, não é mesmo? Entre planos e assaltos com o time do Capuz, Coração de Ferro apresenta mais dessa gangue, seus membros e ainda trabalha no mistério de o que é o Capuz vermelho de Parker, como funciona seus poderes, e a forma como parece que o objeto controla o rapaz. 

Coração de Ferro gasta sua leva inicial para introduzir esses novos personagens na medida que Riri começar a trabalhar com muitos personagens que aparecerem nos quadrinhos da Marvel como John (Manny Montana vindo da série Good Girls), uma especialista de fogos com o codinome de Palhaça, os gêmeos Blood (Zoe Terakes e Shakira Barrera) e ainda o especialista em hardware Stuart Clarke / Rampage (interpretado pelo comediante Eric André) e também a hacker Slug interpretada pela drag queen Shea Couleé.

São muitos nomes, mas o grupo ajuda fazer esse bloco inicial passar sem muito conflito. É um bom arco, mas também não é nada espetacular ou que faça a série se destacar no meio das outras produções do MCU. Mas novamente, o textbook usado em outras produções é utilizado e Coração de Ferro brinca com alguns questionamentos que devem sustentar a atenção do público nas duas semanas que a série estará em cartaz. Vai funcionar? Talvez, pelo menos funcionou comigo. 

Narrativamente falando Coração de Ferro nos deixa com o sentimento inquietante, de curiosidade, e de indagação de por que estamos vendo essa história ser contada? E por que estamos nos aprofundando nesses debates sobre tecnologia, personagens super inteligentes, e o que faz um herói ser um herói, e depois no final sobre o uso da magia e suas consequências (que foi bem debatido na época de Agatha Desde Sempre). 

Mas ao mesmo tempo sinto que por conta do carisma de Thorne e por querer saber sobre quem/o que é está envolvido com o Capuz é que é o guia motor para seguir com os episódios 1,2 e 3 dessa primeira leva. O time de roteiristas formado por Chinaka Hodge, a atração consegue também mesclar esse história de amadurecimento, com uma de origem, sem deixar o gostinho de ser uma produção feita para homenagear a cidade de Chicago, seus moradores e a comunidade preta presente da cidade. Enquanto o texto, e a atuação de Throne, criam essa história sobre essa jovem que quer construir alguma coisa icônica, a direção de episódios dirigidos pela dupla Sam Bailey e Angela Barnes tem um aspecto um pouco mais cinematográfico, e que como falamos, nos dá a sensação de estarmos vendo um grande filme picotado em partes.

Afinal, quando Riri Williams encontra no esquisitão e suspeito Joe (não é o verdadeiro nome dele) interpretado pelo ator Alden Ehrenreich (que está muito bem aqui), Coração de Ferro não só se aproxima do universo do MCU que já foi apresentado, como também situa onde a atração está na linha do tempo, e onde quer que os espectadores foquem suas atenções. No meio de questionamentos, um debate interessante entre a racionalidade da tecnologia e a crença de ser acreditar em magia e tudo mais, Coração de Ferro mostra para Riri que existe um mundo dentro do MCU muito maior que ela, e nós, conhecemos. 

Enquanto o bloco inicial termina com um mais um questionamento envolvendo as criaturas mágicas, objetos mágicos, sobrenatural e lado mais oculto que já passaram pelo MCU, o bloco final demora para engrenar, mas ganha novidades pra lá de interessantes para o futuro da personagem e para onde Riri Williams deve ir depois. Talvez, Coração de Ferro até faça um burburinho por conta do que é apresentado no final, mas é aquilo, quando vamos ver esses personagens de novo? No final das contas, de forma fria e analítica como Riri Williams faria, eu sinto que a série toda da Coração de Ferro é um grande meme do Leonardo DiCaprio sentado no sofá apontando para tela e gritando alguma coisa sabe? Não é feitiçaria, é tecnologia!

Coração de Ferro chega com 3 episódios iniciais no Disney+ em 24 de junho e depois no dia 1º de julho com os 3 restantes.

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Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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