Entre Estranhos | Crítica: Tom Holland entrega personagem perturbado em mistério que intriga

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Nova York. 1979. No meio de uma praça lotada, dois jovens estão envolvidos num tiroteio, entre eles Danny Sullivan, interpretado por Tom Holland dos filmes do Homem-Aranha da parceria Sony Pictures e Marvel Studios. Corta para Danny já na prisão e que começa a ser investigado por Rya Goodwin (a vencedora do Emmy Amanda Seyfried), onde durante uma série de entrevistas, vamos descobrir mais sobre o que levou Danny a estar naquela praça, naquele dia, com uma arma de fogo em mãos. 

Tom Holland em cena de Entre Estranhos (The Crowded Room).
Foto: Courtesy of Apple. All Rights Reserved.

Esse é o início de Entre Estranhos, a nova minissérie da Apple que chega com três episódios iniciais no dia 9, e tem esses dois nomes conhecidos de Hollywood numa atração marcada por esse mistério: o que aconteceu com Danny Sullivan?

Baseada em um livro de mesmo nome (The Crowded Room que dá o título no original), a atração tem cara de ser melhor aproveitada se você não souber muita coisa, ou até mesmo, nada, sobre a trama. Eu particularmente só vi um trailer e sabia a sinopse por cima, e talvez, seja por isso que a trama tenha me prendido desde do começo, onde acho que o mistério até parece ser um pouco óbvio no começo, mas o seriado sabe bem trabalhar com as hipóteses e com os questionamentos que surgem na medida que a investigadora conduz as entrevistas com Danny. 

Particularmente eu esperava que o seriado teria uma ambientação mais tensa e sombria no estilo de Black Bird (outra atração da Apple lançada no ano passado), mas fica claro que em Entre Estranhos vamos seguir por outro caminho. É como se tivéssemos um olhar minucioso sobre o passado, a infância, e os acontecimentos da vida de Danny antes do incidente, num estilo Coringa – A Origem sabe? Faço esse paralelo, talvez, mais por conta que o visual de Holland na atração lembra muito o de Joaquin Phoenix no longa que deu o Oscar para o ator lá em 2020. É o cabelo comprido, com aspecto de sujo, o olhar maníaco, mas com uma certa humanidade perdida, as roupas batidas, e tudo mais.

E junto com isso, temos a atuação de Holland que realmente chama a atenção nas cenas mais dramáticas e intensas que Entre Estranhos apresenta. É um dos papéis mais interessantes de Holland fora do universo Homem-Aranha, onde junto com o longa Cherry (também da Apple), Holland quer mostrar que é mais que Peter Parker.

Amanda Seyfried e Tom Holland em cena de Entre Estranhos (The Crowded Room).
Foto: Courtesy of Apple. All Rights Reserved.

E depois de assistir os episódios iniciais da série, fica claro que o ator quer se distanciar cada vez mais do papel que o alçou para o estrelato. E ele realmente tá super bem aqui ao contar como o jovem extremamente criativo, mas tímido, Danny vivia sua vida em uma cidadezinha. Ele mora com a sua mãe Candy (Emmy Rossum), o padrasto Marlin (Will Chase), que vivem uma relação abusiva e complicada, já no colégio ele até tem amizade com dois rapazes, o jovem Mike (Sam Vartholomeos) e Jonny (Levon Hawke), mas vive por sofrer bullying dos outros colegas, e também tem uma quedinha pela colega, uma garota popular chamada Isabel (Emma Laird).

Uma típica história do underdog americano. Certo? É que a investigadora Ray quer descobrir. O quão envolvido Danny esteve nos eventos na praça em Nova York. E leva um tempo para Entre Estranhos apresentar esse contexto, tudo é bem explicado e lentamente mostrado, e se você espera ação, ou respostas logo de cara, pode esperar bastante que o seriado não é um marcado por agilidade.

