Aquaman 2: O Reino Perdido | Crítica: Tsunami dos bastidores vira marolinha com sequência divertida

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Junto com The Flash (curiosamente lançado também esse), Aquaman 2: O Reino Perdido (Aquaman and the Lost Kingdom, 2023) sofreu com diversos problemas nos bastidores, mudança na gestão na Warner Bros, regravações, e a falta de um norte para a DC nos cinemas de maneira geral.

Lançado em 2018, o primeiro filme do personagem arrecadou mais de 1 bilhão de dólares na bilheteria e claramente na época, algum executivo, em uma sala em Hollywood, viu cifrões de dinheiro passar na frente dos seus olhos e falou: sequência aprovada!

Jason Momoa em cena de Aquaman 2: O Reino Perdido.
Foto: Courtesy of Warner Bros. Pictures – © 2023 Warner Bros. Entertainment Inc. All Rights Reserved.

Para os fãs, o carismático Jason Momoa retornaria para um filme e conseguiria mais uma vez interpretar Arthur Curry, o Aquaman. Mas de lá para cá, a produção de Aquaman 2 passou por águas turbulentas. E no meio de toda uma tempestade criada em um copo d’água que fizeram sobre o filme, no final, agora que a sequência chegou nos cinemas, fica claro que tudo não passou de uma marolinha.

Afinal, o filme realmente diverte e faz uma nova aventura empolgante para o personagem de Momoa. É um bom filme? Até que é. É o melhor filme da DC? Não. Vai mudar o conceito de como vemos ou como consumimos produções de super-heróis? Também não. Ele tá ali, e depois todo mundo vai, esquecer e tratar como “é a sequência de Aquaman”.

Aquaman 2 está ali junto com o primeiro filme ao conseguir entregar um grande blockbuster sobre um personagem que veste um collant brilhante, dá piruetas com cara de mau, e fala com peixes. E James Wan sabe disso, Jason Momoa sabe disso e tá tudo certo.

A trama dessa sequência investe mais na mitologia apresentada no original, se aprofunda na história de Atlântida e ainda apresenta uma história, mesmo que divertida, um pouco mais séria e cheia de paralelos com o que vivemos hoje em dia em termos de consciência política e climática. 

E no meio dessa montanha russa colorida, grandiosa e cheia de efeitos especiais, Wan, David Leslie Johnson-McGoldrick (que retornou do roteiro do primeiro filme) e o próprio Jason Momoa conseguem contar uma boa história. É uma história que apresenta muitas questões, personagens, conflitos e tudo mais? Sim. Parece que estávamos vendo uns 2 filmes dentro de um só, onde em alguns momentos ficava claro que a trama se apoiava em algumas muletas narrativas e saídas um pouco óbvias para o filme engrenar e dar certo.

Mas estruturalmente segue uma fórmula que deu certo no primeiro filme, que aqui é aplicada novamente, só que um pouco maior em termos da própria história, de efeitos especiais, de vilões, de heróis e tudo mais.

O que Wan e compania mantêm em Aquaman 2 é o humor. Principalmente quando falamos de Momoa que está extremamente confortável no papel, de Patrick Wilson que retorna como o meio irmão de Arthur Curry, ORM, o Mestre dos Oceanos e que no filme, quando os dois são colocados juntos, fazem uma boa dupla, enquanto exploram cantos inexplorados do oceano. 

O roteiro do trio brinca com os eventos do primeiro filme, brinca com a Marvel Studios, brinca com Harry Potter, e por mais que tenha um tom mais sério e alarmista sobre as condições climáticas, tem passagens que servem para quebrar o gelo e dar uma aliviada no drama.

Patrick Wilson e Jason Momoa em cena de Aquaman 2: O Reino Perdido.
Foto: Courtesy of Warner Bros. Pictures – © 2023 Warner Bros. Entertainment Inc. All Rights Reserved.

