Soul | Crítica: Vai tocar sua alma e te fazer chorar como uma verdadeira animação da Pixar

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Com Soul (2020), temos o filme mais maduro, e porquê não, o mais cabeçudo da Pixar/Disney dos últimos tempos. Sem sombra de dúvidas. Depois de Divertida Mente (2015), onde o estúdio mostrou emoções lidando com suas próprias emoções, e Viva – A Vida É Uma Festa (2017) que nos apresentou o Reino dos Mortos mexicano, em Soul, temos agora, almas em busca de suas… almas. Isso mesmo! Curioso né? É tudo bem meta e cheio de conceito.

Soul é sim cheio do conceito, mas entrega também uma divertida história, no maior e melhor estilo Pixar sobre encontrar seu lugar no mundo, mesmo que seja no Pós-Vida. A nova animação de Pete Docter (de Divertida Mente, Up: Altas Aventuras, e Monstros S.A.), que co-dirige o longa com Kemp Powers (do aguardado One Night In Miami) e que são responsáveis pelo roteiro junto com Mike Jones (do próximo filme do estúdio, a animação Luca), tenta desesperadamente ser perfeito e atinge isso de todas as maneiras possíveis.

A personagem da humorista Tina Fey, como a Alma 22, é um dos alívios cômicos mais engraçados e debochados do ano, e Jamie Foxx como o protagonista Joe Gardner é um deslumbre musical e cheio de carisma, além de ser muito divertido de se acompanhar. A jornada de Joe o mudará de uma forma tão intensa e profunda que será impossível sair com o olho seco quando os créditos finais da animação começarem.

In Disney and Pixar’s “Soul,” Joe Gardner (voice of Jamie Foxx), a middle-school band teacher in New York City, makes one small misstep and ends up in The Great Before, a fantastical place where new souls get their personalities, quirks and interests before they go to Earth. There, he meets Terry (voice of Rachel House), who is charged with the singular duty of keeping track of the entrants to The Great Beyond. Determined to return to his life, Joe teams up with a precocious soul, 22 (voice of Tina Fey) to show her what’s great about living. Directed by Academy Award® winner Pete Docter, co-directed by Kemp Powers and produced by Academy Award® nominee Dana Murray, p.g.a., “Soul” will debut exclusively on Disney+ (where Disney+ is available) on December 25, 2020. ©2020 Disney/Pixar. All rights reserved.
Soul | Critica
Foto: Disney/Pixar

O novo filme ainda entrega uma leva de personagens carismáticos como um bom filme da Pixar, onde temos os seres sem corpos e que são rabiscos unidimensionais chamados todos de Jerry (com vozes de Alice Braga, Wes Studi, e Richard Ayoade) e ainda o todo certinho contador de almas Terry (Rachel House, incrível) que percebe que alguma coisa não está certa quando uma alma entra de uma hora para a outra e atrapalha sua função que é muito bem executada há milhares de anos.

Como falamos, Soul faz o filme mais adulto da Pixar, onde o estúdio volta a falar de temas nada fáceis e aqui lida com questões filosóficas, de vida e morte e o significado da vida em si. E ao fazer isso, não poupa esforços para conseguir capturar a atenção do espectador, e desviar um pouco do tópico que pode soar um pouco maçante para as crianças. Mesmo que em Soul tudo é muito colorido, visualmente maravilhoso de se acompanhar e os gráficos de animação são tão lindos e que dá vontade de ficar olhando tudo e pausar o filme a todo momento.

Soul capricha mais do que tudo em toda a sua ambientação e nas técnicas visuais, seja na Terra, ou no mundo das almas, onde podemos ver as texturas nitidamente na tela, e claro na criação das personalidades desses personagens para contar essa história. Uma história simples, nada mirabolante ou de outro mundo, que mostra que no fundo todos os seres humanos tem um quê único que os fazem especiais de sua própria maneira.

