Duna | Crítica: Uma grandiosa história em um filme de impressionar

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Tenho certeza que Duna (Dune, 2021) chega nos cinemas como um dos filmes mais marcantes da era da pandemia. E diria também que um dos mais difíceis. E não por que teve problemas de bastidores durante suas gravações, ou milhares de datas de estreia e várias campanhas de marketing e tudo mais. Não, o grande fator que envolveu Duna foi depois disso tudo e quando o longa comandado pelo diretor Denis Villeneuve já estava pronto (ou pelo menos em pós-produção) e o destino de onde, e como ele seria lançado, foi o tópico de discussões, algumas bem acaloradas. Talvez nem tanto como Tenet (2020), mas ali pau a pau.

Timothee Chalamet em cena de Duna
Foto: Courtesy of Warner Bros. Pictures

E o épico de Villeneuve, como é chamado em alguns cantos, nada mais faz que um dos maiores longas de 2021 sim, entrega uma grandiosa história e entrega filme de impressionar por sua cinematografia, atuações e efeitos visuais impecáveis. Se você achou que em A Chegada (2016) e Blade Runner 2049 (2017) Villeneuve entregou bons filmes, seja em termos de histórias ou cinematografia e uso de computação gráfica, se prepare que Duna vai te maravilhar.

O que temos aqui é um filme gigante com um elenco maior ainda e um que deve gerar discussões das mais variadas possíveis quando finalmente desembarcar para o grande público e sair da bolha de festivais e de sessões para imprensa. Particularmente acredito que o maior desafio de Duna fica em tentar atrair o público comum para embarcar nessa jornada de ganância, ambição e destino que Villeneuve conta de uma forma muito muito bem feita ao lado de Jon Spaihts e Eric Roth que assinam o roteiro com o diretor. Villeneuve pega a história de especiarias cobiçadas, naves interestelares e conflitos entre nobres para modernizar a história contada do longa de 1984 e ampliar o escopo de como se fazer essa aventura intergaláctica dar certo nos dias de hoje com a tecnologia de ponta dos dias atuações. E funciona? Absolutamente. 

Inegável que Duna, seja o longa de David Linch ou até mesmo o livro de Frank Herbert, tenha sido uma produção que influenciou diversas outras na época, mas aqui para o longa de 2021, Villeneuve certamente tenta pegar carona nos grandes sucessos mais recentes e é como a sua versão de Duna tentasse capturar a atenção de um público muito muito específico, onde o que temos aqui é uma mistura de Game Of Thrones com Mad Max em uma vibe Star Wars no deserto. Claro, o espectador fã pesado e hardcore de Duna vai se sentir que essa comparação não seja válida, mas lembrem que a missão de Villeneuve é salpicar a especiaria nos olhos da maior quantidade de pessoas possíveis, onde quanto mais pessoas tiverem seus olhos azuis por aí é melhor. Inclusive para a aguardada sequência, o Duna – Parte 2.

Zendaya em cena de Duna
Foto: Courtesy of Warner Bros. Pictures

Sim, Duna é a parte 1 dessa história. E mesmo que Villeneuve entregue um filme com começo, meio e fim, a sensação que passamos tanto tempo com esses personagens e que o roteiro nos envolve nessa ambientação caprichada e que realmente os  insere na história de uma forma tão sensorial que quando o filme termina (Ei, sem spoilers aqui!) o gostinho de quero mais é gritante, num barulho tão ensurdecedor quando os ameaçadores monstros de areia que assombram os personagens no desértico planeta Arrakis.

E ameaçador talvez seja uma boa definição para como a história se desenrola em Duna, sem dúvidas nenhuma. Particularmente acho interessante que Villeneuve tenha escalado atores de grande calibre para o longa, afinal, aqui vemos que tudo é apresentado em um tom de ameaça e de imprevisibilidade onde quase nenhum personagem parece que está realmente a salvo.

E olha que temos basicamente muita gente boa envolvida em Duna.

