Festival do Rio 2023 | A Sociedade da Neve | Resenha

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A Sociedade da Neve (La sociedad de la nieve, 2023) foi o filme de encerramento do Festival de Veneza 2023.

Direção: J.A. Bayona.

Em 1972, o voo 571 da Força Aérea Uruguaia, fretado para levar uma equipe de rugby ao Chile, caiu no coração da Cordilheira dos Andes. Apenas 29 dos seus 45 passageiros sobreviveram ao acidente. Presos num dos ambientes mais hostis e inacessíveis do planeta, eles precisam recorrer a medidas extremas para permanecerem vivos. Adaptação do livro “A Sociedade da Neve”, de Pablo Vierci.

O que achamos: Muito bom!

Depois de passar pela máquina de Hollywood ao entrar na mega franquia Jurassic World e entregar, para mim, bom filme com Jurassic World: Reino Ameaçado (2018), o diretor J. A. Bayona está de volta com um longa extremamente mais intimista, sem deixar de entregar e abraçar o escopo cinematográfico que o colocou no mapa para o grande público.

Com uma história tão marcante e intensa, Bayona navega pelo impensável, diversas vezes ao longo de A Sociedade da Neve, para contar essa trama de sobrevivência desse grupo de passageiros uruguaios que estavam a bordo de um avião que nos anos 70 caiu na cordilheira dos Andes.

E para isso, Bayona aposta no choque entre o contido e o épico de uma forma extremamente brutal ao mesmo que é extremamente respeitoso com esses personagens (que no final são pessoas reais), onde o filme é marcado por atuações extremamente boas e intensas.

O que mais chama a atenção é a atenção para as relações humanas que aquecem a trama desse grupo de rapazes na medida que Bayona faz da cordilheira também um personagem a ser considerado para a trama do filme, além de ser um grande obstáculo a ser vencido. A Sociedade da Neve tem um toque de filme de sobrevivência, com drama de superação, e que foca nos eventos traumáticos que esse grupo passou no tempo que ficaram presos nas montanhas à espera do resgate. 

E a cada cena, a cada situação vivida por esses personagens, Beyona joga uma nova avalanche de emoções, conflitos, e debates morais para o espectador na medida que os personagens precisam tomar decisões na busca por sobrevivência.

A Sociedade da Neve não foge dessas questões, principalmente as mais polêmicas (canibalismo, por exemplo) ao apresentar os motivos e os debates que esses personagens têm sobre tudo que acontece depois que o avião cai, e eles veem que o regaste não vai chegar tão cedo.

É como se o espectador fosse um mosquinha nos destroços do avião que acompanha o que acontece com esse grupo. É intenso, tem cenas de impressionar e chocar, onde Beyona não poupa entregar uma dose de violência que combina com a narrativa que o longa quer mostrar e as coisas que quer mostrar. 

O ator uruguaio Enzo Vogrincic está muito bem no filme, e realmente o grande nome do longa, onde ele não só serve como narrador do filme, o jogador Numa, mas também como um dos personagens principais do longa que adapta a história do livro de Pablo Vierci sobre esse grupo de jogadores de rugby que embarcaram em uma viagem e se viram preso nessa situação praticamente inimaginável. 

O longa apresenta esses personagens, e suas vidas, antes do embarque, e até mesmo, a hora do embarque, e como são essas relações entre eles, para depois o desastre acontecer, onde vemos o que o acontecimento faz com estas relações de amizades.

É desesperador em vários momentos, é chocante, mas é um trabalho de construção muito interessante de se assistir, ágil em se contar e desenvolver a trama que sempre joga um novo desafio para esse grupo, seja os dias de nevasca que os soterram, ou a ida para onde o outro lado do avião caiu com o rádio e outras partes eletrônicas importantes, ou até mesmo a cartada final quando três dos sobreviventes, depois de quase 3 meses, resolvem arriscar e encarar uma caminhada até o Chile na busca para tentarem acharem alguém. Spoiler alert: 2 deles acham um fazendeiro depois de uns 10 dias de jornada. 

Beyona assim acerta em trabalhar a ambientação do filme, mais sufocante, mais sombria, e menos gráfica. O diretor mesmo que não poupe cenas mais pesadas, como pernas quebradas durante a queda, por exemplo, e que combinam com a gravidade da situação que esses personagens vivem, também consegue mostrar o lado mais humano dessa tragédia. 

No final, A Sociedade da Neve entrega um drama de sobrevivência com um trabalho visual impressionante e com atuações cativantes e que falam por si sobre esse evento tão cruel e que impressiona. O que temos aqui é um para se ver nos cinemas devido a grandiosidade que o diretor imprime nessa história e principalmente sobre o tocante e emocionante final.

 

Nota:

Sessões no Festival do Rio também em 10 e 14 de outubro.

Chega na Netflix em 04 de janeiro.

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