The Tragedy Of Macbeth | Crítica: Teatral e esteticamente impecável nova adaptação vale pelo elenco envolvido

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Something wicked this way comes…. diz um dos personagens numa das frases clássicas dessa obra de William Shakespeare que agora é adaptada para o streaming pela produtora A24, a Apple e o diretor Joel Coen, numa das poucas empreitadas sem seu irmão Ethan. E em The Tragedy Of Macbeth (2022) o que temos é basicamente isso. 

Você sente que alguma coisa pode dar errado ao dar play nessa adaptação em preto e branco da trama. A parte boa que The Tragedy Of Macbeth tem menos de 2 horas. No terceiro filme com essa escolha visual da temporada, você se pergunta se a escolha afetaria a experiência de se assistir o filme ou apenas é uma forma de deixar o longa com um ar mais conceitual do ele é e camuflar certas outros problemas.

Denzel Washington em cena de The Tragedy of Macbeth
Foto: Courtesy of Apple

The Tragedy Of MacBeth é apresentado para o público em preto e branco e ainda faz como se o espectador estivesse no melhor lugar de uma peça de teatro, afinal, o que temos aqui são basicamente os atores e poucos cenários. E não só, a forma como eles andam para lá e para cá, a forma como eles declamam suas falas e o ar mais teatral que tudo se apresenta deixa o longa com um ar diferente daquilo que se espera para um filme. Mas olha o elenco envolvido se dá 100% nessa nova adaptação e vale a pena os assistir declamar seus monólogos ao longo dessa história de paranoia, cobiça e ambição.

Na medida que vemos o Lorde Macbeth (Denzel Washington realmente o grande nome aqui) mudar ao longo da trama e deixar seu lado mais perverso tomar conta de si e suas atitudes, The Tragedy Of Macbeth nos recompensa por todo mundo envolvido e que atua nessa nova adaptação. O longa segue a história que já conhecemos, o nobre Macbeth e sua esposa Lady Macbeth (Frances McDormand maravilhosa após vencer o Oscar de Melhor Atriz por Nomadland) confabulam assumir o trono depois que ele cruza com três bruxas e um tipo de profecia.

“Você deverá ser o novo Rei” (ou algo assim) é colocado na cabeça do nosso protagonista, e influenciado pela esposa, Macbeth mata o Rei (Brendan Gleeson), seu primo, e os dois veem o Reino entrar em crise com a vacância da posição, onde Macbeth faz de tudo para se manter lá logo depois que consegue assumir a vaga depois de cuidar também do Príncipe Malcolm (Harry Melling) o herdeiro natural para assumir a posição. E assim a cada morte, e a cada golpe desse grande xadrez político, vemos o personagem sucumbir e mudar radicalmente suas atitudes.

O diretor Joel Coen e a atriz Frances McDormand nos bastidores de The Tragedy of Macbeth
Foto: Courtesy of Apple

Coen aqui usa um jogo de sombras e luz muito muito bacana para contar essa história, seja em cenas em planos abertos, ou com pássaros que sobrevoam algumas passagens. Com o apoio do longa ser em preto em branco, a combinação do cenário com as motivações dos personagens deixa o longa um dos mais caprichados dos últimos tempos, num trabalho de cinematografia tão perfeito, tão bem montado, que os fãs da A24 vão lembrar um pouco de O Farol, outro filme com o efeito e lançamento pela mesma produtora.

O trabalho de figurino, seja dos nobres que dão as caras, ou até mesmo dos guerreiros, e das próprias bruxas é impressionante. Aliás, todas as vezes que as três criaturas aparecem é um show à parte, onde o uso de reflexões e luz é realmente muito bem trabalhado. The Tragedy Of Macbeth é milimetricamente trabalhado e entrega, quadro a quadro, passagens que nos deixam presos na busca por detalhes e pela perfeição geométrica que as coisas se encaixam mesmo que o desenvolvimento da trama e desses personagens fique um pouco a desejar. 

No final, venha pela história conhecida, fique pelas atuações incríveis de Washington e McDormand, dois dos mais talentosos artistas de sua geração, em The Tragedy Of Macbeth.

Avaliação: 3.5 de 5.

The Tragedy Of Macbeth disponível na AppleTV+.

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