A Mulher Rei | Crítica: Espectáculo épico de guerra liderado pela sempre fenomenal Viola Davis

A vencedora do Oscar se encaminha para mais uma indicação na premiação.

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Num primeiro momento, a primeira comparação que surge sobre como podemos descrever A Mulher Rei (The Woman King, 2022) é que o longa é uma mistura do longa de herói Pantera Negra (2018) com o filme das Amazonas de Mulher-Maravilha prometido por Patty Jenkins na DC. Mas se pararmos para ver e analisar, A Mulher Rei é muito mais do que isso, é uma celebração de força, de cultura e identidade muito poderosa e emocionante de se assistir. 

E nada de super-heróis ficcionais, A Mulher Rei é baseado nas figuras reais que existiram na África no final do século 19 e o que temos com o longa da diretora Gina Prince-Bythewood é um espetáculo épico de guerra liderado pela sempre fenomenal Viola Davis.

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Viola Davis em cena em cena de A Mulher Rei
Foto por Ilze Kitshoff/Ilze Kitshoff – © 2021 CTMG, Inc. All Rights Reserved.

A vencedora do Oscar se encaminha para mais uma indicação pelo longa, sem dúvidas, afinal sua General Nanisca entra para o rol de personagens complexas e multifacetadas que Davis tem apresentado nos últimos anos. E como produtora do filme, a atriz americana sabe da importância desse tipo de personagem para se contar uma boa história, e essa história em particular onde o elenco principal todo é formado por pessoas negras.

E em A Mulher Rei as figuras chaves do Reino do Daomé, ajudam o filme, além de entregar uma narrativa interessante de se acompanhar, a nos fazer se sentir dentro da trama, afinal, dos figurinos, dos dialetos usados, e da própria ambientação de época, seja nos muros do palácio do Rei Ghezo (John Boyega) até a vila a beira mar onde existe o comércio de escravos, tudo é feito com um cuidado gigante da produção.

E isso só beneficia o longa. A Mulher Rei nos entrega um triunfo narrativo e visual de se acompanhar com personagens interessantes e super cativantes.

Rolaram muitas comparações on-line entre A Mulher Rei e Gladiador na época que o longa estreou no Festival de Toronto, e realmente é um caminho a ser seguido. Mas ao mesmo tempo, acho que no final o longa acaba por ser sua coisa própria e única de se assistir.

Na medida que a rebelde jovem Nawi (Thuso Mbedu) é entregue para o Rei por conta do seu temperamento explosivo, somos convidados a entrar nessa tribo de guerreiras de elite da Guarda Real, chamadas de Agojie, e lideradas pela implacável General Nanisca. 

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Thuso Mbedu, Lashana Lynch e Sheila Atim em cena de A Mulher Rei
Foto por Ilze Kitshoff/Ilze Kitshoff – © 2021 CTMG, Inc. All Rights Reserved.

O roteiro de Dana Stevens consegue bem ambientar o espectador na trama, nos costumes locais de época, e claro na relação de superioridade que o exército das Agoije tem em relação ao outro exército do Rei, e dos exércitos rivais, principalmente do Reino de Oyo, na qual temos o princípio de uma guerra declarada.

A questão da soberania da nação Daomé é um dos grandes arcos do filme, na medida que o Rei precisa decidir o tipo de nação que ele quer comandar. Na parte histórica, A Mulher Rei passa por todos os lados, os bons e ruins, dessas guerreiras e dessa nação, seja pelo fato que eles tem um exército formado apenas por mulheres e também pelo fato que eles mesmos negociam seus próprios conterrâneos para serem vendidos como escravos para os homens da Inglaterra, Portugal e Brasil.

A narrativa não foge dessas questões espinhosas e realmente cria-se uma trama maior para o longa que se completa com as outras sub-tramas mais específicas, e por um lado mais novelescas, que A Mulher Rei entrega.

O longa desenvolve essas histórias paralelamente com o fato que a ameaça do reino Oyo e seus generais tem sobre o Reino de Daomé, com também a história dessas guerreiras, seja a novata Nawi (Mbedu, ótima), da guerreira, a segunda em comando, Izogie (Lashana Lynch, incrivelmente talentosa aqui), e da confidente da general e conselheira Amenza (Sheila Atim).

Seja os relacionamentos amorosos que elas desenvolvem, questões complicadas de seus passados, a jornada de Nawi para entrar na Agojie, e as grandes, violentas, e em boa parte sanguinárias, cenas de combate que o longa apresenta apenas vão por encher a trama e dar liga para essas diversas sub-tramas que deixam o longa ter suas mais de 2 horas de duração. 

A Mulher Rei compensa algumas passagens mais melodramáticas com incríveis e gigantes cenas de ação e combate. E na medida que o Reino de Daomé está completamente ameaçado, seja pelas forças dos generais do reino vizinho, ou pelas navegações de conquistadores brancos que chegam pela costa africana, esse grupo se une em suas tradições, em seus rituais para mostrar a força desse grupo para defender não só a si mesmas dessas ameaças, mas também todo o reino. No final, o posto da Mulher Rei, que governará ao lado do Rei, finalmente será ocupado, depois de muitos anos no Reino de Daomé.

Avaliação: 3.5 de 5.

A Mulher Rei chega nos cinemas nacionais em 22 de setembro.

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