O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família | Crítica: Ninguém segura esses bebês frenéticos

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Lançado em 2017, O Poderoso Chefinho marcou época – foi até indicado ao Oscar de Melhor Animação na edição daquele ano – ao entregar uma divertida história sobre relacionamentos familiares e sobre a relação entre dois irmãos com personalidades completamente diferentes. Serviu também para nos introduzir para a Corporação Bebê (e logo depois para uma série na Netflix) e ainda garantiu uma sólida animação com boas piadas e um tom mais sarcástico que fugia um pouco do tradicional para época.

A ideia de termos Ted (voz de Alec Baldwin no original) como um bebê agente secreto no estilo Donald Trump era bem mais interessante do que quando ele efetivamente esteve na Presidente e quando o filme foi lançado quase com um tom de paródia, o personagem até que foi bem aceito, afinal, na época ninguém imaginaria que a figura caricata se tornaria o líder de uma das nações mais importantes do mundo. Talvez por isso que a sequência tenha demorado tanto para sair.

O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família | Crítica
Foto: © 2021 DreamWorks Animation LLC. All Rights Reserved.

Mas agora em O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família (The Boss Baby: Family Business, 2021) o engravatado bebê Ted está de volta com seu irmão Tim (com a voz agora de ​​James Marsden no original) e aqui na sequência eles não são mais bebês e sim adultos! O novo filme nos apresenta para a nova vida que os irmãos Templeton vivem, onde Ted é o ocupado CEO de uma mega corporação (lembrando ainda mais Trump do que nunca, mas com poucas cenas e acenos para isso) e Tim é um homem casado e um pai que fica em casa enquanto sua esposa Carol (voz de Eva Longoria no original) vai atrás do ganha pão da família…. literalmente… ela é uma padeira de sucesso. 

E o esforçado Tim ainda precisa lidar com suas duas filhas, a mais velha e mais independente Tabitha (voz de Ariana Greenblatt no original) que começa numa nova e exigente escola comandada pelo seu excêntrico diretor Dr. Armstrong (voz de Jeff Goldblum no original) e a hilária bebê Tina (voz de Amy Sedaris no original) que se revela ser uma bebê agente secreta (com terninho e tudo, uma graça) para a Corporação Bebê e tem uma missão importante que envolve descobrir e impedir um plano mega evil de dominação do mundo por bebês.

E para isso Tina precisa da ajuda do pai e do tio para salvarem o mundo da destruição e trabalharem juntos mais uma vez, infiltrados, e como bebês novamente. Até aí, tudo ia bem com O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família, afinal, esse começo é fundamental para nos situar em como estavam esses personagens ao longo dos anos, e claro, introduzir as novas garotas para o filme, mas logo depois, é como se a sequência tivesse dado açúcar para criança e ela ficassem freneticamente correndo e saltando pela casa e você (o espectador) fosse o pai largado no sofá sem forças para fazer alguma coisa. Claro, O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família mantém a tradição em ser divertido, entregar boas piadas, e tudo mais, mas sinto que o roteiro de Michael McCullers (que retornou para a sequência) acaba por tentar entregar uma aventura muito maior e grandiosa do que ela precisava ser para conseguir contar uma nova e boa história.

E realmente chega em um determinado tempo ao longo do filme que você fica exausto de tentar acompanhar tudo isso que vai por acontecer em tela… é perseguição de carro pela cidade com os bebês em uma xícara gigante roubada que faz parte da fachada de uma cafeteria, o mesmo plot sobre o pônei temperamental que Ted dá para as sobrinhas e que não vai com a cara de Tim, é uma missão dentro de uma escola futurista cheia de crianças prodígio, onde Tim e Ted voltam a serem crianças graças a um aparelho da Corporação bebê, são os bebês que escrevem códigos de aplicativos, é um evento de final ano na escola que se torna uma ameaça global e fora o vilão do filme que é a coisa mais maluca e fora da casinha que tivemos nas animações ultimamente.

O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família | Crítica
Foto: © 2021 DreamWorks Animation LLC. All Rights Reserved.

O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família é too much. É tudo muito caótico, descontrolado e que realmente se estende mais do que deveria para um filme animado. Mas por outro lado, a agradabilidade dos personagens, tanto dos antigos – até mesmo os pais dos personagens estão de volta, o casal Ted Sr. (voz de Jimmy Kimmel no original) e Janice (voz de Lisa Kudrow no original) –  quanto dos novos (temos uma garota estranha que eu adorava toda vez que ela aparecia) até fazem valer a pena acompanhar essa nova aventura. E novamente, o longa carrega uma mensagem bacana e trabalha além da relação entre os irmãos, a relação pai e filha, afinal, Tim e Tabitha se conectam quando o primeiro está preso em sua versão criança, faz amizade com a filha e os dois conseguem conversar sem a pressão de serem pai e filha propriamente dito. 

É bom estar de volta nesse universo sem dúvidas, mas com a sequência parece que o sentimento de que precisávamos fazer alguma coisa muito maior que o primeiro filme foi sentida. É melhor que o primeiro filme? Não. Chega a divertir igual o primeiro filme? Definitivamente sim. Com a série de TV disponível é como se os produtores fossem obrigados a fazer um grande espectáculo para passar na telona, e parece que com O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família eles pesaram um pouco a mão.

Mas tudo que deu certo no primeiro Poderoso Chefinho está de volta, a rivalidade entre os irmãos, as peripécias das mais malucas que eles enfrentam também, os aparelhos ah lá James Bond que eles usam idem, mas sinto que O Poderoso Chefinho 2: Negócios foi com tudo ligado no 220v para prender a atenção do público alvo (crianças!) de 15 em 15 minutos. Como um adulto, e sem filhos, eu só queria entregar esse bebê para os pais e deixar *eles* lidarem com a algazarra. 5 minutos é tudo que eu precisava. 

Avaliação: 2 de 5.

O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família chega exclusivamente nos cinemas pela Universal Pictures.

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