A Superfantástica História do Balão | Crítica: Suba no balão para uma viagem no tempo

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A banda infantil do Balão Mágico marcou uma Era, sem dúvidas. Os anos 1980 na TV são lembrados por diversos programas que movimentavam a audiência e fizeram o espectador ficar vidrado na frente dos aparelhos, afinal, diferente de hoje em dia, a TV era basicamente o único formato de entretenimento dentro das casas da população depois de ter substituído o rádio alguns anos antes.

Do Sítio do Pica Pau Amarelo, Os Trapalhões e Chacrinha, todos fizeram parte do boom de atrações nacionais que surgiram, e se proliferaram na TV brasileira. Mas um outro público alvo foi meio que descoberto nessa época, e se tornou um grande filão para as emissoras de TV, para os anunciantes, e para a indústria do entretenimento que engatinhava por aqui: o público infantil.

E embalado por uma sequência de hits de sucesso, de shows lotados, e de trazer alguma coisa basicamente inédita para época, a banda Balão Mágico continuou a explodir em popularidade e ganhou seu próprio programa na TV Globo. Assim, esse grupo infantil meio que estabeleceu uma nova forma do contato das crianças com esses cantores, e também acabou que firmou a programação infantil na grade da TV com os famosos desenhos que passam nas manhãs que ficaram no ar até o desaparecimento desse tipo de bloco infantil nos anos 2000 depois da implementação de diversas leis e regras sobre o tema.

E não só o programa foi um grande marco na história da TV, e da indústria do entretenimento brasileira de modo geral, mas também trouxe uma questão pouco explorada no país até então: os astros mirins e como lidar com o fato de que essas crianças eram tratadas, vistas, e que trabalhavam como adultos.

Assim, as crianças que formavam a banda, hoje adultos, Simony, Tob, Mike e Jair Oliveira Oliveira logo desde de cedo foram alçados a mega astros que levavam milhares de pessoas para os shows numa época onde as coisas eram extremamente diferentes do que temos hoje em dia em termos de trabalho infantil e da exposição que esses artistas que começam muito cedo tem.

Tob, Mike, Jair Oliveira e Simony na série documental A Superfantástica História do Balão.
Foto: PEDRO F RODRIGUEZ CHACAL/Star Originals. All Rigths Reserved.

E com três episódios, A Superfantástica História do Balão cai de cabeça nos bastidores dessa época e realmente parte numa nostálgica viagem do tempo, onde realmente, esses artistas fazem um olhar para os acontecimentos vividos nos anos 80, mas agora com um prisma adulto e com uma consciência atual de tudo que rolou. 

Estruturalmente, A Superfantástica História do Balão peca pelo formato zigzag da linha do tempo, onde ao longo dos episódios vai e volta nos acontecimentos sem muito especificar quando, e em quais momentos, cada das situações apresentadas aconteceram na linha do tempo da banda. É preciso realmente ter vivido, ou ter uma lembrança afetiva muito forte, de algumas coisas citadas por quem resolveu dar os depoimentos, para realmente abraçar a trama que soa confusa e desconexa para um espectador que não tem o conhecimento sobre o assunto.

Mas a atração acerta na ambientação, na estética visual, e principalmente na forma como esses depoimentos contam essa história e que entrega uma atração narrativamente interessante e empolgante de se assistir. Com depoimentos que não desviam das perguntas mais polêmicas, os produtores de A Superfantástica História do Balão conseguem mesclar os depoimentos dos cantores, dos produtores com os de fãs e assim criar um mosaico amplo e por diversas visões do que era, e o que representou a banda Balão Mágico.

Para o quarteto de crianças, hoje adultos, o Balão Mágico representava diversão e um tipo de família escolhida para essas crianças; para os produtores uma máquina de fazer dinheiro, e atualmente a vangloriação de ter se criado um mercado que não existia; e para os fãs como a banda ajudou a moldar a infância e o que o Balão Mágico representava.

E o mais curioso é ver o significado que o Balão Mágico tinha para cada um desses grupos naquela época, e como anos mais tarde, a mesma coisa representa para todos eles. Os depoimentos, principalmente de Tob, que são realmente os mais emocionantes de se ver. Já os de Mike mascaram um humor para lidar com a dor principalmente por conta do passado de seu pai muito citado nos depoimentos. O mesmo vale para Simony que ganha um papel de destaque na narrativa contada ao longo dos episódios ao realmente contar como a fama, e a sociedade da época, influenciaram a única mulher do grupo. E para Jair Oliveira, o Jairzinho que tem toda uma narrativa racial que é extremamente importante de ser contada. 

Assim, os produtores, ao reunir todos os depoimentos conseguem ter uma certa visão maior dos fatos, e ao longo da edição, pontuam para o público, algumas diferenças entre o que os participantes dizem quando se trata da forma como algumas coisas aconteceram e claro os percalços que a banda teve. Mas, particularmente, o que A Superfantástica História do Balão entrega de melhor, fica com a forma que instiga a conclusão sobre tudo o que rolou com essa banda, e a forma como se é mostrado, das consequências que fazer parte desse coletivo infantil trouxe para o psicólogo dessas figuras e como isso se refletiu nos adultos que eles são.

Mágoas expostas, um pouco de lavagem de roupa suja, e um verdadeiro resgate sem precedentes de um dos momentos mais marcantes da TV brasileira dão o tom para A Superfantástica História do Balão. No final, a atração, se debruça e olha para a nossa História, contada por quem viveu, e que apresenta para a geração do streaming um pouco do que ajudou a formar a cultura televisiva atual.

Sem dúvidas, A Superfantástica História do Balão entrega uma atração imperdível e faz uma viagem que definitivamente te fará querer embarcar nesse balão por algumas horas. 

A Superfantástica História do Balão disponível no Star+.

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