A Menina Que Matou os Pais – A Confissão | Crítica: Longa se livra das muletas e foca na investigação

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Acho que o maior mérito de A Menina Que Matou os Pais – A Confissão (2023) é realmente aparar algumas pontas soltas, concluir a história desse caso e arrumar algumas coisas que os dois primeiros filmes deixar a desejar ao contar a história de um dos maiores crimes da história investigativa do Brasil.

O terceiro filme, que chega no Prime Video, se livra das muletas narrativas de tentar contar a história pelas duas óticas, uma dos depoimentos da jovem Suzane (Carla Diaz) e a outra pelos depoimentos de Daniel (Leo Bittencourt), e realmente foca em contar a parte da investigação do caso após os eventos brutais da morte do casal Von Richthofen.

Elenco em cena de A Menina Que Matou os Pais – A Confissão.
Foto: Galeria Distribuidora/Santa Rita Filmes/Prime Video All Rights Reserved.

E isso faz maravilhas para a história, para o trabalho dos atores, e para a franquia de modo geral. Afinal, se os dois primeiros filmes trabalharam na ambientação dos eventos pré crime, e na construção psicológica do que levou essas três pessoas a cometerem os crimes, o combo anterior também, de certa forma, flertava com uma romantização sobre os eventos e até mesmo de quem seria o verdadeiro culpado, o terceiro filme coloca todas as cartas na mesa.

A Menina Que Matou os Pais – A Confissão trabalha com fatos, com a investigação da polícia e o que acontece durante o período entre os dias após a morte do casal até o final da sentença dada pelo juiz. De outubro de 2002, quando o crime aconteceu, até novembro do mesmo ano, quando o trio foi preso, A Menina Que Matou os Pais – A Confissão acompanha a investigação comandada pela investigadora Helena (Bárbara Colen) e os outros dois detetives (Che Moais e Arthur Kohl, muito bons) que começaram a ver que existia muita coisa estranha com essa história toda, com os depoimentos, e principalmente com a atitude dos três, principalmente de Suzane que passa de vítima para suspeita. 

Assim, o longa dá a chance para os atores interpretarem personagens mais complexos em suas atitudes e comportamentos, afinal, agora não tem essa de um ser bonzinho, e ter sido manipulado, A Menina Que Matou os Pais – A Confissão é visão do que aconteceu, eles precisam manter a fachada para desviar a atenção da polícia e da investigação.

Mas como vimos na vida real, as coisas não foram bem assim. E isso dá, principalmente  para Allan Souza Lima (vindo de novela e da série Cangaço Novo), uma oportunidade maior de mostrar seu trabalho do que pode fazer nos outros dois primeiros filmes. Afinal Cristian foi peça fundamental para a polícia conseguir montar e solucionar o quebra-cabeça que o trio deixou na casa e que não sustentava a ideia de um roubo seguido de morte.

Diaz segue com uma atuação fantástica de assistir na medida que vemos Suzane pirar e tentar se livrar da culpa a todo custo. Diaz consegue realmente incorporar as duas versões de Suzane dos outros filmes em uma só explosiva nova atuação. Em uma das melhores cenas do longa, bem no momento que o funeral está para acontecer, vemos a personagem escolher a roupa que vai usar e acaba no visual que ficou tão marcante no evento e aqui recriado de maneira tão precisa pela produção do filme. 

Bittencourt parece assumir o banco da carona nesse terceiro filme, mesmo que o ator mostre para que veio nos momentos finais, durante as cenas que os três personagens estão sendo interrogados pela última vez, depois que a investigação liga os pontos em relação a moto comprada por Cristian com parte do dinheiro roubado da casa.

É nesses momentos finais, que A Menina Que Matou os Pais – A Confissão ganha um fôlego gigante, uma tensão gigante, na medida que os três depoimentos são editados paralelamente e a pressão da polícia finalmente consegue a confissão dos três. Todos os três estão bem, mas Souza Lima realmente entrega uma das melhores passagens do longa aqui e realmente se destaca.

Elenco em cena de A Menina Que Matou os Pais – A Confissão.
Foto: Galeria Distribuidora/Santa Rita Filmes/Prime Video All Rights Reserved.

De maneira geral, sinto que A Menina Que Matou os Pais – A Confissão entrega uma produção mais robusta de se assistir, claro, muito por se beneficiar de um possível aumento no orçamento do filme, já que para esse terceiro longa, o Prime Video da gigante Amazon estava efetivamente em parceria com o filme, com um trabalho de produção e recriação de época super interessante.

No final, tudo isso faz com que o filme complete a história contada e todo o trabalho de construção desses personagens visto nos primeiros filmes, mas aqui vai mais fundo na parte da investigação criminal que agrega tudo que foi visto e apresentado.

Por mais que continuemos com alguns diálogos mais duros, e algumas cenas um pouco mais mecânicas da parte dos atores, na minha visão muito por conta do roteiro e de certas amarras narrativas, A Menina Que Matou os Pais – A Confissão consegue finalizar lá em cima esse arco sobre uma das histórias mais tenebrosas e alarmantes que já passou na história criminal brasileira.

Nota:

Onde assistir A Menina Que Matou os Pais – A Confissão?

A Menina Que Matou os Pais – A Confissão chega no Prime Video em 27 de outubro.

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