E por conta de que vemos Danny contar a sua história para Rya fica claro que o personagem não é o narrador dos mais confiáveis, afinal, em vários momentos a atração nos tira dos flashbacks de uma forma brusca, onde vemos a investigadora questionar o preso sobre o que ele a conta. E isso, faz, com que nós, os espectadores, começamos a nos questionaram também sobre a veracidade dos eventos que Danny narra.

E isso fica claro, principalmente nos capítulos seguintes após o primeiro episódio, onde Danny deixa a casa da mãe e vai morar num casarão abandonado no final da rua e se vê na presença de um imigrante de Israel chamado Yitzhak (Lior Raz) que o protege dos garotos da escola, e que também abriga uma outra jovem, a impulsiva e espírito livre Ariana (Sasha Lane, incrível de boa) no local. E ao começar a interagir com essas pessoas é que temos o começo dos eventos que vão se desenrolar lá para as cenas do começo da atração, onde vemos que Ariana também estava com Danny na praça durante o tiroteio, só que tanto ela, quanto Yitzhak desapareceram, deixaram Danny sozinho.

Algumas cenas parecem meio truncadas, ou ruins, mas é tudo por conta de ser contadas por Danny naquilo que Danny quer acreditar. É como se Entre Estranhos fosse a contrapartida não super-herói de Cavaleiro da Lua. Quem viu sabe! Ou até mesmo de Mr. Robot com o vencedor do Oscar Rami Malek. 

Tom Holland e Sasha Lane em cena de Entre Estranhos (The Crowded Room).
Foto: Courtesy of Apple. All Rights Reserved.

Assim, o mistério sobre o envolvimento dessas pessoas que populam as histórias de Danny e que ganham vida na sala juntamente com o rapaz e a investigadora são o foco na medida que Rya começa a cavucar e pedir detalhes do que aconteceu com eles no passado, e no tempo que eles passaram na casa (os mais felizes da vida de Danny, segundo ele), a ida para Nova York, e tudo mais. 

Entre Estranhos constrói o mistério aos poucos, e vai numa crescente de pequenas reviravoltas, pequenas pistas que dão dicas do realmente está acontecendo com Danny e o que aconteceu de fato com esse rapaz e tudo mais. Talvez 10 episódios, de quase 1 hora, sejam muito, mas pelo menos o seriado tem tempo de desenvolver tudo, em uma série que constrói sua narrativa migalha por migalha até que explode em uma grande virada na trama e que faz as peças todas se encaixarem na história.

É a história que é contada aqui de um jeito, e não, o que nós queremos que ela fosse. E isso que é tão perigoso para histórias com mistérios e questionamentos igual em Entre Estranhos, é que às vezes, as nossas teorias, os nossos pensamentos sobre o que é introduzido, e as possibilidades que a trama da atração pode ir, é que acabam por serem mais interessantes do que é o que o filme, ou a série, quer contar. Mas isso é fruto apenas da nossa imaginação fértil, onde, às vezes, é melhor ficar no mundo da fantasia e das ideias do que enfrentar a dura e cruel realidade do mundo. Certo, Danny? 

Entre Estranhos (The Crowded Room) estreia com 3 episódios no dia 9 de junho e exibe depois 1 episódio por semana até o final da temporada.

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1 COMENTÁRIO

  1. Entre Estranhos
    Haja fôlego (e estômago) para assistir tamanho suspense psicológico nessa minissérie estrelada pelo Tom Holland.
    É seu jeito tímido, com cabelo comprido, aspecto de sujo, o olhar maníaco e assustado, mas com uma certa humanidade perdida, que faz a gente mergulhar de cabeça na sua história.
    É uma narrativa cruel, onde sua família, seus amigos, sua comunidade inteira falham com você. E, assim, você se estilhaça em pedaços. Em pequenos fragmentos que pouco a pouco vamos descobrindo sua assombrosa origem.
    Uma atuação impecável do Tom, porém o final poderia ser um pouco melhor. Senti que poderiam ter trabalhado mais aqueles minutos finais, principalmente a parte do julgamento em si…
    Mesmo assim, super indico a minissérie e, como eu disse no começo, prepara o coração aí pra tamanha crueldade que o mundo pode se mostrar…

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