Elementos | Crítica: Uma animação de aquecer o coração e que transborda emoção

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Em resumo, Elementos (Elemental, 2023) pode ser definida por essa frase que parodia a cena clássica entre Julia Roberts e o Hugh Grant em Um Lugar Chamado Notting Hill (1999): ”Ele é só um cara água, parado na frente de uma garota de fogo, pedindo a ela para amá-lo.”

Cena de Elementos, a nova animação da Pixar.
Foto: © 2023 Disney/Pixar. All Rights Reserved.

Mas aqui não estamos em Notting Hill, e sim na Cidade Elemento, o local onde se passa a nova produção da Pixar e a primeira que chega nos cinemas há muito muito tempo. Com Elementos, o estúdio de animação retorna para uma história original sim, mas que também apresenta muitas semelhanças com outros mundos, e lugares, que a Pixar já apresentou e mostrou em outras produções. Mas o conceito, e principalmente as técnicas de animação aqui utilizadas, fazem de Elementos ser um longa muito mais interessante de tudo que o estúdio já fez.

Elementos nos apresenta então para a história de um garoto água e uma garota fogo que moram num lugar, onde os próprios elementos da natureza em si vivem como figuras com aparência humanizadas. Imagine a caótica e populosa cidade de Zootopia (2016), só que povoada por figuras no estilo das emoções de Divertidamente (2015) e acrescente nessa história os elementos fundamentais como água, fogo, terra e água na equação em uma história sobre abraçar nossas diferenças. Um clássico Pixar.

E Elementos ainda diverte ao nos apresentar uma das duplas mais apaixonantes e divertidas do ano com Faísca e Gota, os nossos protagonistas. Elementos aposta na química entre a jovem fogo esquentadinha Faísca, e o jovem água que vai com o movimento, Gota para contar essa comédia romântica de aquecer o coração e que transborda emoção. Para os adultos, Elementos tem como pano de fundo questões mais séries e complexas, como imigração, xenofobia, e que estão totalmente presentes dentro do contexto social e moderno que vivemos atualmente. Já para as crianças, o longa deverá despertar a curiosidade na medida que trabalha também em mostrar, e apresentar, como realmente funcionam os elementos.

E tudo isso no filme é intrinsecamente maquiado dentro da história que nos introduz novos personagens carismáticos. E graças ao roteiro, é impossível não chorar e se emocionar com o filme e com a história aqui apresentada. Elementos foca na jovem Faísca (voz de Leah Lewis no original e de Luiza Porto na versão dublada), uma foguinha que é filha de um casal de Fogos que se mudaram para a cidade Elemento em busca de uma vida melhor quando ela era criança e bebia pequenas doses de fluido de motor.

O pai de Faísca, é um fogo já idoso, com a chama um pouco gasta, chamado Brasa (voz de Ronnie Del Carmen no original) que está prestes a se aposentar e deseja que a filha assuma o negócio da família. Mas ela precisa lidar com seu temperamento explosivo e com os clientes fogo que circulam pela loja, principalmente no dia da promoção, onde a loja oferece descontos dos mais variados. É o Aniversário Guanabara do bairro do Fogo.

Assim, em um dia que não termina nada bem, o caminho de Faísca cruza com Gota (voz de Mamoudou Athie no original e de Dláigelles Silva na versão dublada) um jovem água que trabalha em um departamento público da cidade, onde ela vê a possibilidade de tudo que seu pai e sua família construíram por ir por água abaixo em uma questão de segundos. Assim, com a ajuda de Gota, Faísca precisa descobrir uma forma de convencer a chefona vento, Névoa (voz de Wendi McLendon-Covey no original) a não fechar o estabelecimento de seu pai, onde os dois vão embarcar em uma aventura para não só salvar o local, mas também o próprio bairro que ela vive na cidade Elemento. 

Elementos então trabalha na fórmula clássica de garoto conhece garota e eles, onde primeiro eles se assombram com a gigante diferente entre eles, e depois aos poucos, esses dois vão descobrir que foram feitos um para outro, mesmo ele sendo água e ela sendo fogo.

Cena de Elementos, a nova animação da Pixar.
Foto: © 2023 Disney/Pixar. All Rights Reserved.

O texto do trio John Hoberg, Kat Likkel, Brenda Hsueh é extremamente bem escrito, com cenas românticas divertidas, e com momentos cômicos com sacadas muito boas sobre esses elementos se comportam e esse novo Universo que a Pixar constrói com maestria, mais uma vez.

Do momento que Faísca e Gota atravessam uma grade de metal, até mesmo onde Faísca vai conhecer a família de Gota, ou até mesmo quando a mãe da jovem, Fagulha (voz de Shila Ommi no original) os segue pela cidade, tudo é desenvolvido de uma forma extremamente bem feita, tanto pelo roteiro, quanto pela animação que realmente é uma explosão visual, onde você não sabe para onde olhar em tela. 

De Faísca, para Gota, com a família do jovem, com a mãe helicóptero e chorona Sra. D’agua (voz de Catherine O’Hara no original), para os clientes da loja, até mesmo para um garotinho Terra que vive a circular aos arrecadadores, Elementos acerta no tom para contar essa história e o diretor Peter Sohn realmente acerta ao fazer uma encantadora e charmosa animação que realmente salta em tela com as cores vibrantes e os detalhes caprichados para mostrarem esses elementos a ganhar vida, seja nas cenas amervemelhadas no Bairro do Fogo, ou na azul, elegante, região onde as águas vivem. 

O que temos aqui, no final, é um longa no padrão Pixar, um daqueles super impressionantes de se assistir e que faz um retorno caloroso do estúdio, e definitivamente é um para se ver na maior tela possível na medida que esse tipo de animação volta para onde nunca deveria ter saído: a telona. 

Avaliação: 4 de 5.

Onde assistir Elementos?

Elementos chega em 22 de junho nos cinemas nacionais.

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