Katla | Crítica 1ª Temporada: Série se usa da ficção e do sobrenatural para falar de escolhas e aceitação

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A Netflix liberou a 1ª temporada de Katla em seu catálogo no dia 17 de junho e a série meio que passou despercebida por mim, mas resolvi dar uma chance e me surpreendi. A série islandesa é envolta a mistérios e começa 1 ano após a erupção do vulcão Katla e o aparecimento de uma mulher completamente suja de cinzas…

O tom melancólico e arrastado da série cria uma atmosfera mais do que interessante para seu desenvolvimento, principalmente nos fazendo querer saber mais sobre a mulher recém chegada, e ao fim do episódio descobrirmos que ela tem sua memória de 20 anos atrás, o que faz a sua versão atual reaparecer no condado e tentar entender o que “ela mesma” faz por ali.

A direção de Baltasar Kormákur e Sigurjón Kjartansson é muito suave, consegue trazer as nuances de seus personagens e contar muito bem a história, que só fica mais insana com o reaparecimento de Asa e também Mikael, ambos falecidos há alguns anos, ou de Magna, que ainda doente vê ali um “demônio”, de uma versão dela mais jovem e sem o câncer no pulmão.

ALERTA DE SPOILER!

Este artigo contém informações sobre os principais acontecimentos da série/filme.
Continue a ler por sua conta e risco.

Grima não sai daquela cidade condenada por conta do seu pesar com o desaparecimento da irmã, que ela se culpa um pouco, e ao ver a irmã reaparecer literalmente das cinzas, a deixa ainda mais intrigada. Asa age como se nada tivesse acontecido e sua memória são apenas de seu acidente, até que as duas acabam descobrindo o próprio corpo de Asa morto embaixo de uma cabana.

Foto: Netflix

A medida que vamos evoluindo a temporada, vamos entendendo o sofrimento, e essas “cópias” que aparecem, que a dona do hotel jura ser “changeling”, uma história do folclore deles sobre demônios que assumem o lugar dos mortos, acaba ficando mais intensa, só que o geógrafo acaba achando que é algo de outro planeta que se esconde em Katla. No fim só sabemos que tudo tem seu propósito e a história é mais sobre o que eles são e agem do que sobre os retornos.

Grima tem tanta culpa, que ao ver ela mesma ressurgindo das cinzas e ser mais amável e pra cima, enquanto seu coração dóia, acaba fazendo ela decidir entre viver ou sumir e deixar a outra, em um jogo complicado, onde no fim não sabemos o que acontece, deixando um mistério no ar…

Katla também mostra sobre Mikael e como ele só pensa em morte e destruição, que é por conta do desejo de seu pai, pois ele surge da necessidade dele de entender as coisas, mas seus pensamentos são ruins, e assim o garoto também. Já Grunhild veio para trazer uma paz que THor e ela mesma do presente precisavam, uma conclusão da história deles, que para ela foi entender que não é culpa dela o filho ter uma síndrome, e a dele de compreender os erros que cometeu com ela e com sua esposa.

Magna viu sua morte chegar de forma suave, ao contrário da destruição que seu marido e pastor trazia… Essa conclusão foi a mais intensa, e um alívio para a personagem, fugindo de seu sofrimento de definhar com o remédio errado, pois o marido acreditava que se ela teve câncer era porque Deus queria e assim não fazia nada.

Katla pecou na lentidão de sua trama em alguns momentos, mas em outros isso entregou um desenvolvimento muito interessante para a mitologia que criou, pois sabemos que esses “chengelings” não irão parar de vir, e eles sempre virão para aqueles que estão com os corações atormentados.

Outro ponto que levanto é que o mote principal da série me lembrou muito outra série da Netflix, dessa vez italiana, onde o desenvolvimento tem mais ação e é mais focada nos jovens, o nome dela é Curon.

Curon | Crítica da 1ª Temporada

Katla tem seus 8 episódios disponíveis na Netflix.

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