Feriado Sangrento | Crítica: Eli Roth serve um slasher divertido

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A Black Friday tem adentrado na cultura brasileira por ser uma ótima oportunidade de negócios. Mesmo com o Aniversário Guanabara tendo se popularizado nas redes sociais nos últimos anos, o mercado nacional viu no dia após o feriado de Ação de Graças uma oportunidade perfeita para faturar antes das compras de Natal.

E o diretor Eli Roth também viu na data a oportunidade ideal de criar um slasher com o tema aqui baseado no trailer visto em lá Grindhouse (2007). E em Feriado Sangrento (Thanksgiving, 2023) essa combinação deu certo.

Roth pega toda a ambientação de terror que há anos ele vinha capitalizando depois do sucesso de O Albergue, lá em 2005, e aqui aplica um tom de comédia muito interessante de se acompanhar que só não se apresenta como um frescor para o gênero como também acaba por criar, o que podemos chamar, de uma nova franquia de terror com um novo assassino mascarado no estilo Ghostface e Michael Mayers.

Claro, a divisão entre comédia e terror não é tão bem feita em Feriado Sangrento, mas Roth e Jeff Rendell (que escreveu o longa a partir de uma ideia com Roth) conseguem de certa forma trabalhar bem os dois gêneros aqui mesmo que forma isolada e paralela ao longo do filme. Dos terrir (a junção de terror + rir) lançados nos últimos tempos, Feriado Sangrento não fica atrás e consegue garantir bons, divertidos, e aterrorizantes momentos e mostra que existe espaço para a sobremesa após a ceia.

De Freaky – No Corpo de Um Assassino lançado alguns anos atrás, para Pânico 6, até Totally Killer lançado no Prime Video alguns meses atrás, Feriado Sangrento se junta nessa nova leva de longas que abraçam o lado mais pirado, satírico e engraçado, de termos um bando de jovens sendo perseguidos por um assassino mascarado com planos mirabolantes, equipamentos de vigilância de última geração e tempo de sobra para stalkear e vigiar as pessoas.

Tomaso Sanelli,  Nell Verlaque, Addison Rae, Gabriel Davenport  e Jenna Warren em cena de Feriado Sangrento (2023)
Foto: © 2023 CTMG. All Rights Reserved.

A combinação entre os dois gêneros não está no nível da franquia Pânico, mas Roth como falamos, acerta em diversas outras áreas. Afinal, a parte mais bacana de Feriado Sangrento fica com a doideira de vermos a história se passar em plena comemoração de Ação de Graças (um dos feriados mais importantes dos EUA) e mesmo assim garantir que o espectador tenha bons momentos, tanto na parte mais cômica e satírica que Roth quer passar com longa, quanto na parte mais gore, e slasher.

Afinal, o Peregrino (a máscara vem do rosto de John Craver um dos primeiros líderes americanos na época que o país era uma colônia) mascarado é bastante inventivo nas suas mortes, onde ele tenta recriar uma ceia de Ação de Graças com as vítimas (para o mascarado, os culpados) que estiveram em uma promoção de Black Friday em um grande supermercado de uma cidade do interior dos EUA.

E com Feriado Sangrento, Roth apresenta esse time de jovens que passa na loja momentos antes de as portas se abrirem e as promoções de final de ano começarem a valer. Liderados pela mocinha, que já se apresenta com uma final girl em formação, Jessica (a relativamente novata e bastante expressiva Nell Verlaque), e seu grupo de amigos, os jogadores Scuba (Gabriel Davenport) e Evan (Tomaso Sanelli), o namorado Bobby (Jalen Thomas Brooks) e as melhores amigas Gabby (Addison Rae) e Yullie (Jenna Warren), o grupo está no olho do furacão quando as portas da mega loja da família da jovem, liderado pelo pai (Rick Hoffman, excelente em participações pequenas) e pela madrasta (Karen Cliche), abre as portas na madrugada de quinta-feira de Ação de Graças para a sexta-feira.

Assim, Roth abusa de cenas das mais surreais para vermos diversas mortes bem asquerosas durante os frenéticos 20 primeiros minutos do filme. Temos pessoas escorregando em sangue, gente morrendo por conta de estilhaços de vidros das portas, consumidores atropelados por carrinhos de compras, numa das mortes mais doidas do ano. 

E tudo isso, por estarmos na Era digital, é gravado e postado on-line. Assim, o jantar está servido para a situação dar margem para o surgimento de algum doido com uma máscara de latex pronto para atacar os moradores da cidade. Uma coisa típica de filmes de terror.

Patrick Dempsey em cena de Feriado Sangrento (2023)
Foto: © 2023 CTMG. All Rights Reserved.

Um ano depois dos acontecimentos, e a vida de todo mundo mudada, vemos o grupo de jovens, e diversos outros moradores da cidade, sendo mirados pelo assassino mascarado e seu plano doido. Jessica, o novo namorado Ryan (Milo Manheim) e os colegas, começam a receber ameaças, e já sentem que serão os próximos alvos do maluco que começa a sequestrar e esfaquear geral. Enquanto isso, o Xerife Newlon (Patrick Dempsey num bom ano com esse e Ferrari) começa a investigar os crimes logo quando as pessoas começam a desaparecer, o assassino postar nas redes sociais e os moradores começarem a ficarem preocupados.

E se o começo de Feriado Sangrento é maluco, a sensação que fica é que as mortes, e as peripécias que o assassino faz, só escalonam ao longo do filme, na medida que as motivações e os planos do mascarado são revelados aos poucos. Por mais que o roteiro de Rendell tente desviar as pistas, e apontar o dedo (ou seria a faca de cortar peru?) para todos os personagens, o longa resolve focar mais nas cenas que os personagens morrem e não tanto no mistério de quem é a pessoa por trás da máscara.

E olha que aqui em Feriado Sargento é uma cena mais grotesca que a outra, seja em uma cama de pular, ou numa casa abandonada com um freezer, ou quando uma das vítimas se olha no espelho e vê no reflexo o assassino. E enquanto o longa brinca com o suspense, e também com a comédia (a cena de um dos personagens se escondendo com manequins é hilária), a lista de suspeitos só aumenta, onde a revelação final, de quem é o mascarado, soa um pouco jogada e apressada, onde parece Rendell e Roth tiraram o peru do forno um pouco antes da hora programada. Mas eu confesso que fiquei surpreendido com a forma que tudo foi se revelando nos momentos finais. 

Nada disso impede de termos uma refeição completa com Feriado Sangrento que entrega uma nova mitologia de slasher e já entra no hall de bons filmes do gênero que servem para passarmos boas horas numa sessão de cinema. Colocar um doido mascarado perseguindo um bando de jovens nunca foi tão saboroso, e engraçado, de se assistir, como aqui com Feriado Sangrento.

Nota:

Onde assistir Feriado Sangrento?

Feriado Sangrento chega em 7 de dezembro nos cinemas nacionais.

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