Xógum: A Gloriosa Saga do Japão | Crítica: Game Of Thrones no Japão

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Uma das cenas mais curiosas, e que está logo nos primeiros minutos do episódio inicial de Xógum: A Gloriosa Saga do Japão, é quando vemos um marinheiro inglês e um guerreiro japonês trocando insultos, cada um em sua língua, sobre quem é o verdadeiro selvagem: o marinheiro preso depois de chegar na costa da cidade, ou o guerreiro, que manda matar os colegas do forasteiro com toques de crueldade.

Esse choque de cultura, onde para um algumas coisas soam diferentes, e para outros também, numa época, onde boa parte do mundo era de mares desconhecidos, é o que dá o tempero ideal para Xógum: A Gloriosa Saga do Japão contar essa história cheia de intrigas palacianas, guerras, e uma pitada de romance.

Hiroyuki Sanada em cena de Xógum: A Gloriosa Saga do Japão. Foto: Courtesy of FX Networks. Imagens cedidas pela FX Networks.

Disponível tanto no Star+ quanto no Disney+, a atração estreia com pompa e glória para contar essas politicagens no meio do Japão Feudal nos anos de 1600 (conhecido como a Era Edo) e as disputas pelo poder não só desses conjuntos de feudos, mas também pela missão de evangelização da Igreja, junto com Portugal, a potência da época. 

E depois que todos os principais serviços de streaming apostaram em série épicas, a Amazon com Senhor dos Anéis, a HBO Max com o primeiro spin-off de Game Of Thrones, a Apple com Silo e Fundação, chega o canal FX, pega uma história, e personagens, que existiram de verdade e foram adaptados para a TV baseados no livro de mesmo nome do autor James Clavell que foi lançado nos anos 70, para entregar alguma coisa só não diferente do habitual, mas realmente super interessante de se assistir. Se vai cair no gosto popular, aí é outra história. 

Mas Xógum: A Gloriosa Saga do Japão mal começa e já nos faz acreditar que teremos uma das grandes atrações de 2024, sim. O seriado não perde tempo em nos apresentar, no seu começo, para todos os personagens principais dessa dança das cadeiras japonesas. Na medida que somos apresentados para o contexto histórico que esses personagens vivem, vemos também a situação política e social que a região vive e está bastante frágil depois da morte do líder do exército imperial.


Descobrimos então que o herdeiro para a posição, o jovem Nakamura (Sen Mars) está inapto a governar, e então as províncias são governadas por 5 senhores feudais, o Conselho de Regentes. Um deles, o daimyo (líder feudal), e que faz parte do Conselho, Lord Toranaga (Hiroyuki Sanada) é chamado para uma reunião e prevê que seus colegas vão o trair e então começa a arquitetar seu plano para tentar sair por cima, e com a cabeça em cima do seu corpo.

O tom político, meio paranoico, que a série apresenta é fundamental para nos fazermos cair de cabeça nessa história e atração realmente é uma que acerta em nos envolver com essa história, com esses personagens e os choques de culturas quando o tal marinheiro, o inglês John Blackthorne (Cosmo Jarvis) vê seu navio parar na costa japonesa, onde ele e sua equipe são sequestrados. 

O Anjin, o piloto, que é o nome que Blackthorne recebe dos locais, se vê jogado nessa toca dos leões onde todo mundo parece ter segundas e terceiras intenções a todo momento. E na medida que o roteiro vai por amarrar as pontas e conectar esses personagens somos introduzidos para outras figuras importantes para o desenvolver da trama.

É o caso de Lady Mariko (Anna Sawai vista em Monarch: Legado de Monstros), uma jovem convertida para o catolicismo e que ajuda Blackthorne nas primeiras traduções quando um dos membros do Conselho de Regentes, o implacável Kashigi Yabushige (Tadanobu Asano) e o principal rival de Toranaga, manda o prender.

Outra figura importante para o desenrolar da trama fica com o Padre Martin (Tommy Bastow) que faz a ponte entre os principais governantes feudais e a Igreja que também parece querer se unir com alguns outros membros do Conselho e garantir sua presença na ilha. 

Anna Sawai em cena de Xógum: A Gloriosa Saga do Japão. Foto: Courtesy of FX Networks. Imagens cedidas pela FX Networks.

Envolvente e extremamente bem feita, Xógum: A Gloriosa Saga do Japão entrega uma acerto fenomenal de produção, seja nas maquiagens, nos figurinos, as locações e principalmente na estética visual. É grandiosa, mesmo que se passe em pequenos cômodos. Consegue transmitir também um sentimento de escala enorme, mesmo que, ao mesmo tempo, foca em situações e cenas que necessitam apenas do poder do olhar. Das cenas de ações, das passagens de batalha, para os momentos mais intimistas, a atração capricha em tudo para entregar esse sentimento de que você por assistir alguma coisa bem feita.

E se, tecnicamente,  tudo é muito bem feito e isso reflete nas atuações do elenco majoritariamente japonês. E por falar em japonês, boa parte da atração é falada em japonês, com legendas, e o restante é falado em inglês (mesmo que eles se comunicassem na região na época em Português de Portugal). 

Talvez o nome mais conhecido do elenco, Sanada está ótimo no papel, assim como, Jarvis e Sawai, onde você vê engenhocas por trás dos olhos dos personagens para tentarem sair das situações que os rivais desses personagens bolam para eles na medida que a disputa pelo Xogunato (um líder que comanda tudo e principalmente o exército) é o prêmio máximo que todo mundo está de olho. 

Na medida que os três personagens principais precisam conquistar a confiança um dos outros, Xógum: A Gloriosa Saga do Japão, nos entrega uma tapeçaria belíssima de se assistir e que empolga ao contar essa história vinda do Oriente. 

Xógum: A Gloriosa Saga do Japão chega em 27 de fevereiro no Disney+ e Star+ com 2 episódios iniciais e depois um novo episódio toda quarta-feira.

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