Clonaram Tyrone! | Crítica: Um filme estranho e não de uma forma positiva

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Primeiramente vou dizer que eu amo filmes estranhos, fora da curva e que realmente saem um pouco da caixa hollywoodiana. Mas com Clonaram Tyrone! (They Cloned Tyrone, 2023) ficou um pouco puxado de embarcar nessa história.

O motivo que me fez dar play? O elenco. Eu não sabia de nada do filme, não tinha visto o trailer, e só tinha lido a breve sinopse que a Netflix soltou no começo ano. Mas fui de braços abertos para o longa, afinal são os nomes aqui envolvidos que é o que realmente chama a atenção: John Boyega conhecido por participar da nova trilogia de Star Wars, o veterano Jamie Foxx e Teyonah Parris (que estará no inédito As Marvels de volta como Monica Rambeau).

clonaram tyrone!
Teyonah Parris, Jamie Foxx e John Boyega em ena de Clonaram Tyrone!
Foto: Cr. Parrish Lewis/Netflix © 2023.

Mesmo com diferentes personalidades e que entregam atuações diferentes, o trio realmente está muito bem, e são o que definitivamente movem Clonaram Tyrone!. Ao assistir o filme, realmente fica claro que os três atores realmente dão o gás para o projeto que me fez continuar com o filme, porque se depender das escolhas de Juel Taylor (em seu primeiro longa como diretor), Clonaram Tyrone! poderia ser pior. 

E acho que isso tem haver com a estranheza que Taylor quis imprimir com o longa. Não só com a estética visual, com as escolhas e decisões de câmera, mas também na forma com a história contada aqui, onde o diretor ficou responsável pelo roteiro ao lado de Tony Rettenmaier. 

Se era para transmitir um ar que alguma coisa estava errada com esses personagens, bem Taylor conseguiu. Pena que não da forma como imaginava. Eu ficava me perguntando: Para que esse filtro estranho, escuro e cansativo de se assistir? Afinal, fica claro que é somente uma decisão estética, porque não define quando, em qual momento no época, o longa se passa. Não serve para distinguir se o que vemos é uma memória ou não, e só serve para nos fazer apertar os olhos para tentar enxergar alguma coisa.

Afinal, em Clonaram Tyrone! o que temos é um cafetão pilhado (Foxx), uma prostituta que banca a detetive (Parris), e um traficante em luto pela morte do irmão (Boyega) entram num bar… não, que em uma em noite, depois que Fontaine (Boyega) morre em um tiroteio e volta como se nada tivesse acontecido, cruzam com uma possível conspiração no meio de elevadores para laboratórios, substância ilícitas, roupas de contaminação, e cartões de acesso que abrem portas dentro de igrejas.

E era isso é só a primeira parte do longa, mesmo o texto não faz questão em nos levar para os mistérios que envolvem Clonaram Tyrone! de uma forma que empolgue ou que se destaque de outras produções do gênero.

Não quer dizer que não passei 2 horas do longa em boa companhia de Boyega, Foxx e Parris, principalmente Parris que é a melhor coisa do longa disparado, mas é tudo por conta desses atores que estão ali dando seus melhores nesse projeto mais indie, e artístico, depois de participarem de mega filmes e blockbusters nos últimos tempos. 

No meio desse mistério todo que o texto de Clonaram Tyrone! faz para apresentar a história e fazer a trama chegar em algum lugar, o longa até tem alguns comentários sociais super interessantes mas que pouco são desenvolvidos, afinal, a forma como tudo é trabalhado me soou apressado e não tão bem apresentado.

E o filme demora para chegar em algum lugar, e quando chega, descobrimos que uma organização secreta tem clonado pessoas em um bairro carente dos EUA.

Clonaram Tyrone!
Teyonah Parris, Jamie Foxx e John Boyega em ena de Clonaram Tyrone!
Foto: Cr. Parrish Lewis/Netflix © 2023.

O filme engrena nos momentos finais quando deixa o lado mais dramático, depois de passar pelo lado sci fi, para se tornar um filme de assalto, onde os personagens precisam invadir o lugar para tentar salvar a cidade do controle da corporação.

Não tem a mesma sutileza e profundidade que Infiltrado na Klan (2018) por exemplo, e nem tem o tempo para desenvolver esses personagens, que talvez teria se fosse uma série no estilo Stranger Things.

O que é uma pena, afinal, pensando em Clonaram Tyrone! depois que o filme terminou, com todas as peças reunidas, e tudo mais, dá para ver que o projeto tinha um potencial gigante e que é apenas desperdiçado. Seja pelos foreshadowing que são colocados de qualquer forma no começo do filme (os produtos de cabelos, o frango frito e tudo mais, vocês vão saber quando assistir), até mesmo pelas revelações que temos ao longo do filme.

Sinto que faltou alguma coisa mais robusta em termos de narrativa para o filme rodar certinho, porque lá na marca dos 30 minutos eu já fiquei: nossa, falta quanto tempo para acabar? Como falamos os atores estão bem, Foxx e Paris tem uma dinâmica bastante interessante, e Boyega se garante nas questões mais filosóficas quando cruza com seus clones por aí. E no final, esse grupo de atores entrega um bom trabalho mesmo com os altos e baixos do longa.

E mesmo que o trio consiga entregar alguma coisa fora do que como estamos acostumados em os ver em outros projetos, senti que faltou mais do longa em juntar esses bons atores com essa história que até deve soar boa no papel, mas que na execução deixou a desejar.

E até mesmo depois que o longa acaba e vemos que a história tem a possibilidade de continuar de outra forma, tudo me soou muito engessado e sem muita empolgação para o tipo de história que é contada aqui e a forma como é contada. Uma pena, Clonaram Tyrone! tinha um potencial. Talvez se clonarem o pouco que deu certo num outro projeto….

Avaliação: 2 de 5.

Onde assistir Clonaram Tyrone!?

Clonaram Tyrone! está disponível na Netflix.

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