Pedido Irlandês | Crítica: Lindsay Lohan e uma tonelada de clichês

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Desde do começo dessa “Lindsay Lohanascence“, a ex-atriz adolescente queridinha de Hollywood nos anos 2000 tem apostado no seguro em seu retorno. E tá certa ela. Fez comédia romântica Natalina, retornou para uma pontinha em uma nova versão de um seus filmes mais marcantes, o Meninas Malvadas lançado nos cinemas, e agora está aqui em Pedido Irlandês (Irish Wish, 2024), novamente um filme no streaming.

Ed Speleers e Lindsay Lohan em cena de Pedido Irlândes. Foto: Cr. Netflix © 2024

E a estreia da semana na Netflix, nada mais é que o algoritmo trincando na plataforma, e o puro suco das comédias românticas que dominavam os cinemas nos anos 2000, bem quando a própria Lohan deixou o holofotes e vimos Reese Witherspoon, Katherine Heigl e diversas outras seguirem com gênero ao longo dos anos. E estamos há quase 20 anos do momento em que Lohan era a próxima promessa em Hollywood, onde se no começo da década as comédias românticas eram tratadas com filmes B, hoje são quase como uma força a serem reconhecidas e um dos pilares da criação e solidificação do streaming, sem dúvidas.

Afinal, são fórmulas prontas e que dão certo, certo? E aqui, Pedido Irlandês segue a repetir a fórmula consagrada, e entrega uma tonelada gigante deles, ao longo de suas 1h30min, mas parece que falta alguma coisa para o longa se sair bem, se destacar no gênero e ser realmente um filme que podemos chamar de filme, sabe?

Definitivamente, Pedido Irlandês se sustenta no carisma de Lohan, talvez, pela atriz ser o nome mais conhecido do elenco, mesmo que tenhamos Jane Seymour como a mãe da protagonista que só aparece via chamada de facetime e parece viver um spin-off próprio dentro do filme. Mas será que isso é o bastante? Ao assistir o filme me pareceu que todo o orçamento de Pedido Irlandês foi gasto para levar o elenco para a Irlanda, filmar essa rom-com em locação e abusar dos cenários maravilhosos que temos aqui.

Legal de ver, claro, mas parece também que a diretora Janeen Damian (em seu segundo filme com Lohan depois de Uma Quedinha de Natal, de 2022, e lançado na Netflix) parece querer focar boa parte do filme nisso em vez de usar o elenco escolhido aqui. E que convenhamos nem é lá grandes coisas. A começar por Ed Speleers, que mesmo que bem, continua a parecer seu personagem na série You e a vibe “artista atormentado” não cola aqui. O segredo que o fotógrafo inglês parece esconder nunca é revelado, talvez porque nunca existe, e o que temos então é só Speleers com uma cara carrancuda ao longo do filme. Claro, nas cenas com Lohan, seja nos campos da Irlanda, ou flertando em um pub, os dois se esforçam, a química até até vem, mas nada que fará o coração do público alvo do longa pular. O mesmo dá para dizer de Alexander Vlahos que mirou Chris Pine em Sorte no Amor (longa dos anos 2000 de Lohan) e eu só consegui ver o comediante brasileiro (e um excelente ator diga-se de passagem) Marcos Veras. Caricato demais, até mesmo para o gênero. 

Ed Speleers, Elizabeth Tan, Lindsay Lohan, Ayesha Curry e Alexander Vlahos. Foto: Cr. Patrick Redmond / Netflix © 2024

E no meio de paisagens belíssimas da Irlanda rural, para a propriedade gigantesca que a família de Paul Kennedy (Vlahos) possui e que é o cenário do casamento do autor com a jovem Emma (Elizabeth Tan), o longa sofre para conseguir contar essa história. Afinal, quando a melhor amiga dela, e editora dos livros dele, Maddie (Lohan) faz um pedido, no meio de uma floresta, de que ela deseja casar com o colega de trabalho, Pedido Irlandês embarca na pataquada de mudar a realidade da nossa protagonista e fazer a jovem embarcar nessa aventura para perceber que, as vezes, é preciso tomar cuidado com aquilo que deixamos.

E Pedido Irlandês não consegue entregar mais do que isso. A edição brusca, as falas duras, e realmente vermos que o filme precisa girar em torno de Lohan para minimamente dar certo. Seja enquanto ela persegue a moça que concedeu o seu desejo (Dawn Bradfield aparece pouco, mas excelente), quando precisa somar os pontos que realmente sua amiga Emma e Paul realmente são almas gêmeas, e principalmente quando ela percebe que precisa realmente se impor e fazer as coisas por si mesma. 

No final, Pedido Irlandês tem muitas coisas para ajudar a disfarçar que realmente não é um bom filme. Claro, os clichês estão ali para adoçar isso tudo, o longa tem algumas cenas divertidas e não é de todo ruim. Mas se você quer assistir um filme sobre uma jovem que vai para Irlanda e vive um romance, tenho uma dica.  Em vez de Pedido Irlandês, veja Casa Comigo?, de 2010, com Amy Adams e Matthew Good disponível no concorrente.

Nota:

Pedido Irlandês está disponível na Netflix.

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