Willow | Crítica: Um retorno quase mágico para a Terra da Magia

Willow é a sequência do longa de fantasia dos anos 80 e primeiros episódios da série do Disney+ fazem um retorno quase mágico para a Terra da Magia.

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Os anos 80 foram marcados no cinema por diversos filmes que entraram no imaginário popular por conta da criação de novos mundos, de histórias e personagens cativantes, e ainda a tecnologia de Hollywood que estava em plena fase de inovação. Foi assim com Indiana Jones lá em 1981, Star Wars que concluiu a trilogia original na época, ET – O Extraterrestre, e claro Willow: Na Terra da Magia lá no final da década e que era figurinha carimbada na programação da Sessão da Tarde da Globo nos anos 90.

Esses são alguns exemplos do que os anos 80 entregaram de produções, mas particularmente Willow: Na Terra da Magia se destacou por ter uma história divertida, mesmo que para crianças um pouco sombria, cheia de passagens interessantes, e claro personagens carismáticos para contar essa história de um anão chamado Willow (Warwick Davis, num dos papéis mais marcantes de sua carreira) que se alia com um cavaleiro desbocado chamado Madmartigan (Val Kilmer em alta depois de Top Gun com Tom Cruise) para proteger a bebê Elora das forças do mal e da Rainha Feiticeira Bavmorda (Jean Marsh).

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Warwick Davis em cena de Willow do Disney+.
Foto: ©2022 Lucasfilm Ltd. & TM. All Rights Reserved.”

Se lançado agora, Willow: Na Terra da Magia teria de tudo para ser hoje em dia, um dessas épicas franquias, e fica claro que já naquela época, o longa definitivamente plantou as sementes para as megas produções que inundaram a TV, e depois o streaming, anos depois. E agora, quase 30 anos depois, a LucasFilm (a produtora de George Lucas que escreveu o roteiro do filme original e que agora faz parte do Grupo Disney), encontrou Willow dentro do seu catálogo de propriedades intelectuais e resolveu aproveitar o pós-hype Game Of Thrones, o lançamento de Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder no Prime Video, para apostar em uma série épica para o Disney+ chamar de sua nesse cenário ultra competitivo que o mercado de entretenimento vive. 

E curiosamente Willow consegue nos seus primeiros episódios resgatar esse sentimento que o longa tinha, e faz um retorno quase mágico para a Terra da Magia. E para isso funcionar, a atração precisava ao máximo se conectar com o longa original, e é o que Willow faz, expande esse universo para nos dar mais uma aventura para o fazendeiro transformado em feiticeiro Willow anos depois que ele deixou a jovem Elora nas mãos da guerreira Sorsha (Joanne Whalley), e filha da Rainha malvada Bavmorda, e do seu companheiro de aventuras Madmartigan nos momentos finais do longa dos anos 80.

E Willow começa, anos depois, com Sorsha (Joanne Whalley está de volta e reprisa seu papel do longa) agora Rainha e à frente da liderança do reino com dois filhos, a Princesa Kit (Ruby Cruz, a melhor coisa da atração) e o Príncipe Arik (Dempsey Bryk), onde eles vivem no Reino de Tir Alsleen protegidos das forças exteriores com a ajuda de uma proteção mágica.

O começo de Willow é bem introdutório, sem dúvidas, e faz quase um quem é quem, desses novos personagens, antes de efetivamente nos fazer cair de cabeça na mitologia apresentada em Willow: Na Terra da Magia. As dinâmicas entre Sorscha e os filhos são um dos pontos centrais na medida que o reino se reúne para o noivado arranjado de Kit com o Príncipe de outro reino, o jovem Graydon (Tony Revolori), mesmo que ela queira ser uma cavaleira do exército real. Já mulherengo Príncipe Arik, nunca parece que vai assumir responsabilidades, e vive de casinho com a jovem Dove (Ellie Bamber), uma moça que trabalha na cozinha do palácio e que eles trocaram juras de amor.

Mas claro que temos que colocar esses personagens em algum tipo de ação e é isso que o começo de Willow faz. Temos a invasão de Tir Alsleen e o sequestro de um dos filhos da Rainha que claro busca a ajuda de Willow para tentarem impedir as forças do mal de retornarem. E assim, Willow e um grupo montado da forma mais inesperada vão partir para encarar as ameaças que os aguardam para tentarem salvar a Terra da Magia, mais uma vez.

Acho que os primeiros episódios servem para construir o relacionamento desses personagens e como eles vão se conhecendo, e como nós espectadores também vamos os conhecer,  ao mesmo tempo que eles precisam se unir para enfrentar o que vem pela frente.

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Tony Revolori, Amar Chadha-Patel, Ellie Bamber, Ruby Cruz, Warwick Davis e Erin Kellyman em cena de Willow do Disney+.
Foto: ©2022 Lucasfilm Ltd. & TM. All Rights Reserved.

Assim, o longa desenvolve a mitologia do longa, com feiticeiros, forças do mal, e tudo mais, com as relações entre esses persongens, desde do relacionamento da Princesa Kit com a escudeira Jade (Erin Kellyman, ótima também) que também sonha em se tornar uma cavaleira, com o pretendente em potencial Graydon (Revolori está hilário, mesmo que apareça pouco), até mesmo com a cozinheira Dove que mostra uma aliada interessante ao se infiltrar na missão e o guerreiro Boorman (Amar Chadha-Patel) que faz as funções de um personagem no estilo Madmartigan que está na série em espírito e sempre é citado, mas não aparece por enquanto (talvez pelo fato do ator Val Kilmer estar fora dos holofotes com uma grave doença).

As dinâmicas se misturam com pequenas inserções e repetecos de cenas do filme original, mais relembrar algumas tramas, e contextualizar o espectador na jornada que esse grupo vai seguir, seja a vila de Willow, onde ele agora é o chefe da tribo dos Nelwyn, ou até mesmo mais sobre os outros seres mágicos do bem e também sobre a feiticeira do bem Raziel (Patricia Hayes no longa original) e sua varinha poderosa e que aqui vai ser de extrema ajuda para Willow e o grupo em sua jornada.

E se o primeiro filme tinha efeitos especiais considerados de primeira linha na época e agora vemos o quão grosseiros eles eram, Willow se apoia no melhor da tecnologia e realmente abusa de efeitos visuais para contar essa história. Mas igual ao filme, são as relações entre esses personagens, a parte mais humana e menos épica e mágica de Willow que faz a atração dar certo. E fica claro que é foco da atração, mostrar esses jovens personagens dentro do universo que foi apresentado num filme. Willow é menos um seriado épico e mais um coming of age.

Ao introduzir esses novos personagens no mundo que já conhecemos de Willow, garantir algumas reviravoltas na história e principalmente conectar a trama da série com a do filme original, apenas deixa a atração com um gosto de finalmente vamos cair de cabeça na mitologia dessa Terra Mágica que foi apenas pincelada no filme.

No final, o seriado Willow faz um bom, e empolgante começo, em retorno um novo antigo mundo, onde não vejo a hora de conhecer mais e explorar, enfim, essa Terra da Magia e os segredos que aguardam esses personagens.  

Willow chega em 30 de novembro no Disney+.

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