Furiosa: Uma Saga Mad Max | Crítica: Correr no deserto, novamente, nunca foi tão empolgante

Furiosa: Uma Saga Mad Max retorna para a Wasteland, onde correr no deserto, novamente, nunca foi tão empolgante. Nossa crítica do longa.

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É fato que Mad Max: Estrada de Fúria marcou um período bastante específico em Hollywood quando foi lançado em lá em 2015, afinal, colocou o filme blockbuster em outro patamar e realmente entregou alguma coisa bacana para o gênero que já naquela época estava marcado por outras grandes franquias que também chegavam aos cinemas no mesmo período.

E agora, quase 10 anos depois, o diretor George Miller resolve revisitar a franquia e retorna, mais uma vez, para esse Universo com Furiosa: Uma Saga Mad Max (Furiosa: A Mad Max Saga, 2024). E num é que essa volta faz um retorno bacana? Aqui, Miller e todos os envolvidos, acertam, novamente, na medida que o temos aqui com o longa é um novo filmão no deserto.

Anya Taylor-Joy e Tom Burke em cena de Furiosa: Uma Saga Mad Max. Foto: Photo by Courtesy of Warner Bros. Pictures – © 2023 Warner Bros. Entertainment Inc. All Rights Reserved.

E o ano para a Warner Bros. parece estar intrinsecamente conectado com a região, onde o estúdio segue a apostar nesse primeiro semestre no ensolarado, o quente, o apocalíptico e o árido. Afinal, com Duna: Parte 2 e agora Furiosa, o estúdio tem um combo que mostra que correr no deserto, novamente, nunca foi tão empolgante e lucrativo. Se 2023 foi marcado pela invasão rosa no estúdio, em 2024 a categoria é: laranja deserto. E realmente Miller consegue entregar com Furiosa: Uma Saga Mad Max um retorno à altura da franquia. E muito se dá pelos mesmos fatores que deram certo com Estrada da Fúria: a combinação de bons nomes no elenco com uma produção que entrega um filme impecável no quesito técnico.

Começando pelo elenco, mas que elenco hein? Em Furiosa: Uma Saga Mad Max sai Charlize Theron e entra Anya Taylor-Joy, a atriz que tem pego Hollywood de surpresa por sempre estrelar produções fora da casinha, seja algumas mais indie e outras um pouco maiores, mas sempre com projetos nos cinemas dos mais doidos possíveis, desde de Noite Passada em Soho (2021) até O Menu (2022) e também por ter deslanchado com a minissérie Gambito da Rainha alguns anos atrás. 

E Taylor-Joy realmente se mostra uma força da natureza aqui e lidera Furiosa: Uma Saga Mad Max com maestria. Claro, demora pelo menos 1 hora de filme para a atriz dar caras, afinal, o que temos é uma história de origem para a personagem imortalizada por Theron e que aqui vemos, quando jovem, ser sequestrada de Terra Verde de Todas as Mães, um lugar fértil e esverdeado e cheio de vida, no meio do deserto, por um grupo de mercenários. É quase como o texto de Furiosa: Uma Saga Mad Max, assinado Miller e por Nick Lathouris (que trabalhou com o diretor também em Estrada da Fúria) pegasse um pouco emprestado a trama de O Rei Leão e misturasse com a série Fallout e colocasse a jovem Furiosa, criadada no bem e bom, no meio do deserto apocalíptico para se virar no meio do caos. 

E se no começo de Furiosa: Uma Saga Mad Max, a Furiosa que queremos ver ainda não é Taylor-Joy e seu olhar penetrante, é com Chris Hemsworth que o filme se sustenta narrativamente falando. E Hemsworth finalmente deixa o modus operandis Marvel de lado e finalmente entrega alguma coisa interessante de se assistir e que chame atenção além de “nossa o Chris Hemsworth tá trincadíssimo aqui!”. Seja por conta do nariz avantajado, seja por conta da doideira e excentricidade desse personagem que o ator coloca, Hemsworth acho que entrega o seu melhor papel até então. Quem diria que só bastava um diretor do alto escalão em Hollywood para tirar isso dele, não é mesmo?

