Um bate-papo com Javier Mariscal da animação Atiraram no Pianista

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Depois de ser o longa de abertura do Festival do Rio no começo de Outubro, a animação Atiraram no Pianista chega nos cinemas nacionais.

Em bate-papo com o site, o diretor Javier Mariscal comenta sobre o longa e ser a primeira animação a abrir o festival carioca.

Designer, ilustrador e desenhista reconhecido, Mariscal foi quem criou o mascote Cobe, dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. Ao lado dele na direção temos também Fernando Trueba, ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1993 por “Belle Époque”.

A dupla espanhola, que realizou Chico & Rita (2010), uma ode à vibrante cena musical cubana que foi indicada ao Oscar de melhor animação, retoma a parceria no filme de abertura do Festival do Rio. Em relação ao que eles aprenderam com o longa e que conseguiram trazer para Atiraram No Pianista, Mariscal comenta. “São projetos muito diferentes. Chico & Rita é uma história de amor e é ficção. Aqui com Atiraram No Pianista tivemos uns 4, 6 anos de Fernando investigando, e tudo foi documentado. No filme não existe uma lâmpada, e sim essa lâmpada especifica, foi aquela camiseta, foi aquela vista do Rio de Janeiro. Então o filme é uma grande investigação, cheia de referências gráficas, dos personagens, das vozes, das maneira que eles falam, é bem diferente, e não tem nada haver com Chico & Rita que era mais fantasia aqui o cuidado com os detalhes foi maior. Estamos falando do Rio de Janeiro dos anos 60, então tudo era diferente. Foi um trabalho muito mais documental.”

Ele finaliza: “Eu queria ter uma animação muito mais sintética, que passasse uma diferença entre o mundo real, lá de 2009, e com as memórias de cada um [daquele tempo], uma coisa mais perto da caricatura, e uma paleta de cores mais fortes, e que ilustram o sentimento daquelas memórias.”

Se a ideia do filme sempre foi apresentar uma história animada? O diretor comenta: “Sim, por que parece que fica mais real. Por que se trabalhássemos com as entrevistas reais, teríamos que usar atores, principalmente para os personagens principais, já quem muito deles já morreram, como o Tenório. Como deixar isso mais real? Como vermos Tenório tocar o piano? Se tivéssemos um ator seria: “Ah é Fulano de tal tocando o piano. É Tenório, mas é o ator. Então decidimos evitar tudo isso.”

Ele ficou surpreso ao descobrir que o longa seria a abertura do festival brasileira. “Quando me falaramVamos abrir o festival com seu filme!” Eu fiquei: Uau, estou arrepiado. Eu também fiquei um pouco assustado por que eu sou um estrangeiro. (…) e com a ideia de por que um espanhol vem contar uma história sobre [o Rio de Janeiro]. Mas fiquei surpreso com o carinho e a forma como fui abraçado por todo mundo. Gostei bastante de ver [que mesmo de países diferentes] compartilhamos alguma coisa em comum durante 90 minutos.”

Exibido no Festival de Annecy no ano passado, na mostra Working In Progress, o filme também passou pelo Festival de Toronto. Para o diretor mostrar o longa nesses festivais foi “um grande presente, foi uma experiência extraordinária, eu já estava 4 anos trabalhando com essa história, que é uma história muito incrível, e com um protagonista muito incrível.”

Na trama, um jornalista musical de Nova York embarca numa jornada em busca da verdade por trás do misterioso desaparecimento do virtuoso pianista brasileiro Tenório Jr. Uma história de origem comemorativa do movimento musical mundialmente famoso chamado Bossa Nova. 

O filme retrata um período fugaz, repleto de liberdade criativa, em um ponto de virada da história latino-americana nos anos 1960 e 1970, pouco antes do continente ser engolido por regimes totalitários.

Atiraram no Pianista está em cartaz nos cinemas nacionais.

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