Stranger Things | Crítica 4ª Temporada (Vol. 1): Netflix entrega mini filmes na história mais adulta até agora

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E depois de quase três anos, Stranger Things está de volta às telas da Netflix. Lançada lá em 2016, a série mostrou que a plataforma poderia competir com os canais americanos e entregar sim um blockbuster televisivo ao lado de outras produções, como The Walking Dead e Game Of Thrones.

Eram outros tempos e Stranger Things se mostrou um acerto para a Netflix super importante. E agora, um tempo depois, em um cenário completamente diferente, a atração retorna com sua base leal de fãs, fãs que descobriram a série durante a pandemia, e durante o tempo que o seriado não esteve no ar, e justamente no momento que o streaming mais precisa de uma vitória, e no trimestre mais crucial da história do serviço.

Stranger Things
Gaten Matarazzo, Maya Hawke, Sadie Sink e Joe Keery em cena de Stranger Things
Foto: Courtesy of Netflix © 2022

E para isso, a Netflix aposta no lema que sempre é mais válido e aqui o quarto ano mostra que não estamos mais (somente) em Kansas, Totô Hawkins, e Stranger Things se expande, introduz novos locais, novos personagens, e claro, novas ameaças (mesmo que vinda do mesmo lugar aparentemente). E não só a trama soa mais cinematográfica e mais robusta nessa nova leva, a quantidade de minutos por episódios também aumentou, afinal, para o quarto ano e penúltimo da atração, a Netflix entrega mini-filmes com duração de mais de 1 hora cada para formar os episódios que compõe o chamado Volume 1.

E para contar essa história, a mais adulta do seriado até então fica claro que os minutos extras vem bem a calhar. Stranger Things e seus criadores, os irmãos Duffers, conhecem bem o que deu certo em três temporadas e o que também não deu. E aqui o tom oitentista e nostalgia mania que Hollywood tem abraçado, continua no DNA da atração, como uma das suas marcas mais interessantes. O olhar mais com cara de filme fica nítido nos episódios com direção de Shawn Levy, onde ainda estamos nos anos 80, em 1986 para sermos exatos, e o tempo passou para nossos personagens depois dos eventos do terceiro ano.

A nova safra de episódios de Stranger Things serve como uma continuação, o começo do capítulo final, com toque de reboot, afinal, nossos protagonistas estão em novas fases de suas vidas, alguns no ensino médio, e em cidades diferentes, e o mundo não é mais apenas se reunir para jogar D&D no porão de Mike e enfrentar monstros que vem do Mundo Invertido como um jogo da vida real.

As consequências vem a cada temporada se tornaram mais perigosas e mortais e Stranger Things cresce como produção na mesma intensidade que os personagens, e também do elenco, que espichou de uma forma que mostra que os anos fora do ar devem ter dado um pouco de dor de cabeça para os roteiristas. Com os personagens já mais velhos, eles percebem que o ensino médio pode ser ameaçador quanto o fim do mundo e o jeitão da produção, uma mistura de série teen com coming of age segue também como uma outra marca interessante que o seriado mantem aqui.

Stranger Things
Finn Wolfhard, Noah Schnapp e Millie Bobby Brown em cena de Stranger Things
Foto: Courtesy of Netflix © 2022

Com o quarto ano, Stranger Things se baseia que os relacionamentos entre os personagens estão bem estabelecidos para o espectador, que já sabem quem se dá bem com quem, e quem acaba por ser mais chegado com quem, mas aqui, parece o time Califórnia, formado pela família Bayers Will (Noah Schnapp) com uma história que não avança, Jonathan (Charlie Heaton) e Joyce (Winona Ryder) que pouco faz nesse começo – mais Eleven, agora chamada de Jane, está um pouco fora da ação, afinal, em Hawkins é que o bicho volta a pegar na medida que “acontecimentos estranhos” voltam a acontecer.

Boa parte do foco, então fica com o time Hawkins formado por Dustin (Gaten Matarazzo, excelente como sempre), Max (Sadie Sink, o destaque do volume 1), Steve (Joe Keery), Robin (Maya Hawke) e Nancy (Natalia Dyer) que tocam as investigações na medida que Lucas (Caleb McLaughlin) anda com os garotos populares do time de basquete liderado pelo Capitão Jason (Mason Dye).

Claro, Eleven-Jane (Millie Bobby Brown) ainda é bem o foco da atração, com o passado da personagem bem explorado no início do novo ano e seu relacionamento à distância com Mike (Finn Wolfhard), mas outros personagens ganham bons destaques nos novos episódios da atração. Talvez por problemas logísticos causados por conta da pandemia, seja por decisões criativas, Stranger Things trabalha seu novo ano com duplas ou grupos de personagens.

Seja os novos como o bad-boy carismático Eddie (Joseph Quinn), o cabeça de vento Argyle (Eduardo Franco) e a mean girl Angela ( Elodie Grace Orkin), ou do veteranos, como Max que lida com os eventos do final da temporada e de ter perdido o irmão, e o time jovem adulto formado pela carismática Robin (Hawke roubando boa parte das cenas), pelo hilário Steve (Keery excelente e novamente como alívio cômico) e pela mais espertinha agora e definitivamente menos chata, Nancy (Dyer).

E até mesmo quem tem um bom destaque é Hooper (David Harbour), que como os trailers mostraram, sim está de volta, e tem a sua trama a mais paralela possível dos demais numa gelada instalação num lugar remoto e cheio de guardas (russos?).

Stranger Things
David Harbour em cena de Stranger Things
Foto: Courtesy of Netflix © 2022

Assim, o elenco é inchado nesse quarto ano, cheio de personagens, e muitos arcos narrativos para acompanhar e desenvolver que pouco se casam no primeiro momento, até que a trama avança lá pelos episódios 3 e 4 e não só os times se mobilizam para a grande história que a temporada se apresenta como também para sabermos quem eles vão enfrentar agora, e principalmente, como eles vão fazer isso, afinal, Eleven não tem mais seus poderes. O grande vilão já é introduzido logo de cara, mas as perguntas como quais são seus planos, são deixado para o espectador ir a descobrir ao longo dos pequenos filmes que a temporada se apresenta.

Quando todos esses personagens se mobilizam no tabuleiro que é criado nessa temporada, seja com os novos personagens (que são muito bons), e com os antigos que agora disputam tempo de tela uns com os outros, fica claro que mais uma vez a cidade Hawkins servirá como o ponto focal de mais uma batalha para salvar a humanidade dos perigosos recorrentes do Mundo Invertido.

Assim como na vida ficcional, onde esses jovens nunca têm paz e as criaturas do Mundo Invertido ficam indo e voltando, fica claro também na vida real que o retorno de Stranger Things é mais uma batalha a ser vencida pela Netflix em Hollywood e na Guerra dos Streamings.

E aqui com o volume 1 do quarto ano de Stranger Things,  parece que os irmãos Duffer ainda tem mais algumas surpresas nas mangas já que os eventos do final desse primeiro bloco parecem nos levar para um último ano ainda maior em termos de escala e de história a ser contada. 

Stranger Things chega com o seu Volume 1 no dia 27 de Maio.

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