Chris Hemsworth em cena de Furiosa: Uma Saga Mad Max. Foto: Photo by Courtesy of Warner Bros. Pictures – © 2023 Warner Bros. Entertainment Inc. All Rights Reserved.

E Furiosa: Uma Saga Mad Max é isso, uma expansão do mundo que vimos lá em Estrada da Fúria, afinal, além de conectar com os eventos do primeiro filme de uma maneira super orgânica e que não se apoia em precisar ficar conectado as coisas, situações, ou colocar easter-eggs por colocar, e sim se preocupa em contar uma boa história (Mad Max). Claro, temos os momentos que precisam estar no filme, seja, quando Furiosa corta seus cabelos, ou quando ela ganha o braço de metal, ou como ela vai se sair das ameaças que são impostas para ela e livrar as noivas do cativeiro. Mas o longa sabe trabalhar em cima disso, e acerta, ao introduzir esses personagens, suas histórias, claro, mostrar que uma das principais habilidades de Furiosa é sua inteligência e sagacidade. 

E a jornada para a personagem retornar para casa é o que guia a trama de Furiosa: Uma Saga Mad Max e que claro vai se conectar com os eventos do filme anterior. Assim, vemos Furiosa passar de ser feita prisioneira pelo exército de Dementus (Hemsworth) para vermos depois a chegada desse lorde do crime para tentar conquistar o território dominado pela figura ameaçadora do Immortan Joe (Lachy Hulme) e que domina boa parte da região da Wasteland junto com seu exército de homens pintados de branco e que controlam a Citadela. 

E nessa busca para voltar para casa, Furiosa vê a chance também de se vingar de seus sequestradores. O longa mostra então o plano da jovem que realmente leva um tempo para se concretizar, afinal, a trama começa com a atriz mirim Alyla Browne (que realmente se parece com Taylor-Joy e nos faz perguntar se não rolou um filtro com a cara da atriz) e depois vemos mais de 15 anos se passar até chegarmos na versão adulta.

Furiosa: Uma Saga Mad Max então trabalha esses arcos de uma forma que narrativamente falando leva-se tempo para serem apresentados e executados, e por isso que dão para o filme quase 2h30 de duração. Mas é a criação desse mundo, dos efeitos especiais, dos figurinos, da maquiagem, da forma como Miller decide posicionar a câmera para nos fazer cair de cabeça nessa história e ter um lugar privilegiado na forma como Miller conta ela e que fazem Furiosa: Uma Saga Mad Max já ser um dos blockbusters do ano. Talvez, entre no Top 5 do ano, sem dúvidas.

As cenas de ação e de perseguição no deserto são passagens que duram bastante e que realmente se estendem muito, seja na perseguição da mãe de Furiosa (Charlee Fraser) no começo do filme, seja quando Furiosa já adulta precisa correr em um caminhão junto com Praetorian Jack (Tom Burke). São momentos como esses que garantem as partes mais cheia de energia e que entregam uma ação desenfreada e que realmente deixará o espectador na ponta da cadeira para saber o que vai acontecer. É de fazer a franquia Velozes e Furiosos ficar com inveja, por conta do timing de tudo que acontece, a complexidade dos movimentos que são capturados pela câmera, e tudo mais.

É apenas de impressionar. E no final, na medida que Furiosa de Taylor-Joy navega pelo deserto em busca de vingança, vemos que a fúria dessa jovem é o catalisador para termos um longa de proporções gigantes e que realmente sabe aproveitar disso tudo para, antes de mais nada, contar uma história que empolga antes mesmo de ser uma história Mad Max.

Nota:

Furiosa: Uma Saga Mad Max chega nos cinemas nacionais em 23 de maio.

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