Sem muitos spoilers, pois o filme tem muitos que podem estragar a experiência ao assistir, mas basicamente encontramos Joe (Foxx na versão original e Jorge Lucas na versão nacional), um professor de música de um colégio, que vive na busca de seu “Feliz para sempre” e uma vida que ele sempre sonhou e proteja para si. Joe quer se tornar um músico profissional, viver de música e descola finalmente um show juntamente com a famosa saxofonista, a durona e exigente Dorothea Williams (Angela Bassett no original e Luciana Mello na versão nacional). Até que de uma hora para outra quando tudo isso parece que vai mesmo acontecer, e dar certo para Joe, puff…. ele cai em um buraco e parte para um novo mundo… o mundo das almas.

O espectador sai de uma trama mundana que convenhamos não é tão interessante assim para sermos apresentados para esse novo mundo, colorido e cheio de detalhes e que só a Pixar conseguiria criar e trabalhar a mitologia que é apresentada aqui. As figuras de Jerry, Jerry e Jerry apresentam esse novo mundo, chamado de o Pré-Vida, onde as almas chegam para serem designadas para as pessoas que estão para nascer. Cada alma antiga recebe a tarefa de auxiliar uma alma nova que vai chegar na Terra com uma nova pessoa.

Ou seja, é como se o lugar fosse um centro de formação para as almas descobrirem suas almas, ou o que o filme chama de faíscas, ou o que faz você ser você, com sua verdadeira alma, sua essência, e como seus gostos vão te moldar como pessoa e ser humano. Um pouco complexo né? Por essa, nem o diretor Christopher Nolan, e seu cerebral Tenet, esperavam.

E Joe, que cai de paraquedas no lugar, afinal sua alma não era para estar lá, tem apenas uma meta em mente: voltar para a Terra, e para seu corpo, afinal, a vida que ele sempre sonhou o espera justamente agora onde ele parece ter finalmente colocado ele nos eixos. Ou é o que ele acha. 

ALL THAT JAZZ – In Pixar Animation Studios’ upcoming feature film “Soul,” Joe Gardner is a middle-school band teacher whose life hasn’t quite gone the way he expected. His true passion is playing jazz, and he’s good. But when he finds himself in another realm helping someone else find their passion, he discovers what it truly means to have soul. Jamie Foxx lends his voice to Joe. Directed by Academy Award® winner Pete Docter (“Inside Out,” “Up”), co-directed by Kemp Powers and produced by Academy Award® nominee Dana Murray (Pixar short “Lou”), “Soul” will debut exclusively on Disney+ (where Disney+ is available) on December 25, 2020. © 2020 Disney/Pixar. All Rights Reserved.
Soul | Critica
Foto: Disney/Pixar

O mais bacana de Soul é que mesmo ao lidar com essas questões essenciais ainda consegue fazer um filme espirituoso, gostoso de se ver, e principalmente, uma animação cheia de emoção. Talvez não seja para crianças mesmo, mas o ar colorido, e as peripécias que 22 e Joe fazem ao longo do filme devem divertir os pequenos. Mas não se engane, Soul definitivamente vai tocar sua alma e claro por que também não te fazer chorar também no caminho, não é mesmo? Não seria um filme da Pixar se isso não acontecesse. Toda a busca de Joe para tentar voltar para a Terra dá um norte para o longa, onde o personagem se junta com a alma 22 para além de buscaram a faísca dela, que está presa lá desde que o mundo é mundo, onde eles partem também em uma grande busca pelo significado da vida em si.

E lá pela sua metade Soul dá uma engrenada na história de uma forma bem emocionante e faz uma jornada pela vida de Joe e pelos pequenos prazeres que estar vivo significava. Quem diria que comer um pedaço de pizza fosse tão prazeiroso e mesmo que tão mundano, não é mesmo?

Com uma trilha sonora banhada no jazz e que dá um charme completamente único para o longa, Soul parece que encontra sua faísca, realmente acerta em todas as notas, desde das suas técnicas de animação cada vez mais incríveis até mesmo na criação desses personagens extremamente interessantes de se acompanhar.

No final, Soul entrega uma animação que vai tocar sua alma e faz mais um acerto tão deslumbrante da Pixar que realmente merecia a maior tela possível. Mas aqui temos um ótimo presente de Natal diretamente no Disney+. Feliz Soul.

Avaliação: 4 de 5.

Soul chega em 25 de dezembro no Disney+.

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