Em Aquaman 2 ninguém (quase) morre, nenhum bebê foi machucado na produção dessa sequência e Amber Heard aparece até que bastante, diferente do que alguns insiders gritavam para o oceano. A sequência se preocupa em continuar não só a história de Arthur Curry, um homem agora casado, o Rei de Atlântida, e pai de um bebê (Arthur Jr.), mas também a jornada do vilão David Kane (Yahaa Abdul Matten II, ótimo), o Arraia Negra em conseguir vingança contra o Aquaman. O personagem então bola um plano pra lá de mirabolante e grandioso com a ajuda de um tridente e as forças malignas que cercam o objeto (bem no estilo do anel do poder de O Senhor dos Anéis) vindas do tal reino perdido do título.

Assim, ao tentar invadir Atlântica, o vilão cruza com o Rei Aquaman (Momoa), com a Rainha Mera (Heard), o Rei Nereus (Dolph Lundgren), uma criatura aquática brincalhona (voz de Martin Short no original), a Rainha Atlanna (Nicole Kidman) e todo o exército dos Reinos subaquáticos e Conselho das Casas submersas (tipo em Duna sabem?).

Na busca por lotes de uma substância antiga, o Arraia Negra, a implacável general que o acompanha (a atriz portuguesa Jani Zhao) e o cientista Dr. Shin (Randall Park num timing cômico impressionante) seguem com o plano que o vilão bola depois de começar a ser controlado pelas forças do tridente e que é aquecer a temperatura do mundo.

Enquanto isso, cabe ao Aquaman ir em busca de quem ele menos queria passar o seu tempo: o seu irmão, Orm (Wilson também num timing cômico super bacana). Assim, Aquaman 2 muda de suas cenas cheia de efeitos visuais gigantes, animações de personagens subaquáticos criados por efeitos especiais, cabelos que se movem debaixo d’água digitalmente e roupas coloridas para se transformar num buddy-trip movie onde Orm e Arthur partem em jornada para ir atrás de onde o Arraia Negra e seu time se esconde. 

Como falamos, o longa parece juntar vários tipos de filmes dentro dele, mas a edição um pouco mais brusca (e talvez por conta dos anos que o filme ficou em desenvolvimento e na pós-produção) ajudam a trama a correr, onde por mais que cheio de desvios e penduricalhos narrativos, é fluida e segue a maré.

As interações entre Wilson e Momoa são extremamente bacanas de se ver e os dois surfam nessa relação implicante entre irmãos e dão o tom para o longa de maneira geral. Kidman, Park e Heard estão ali de apoio, mas não ficam para trás em nenhum momento, e tem bastante importância para a narrativa. O mesmo vale para Abdul Matten II que realmente consegue trabalhar e desenvolver a figura do Arraia Negra mesmo que se esconda boa parte do tempo atrás do capacete do vilão.

Yahya Abdul-Mateen II em cena de Aquaman 2: O Reino Perdido.
Foto: Courtesy of Warner Bros. Pictures – © 2023 Warner Bros. Entertainment Inc. All Rights Reserved.

Inclusive, Wan no meio de excelentes efeitos visuais (até melhores que do primeiro filme) consegue imprimir um tom mais sombrio para o personagem e até mesmo dar um tom de terror e suspense para o filme. Em uma das cenas, por exemplo, o Arraia Negra se esconde no escuro como um verdadeiro assassino mascarado que circula por aí nos longas do gênero. E isso contrasta com o humor do filme que tem em Park e Wilson e Momoa para garantir boas sacadas. Menos uma que envolve insetos gigantes e um lanchinho no meio de uma excursão pela mata. Mas essa discussão eu deixo para quando o film twitter descobrir.

No final, Wan e Momoa fazem todos os personagens embarcarem nessa montanha russa aquática que marcou tanto esse lado da DC e os filmes de Aquaman ao longo dos anos.  O filme serve como uma nova aventura para o personagem, ao mesmo tempo como um capítulo final do estúdio e desses personagens. E não, nenhum outro personagem da DC, seja qual incarnação do Batman iríamos ter antes, dá as caras por aqui.

Aquaman 2 pode não terminar no auge e no ápice, mas fica claro que termina de uma forma divertida e numa boa nota. Quem sabe daqui uns anos, o mar não tá favorável e tenhamos uma nova reencarnação do personagem? Agora é com você James Gunn. 

Nota:

Ps: O filme 1 uma cena pós-créditos iniciais.

Aquaman 2: O Reino Perdido está em cartaz nos cinemas nacionais.

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