Turismo Selvagem | Primeiras impressões: Instigante, série mira em Big Little Lies e acerta em You

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De Garota Exemplar (2014), para Big Little Lies (2017), ou qualquer single de Taylor Swift lançado nos últimos tempos, tem sempre algum projeto, seja série, seja filme em que a trama é uma daqueles em que torcemos para alguma mulher se vingar, merecidamente, do parceiro.

E com Turismo Selvagem (Wilderness, 2023), essa trama de vingança acaba por ser um prato que se come frio. Frio mesmo pela certa frieza que a protagonista se apresenta em diversas situações, e cenários que bola para se vingar do seu parceiro e tudo mais.

Oliver Jackson-Cohen e Jenna Coleman em cena de Turismo Selvagem
Foto: ©Prime UK/Stefania Rosini. All Rights Reserved.

E talvez seja pelo fato que o seriado não banque a fórmula clássica de produções do gênero, e sim, entregue uma narrativa que tente dar uma certa complexidade para esses personagens, e para essa trama, maior do que deveria. Afinal, nada é gratuito em Turismo Selvagem, nada é uma linha reta, quando nós falamos de narrativa, vemos que uma certa ambiguidade sobrevoa alguns momentos, afinal, é por um ponto de vista que a história é cantada.

E fica claro que essa é a história da jovem Liv (Jenna Coleman). Narrada por ela, Turismo Selvagem é cheia de reviravoltas, de decisões planejadas e que claro não dão muito certo, de situações mirabolantes que passam pela cabeça da personagem na medida que ela descobre que Will (Oliver Jackson-Cohen), o seu recém-casado marido que ela mudou sua vida da Inglaterra para os EUA, a traiu.

Com a trama em zig-zag, pelo menos nos episódios iniciais enviados pelo Prime Video, e que navega entre a viagem do casal e os eventos do passado, Turismo Selvagem trabalha em tentar desconstruir esses personagens de seus arquétipos tradicionais do que podemos esperar de uma produção do gênero.

Assim, a série criada por Marnie Dickens, baseada no livro de mesmo nome de B.E. Jones, trabalha para fazer com que nós, os espectadores, caíssemos de cabeça na vida desses personagens, e claro, nos deixam do lado da protagonista. Afinal, nada vende igual uma mulher traída, certo? Turismo Selvagem expõe as rachaduras do relacionamento entre Liv e Will na medida que os segredos entre eles se tornam cada vez maiores depois que a protagonista, em uma noite, vê no celular do marido uma mensagem que não era bem uma para ela ver.

E tudo muda para Liv. Para pior, claro, afinal seus maiores medos se concretizaram: ela foi traída.

E Coleman faz um trabalho incrivelmente fascinante de se assistir. Das cenas que ela conta sobre seu passado para o espectador, ou da forma que ela pondera suas opções sobre como agir depois que descobre sobre o caso do marido, quando ela o confronta, e claro a forma como a atriz interpreta a personagem durante todas as etapas (pelo menos as que vemos!) quando tudo se desenrola. E principalmente quando relação já estremecida dos dois é colocada para ser testada, na medida que eles embarcam para uma viagem pelos EUA, onde a cada rota, e a cada parada, se mostra ser uma oportunidade perfeita para um acidente acontecer e Liv se vingar de Will.

Afinal, acidentes acontecem, certo? Ops. Um realmente acontece.

E no começo fica claro que Turismo Selvagem tenta beber da fonte de Big Little Lies, mas a atração não é tão refinada assim, e acaba por acertar em You na medida que vemos a protagonista costurar sua vingança, aos poucos, ao mesmo que fica obcecada em analisar friamente todos as possibilidades que ela tem, principalmente quando descobre quem é a mulher que Will a traiu.

Com Coleman muito bem na atração, Jackson-Cohen também faz um trabalho bacana de assistir em Turismo Selvagem, e bem na linha do que andou fazendo ultimamente, seja com a série da Maldição da Mansão Bly, ou até mesmo Surface do AppleTV+ e o longa O Homem Invisível (2020). Se você quer um homem bem apessoado, com ar misterioso mesmo que acolhedor, mas com cara de doido, Jackson-Cohen é o nome do momento. 

E realmente a série, e as atuações de Coleman e Jackson-Cohen fazem de Turismo Selvagem uma atração bem viciante de assistir, para querer saber o que vai acontecer com esses personagens.

Jenna Coleman, Eric Balfour, Ashley Benson e Oliver Jackson-Cohen em cena de Turismo Selvagem.
Foto: Copyright: ©Prime UK/Kailey Schwerman. All Rights Reserved.

Afinal, ao longo dos episódios nem tudo é o que parece ser. É divertido assistir as peripécias que o casal vive, e principalmente as coisas de Liv arquiteta depois que descobriu as escapulidas do marido. Seja ela o levar para visitar as montanhas sabendo que ele tem medo de altura, seja ela encontrar com ele no lobby do hotel quando ele já tinha marcado um novo encontro com a amante, quando ela deixa ele sem graça depois que fica “melhor amiga” de Cara (Ashley Benson), uma colega de trabalho de Will que se encontra com eles durante um passeio por uma trilha junto o namorado Garth (Eric Balfour) dela e os quatro passeiam juntos.

Só que o que Will não sabe é que Liv sabe que Cara é seu casinho. Climão né? Turismo Selvagem então faz essas peripécias narrativas que meio que se embolam na trama do relacionamento entre Liv e Will na medida algumas situações que acontecem nos apresentam novas camadas para esses dois.

Principalmente quando um acidente acontece, a polícia é envolvida, e ao longo dos flashbacks vemos mais detalhes do planejamento dessa viagem, mesmo sem ter certeza de tudo que aconteceu, ou com lacunas a serem completadas.

Turismo Selvagem faz uma série saborosa para uma maratona, são 6 episódios liberados de uma vez, e que apela para o inesperado, ao mesmo tempo que entrega nas boas atuações dos protagonistas.

No final, o que temos é uma atração irresistível de se acompanhar e de querer saber o que foi que rolou. É a típica definição de um guilty pleasure e tudo bem.

Turismo Selvagem chega em 15 de setembro no Prime Video.

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