Desde dos queridinhos atuais do mundinho film twitter como Timothee Chalamet que aqui interpreta o jovem Paul Atreides, uma espécie de Príncipe desengonçado, mas extremamente inteligente e sagaz, a carismática  Zendaya como Chani, uma nativa do planeta Arrakis que é introduzida primeiramente em visões de Paul para logo, mas para frente no filme, ganhar uma importância tremenda para a trama e seu desenrolar. E claro, os atores mais veteranos e que realmente tem ganhado força em Hollywood nos últimos tempos, como Oscar Issac (num excelente ano, eu diria) como o Duque Leto Atreides, uma figura nobre e que lidera a Casa Atreides que recebe a missão do Imperador de comandar a supervisão da extração da tal especiaria que está disponível exclusivamente em Arrakis e que parte rumo a esse planeta com sua família, e claro, a atriz Rebecca Ferguson que realmente está extremamente cativante aqui como Lady Jessica, uma mulher com intenções próprias e que parecem que não ficam claras logo de cara e que parece também lutar contra o que ela quer, para seu filho Paul, e o que a organização religiosa das Bene Gesserit e sua líder Mother Mohiam (Charlotte Rampling), quer efetivamente.

Aliás, Rampling e Chamalet fazem uma das melhores cenas do longa num trabalho de atuação muito interessante das duas partes. Assim, depois que o Imperador decide trocar o comando de Arrakis de mãos, e coloca a Casa Atreides na toca do leão, Duna ganha ares mais sombrios e uma dose de suspense sobre o que pode acontecer com esses personagens que parecem que são ameaçados em todos os cantos que vão.

O sentimento que alguma coisa vai acontecer, e que as peças desse jogo de xadrez perigoso estão se movimentando por baixo dos panos dos belíssimos figurinos que eles usam, sejam os vestidos caprichados de Lady Jessica, ou as armaduras com detalhes de nos tirar a atenção em busca de capturar todas as informações.

Oscar Issac em cena de Duna
Foto: Courtesy of Warner Bros. Pictures

O filme se apoia nessas tramas palacianas assim por dizer na medida que somos apresentados para as outras figuras dessa complexa história seja do lado do mal, representado aqui pelo temido, e asqueroso Barão Harkonnen (Stellan Skarsgard, irreconhecível) e seu ajudante Piter (David Dastmalchian) que tramam para não deixar a Casa Atreides ter sucesso no negócio que eles comandavam antes e durante anos, ou dos nativos de Arrakis (chamados de Freeman) liderados pelo ameaçador Stilgar (Javier Bardem) que planejam seu ataque para se livrarem das garras do Imperador e usam a troca para essa nova Casa para avançarem com algum tipo de plano.

Duna é um filme com diversos personagens que movimentam livremente entre os bastidores, e na medida que alguns dos planos ganham forma, o longa se apoia nessas reviravoltas para ficar mais dinâmico no meio de suas paisagens desérticas. Seja quando foca na trama que envolve Paul ser ou não o tal do Escolhido que as Bene Gesserit apostam que chegará em algum momento, no desenvolvimento dos seus “poderes”, ou nas grandiosas cenas que envolvem as perseguições dos monstros de areia, ou do povo de Arrakis que quer se libertar da presença do controle das Casas de estrangeiros que dominam o lugar e exploram a região.

Assim, Duna entrega um longa que realmente mostra que alguns filmes realmente são feitos para assistirmos nos cinemas e aqui temos a combinação explosiva que une olhar afiado de Villeneuve com uma marcante trilha sonora de Hans Zimmer e que apenas coroam Duna com uma produção incrível e como uma das mais caprichadas de 2021. E nem precisamos colocar super-heróis e raios coloridos neles, ou saindo deles, no máximo o que temos são personagens com olhos azuis. Que venha a Parte 2. Por favor?

Avaliação: 4 de 5.

Duna chega exclusivamente nos cinemas nacionais em 21 de outubro.

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