Sócias em Guerra | Crítica

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– É estranho que nós ainda somos colegas de quarto?

– Quem liga se ainda vivemos juntas? Nós somos duas rainhas empoderadas igual aquelas lacradoras que criaram a Mulher-Maravilha ….

Sócias em Guerra (2020)

Sócias em Guerra (Like A Boss, 2020) passou um pouco batido pelo olhar do público geral, afinal foi lançado no começo do ano nos cinemas americanos e não teve uma bilheteria significativa e de destaque. E por aqui o estúdio não decidiu apostar na comédia de baixo de orçamento, dando suas atenções para Sonic – O Filme, seu grande lançamento até então. O que é totalmente compreensível, afinal, o longa estrelado por Tiffany Haddish e Rose Byrne faz a típica comédia clichê e descompromissada, aquele que vemos escondidos, mas que rimos o tempo todo num verdadeiro guilty pleasure.

Sócias Em Guerra | Crítica | Foto: Paramount Pictures

Com um humor ácido, estridente e debochado, Sócias em Guerra conta uma história sobre a amizade, e parceria feminina, entre Mia (Haddish) e Mel (Byrne) que soa bastante panfletário mesmo que envolvido numa maquiagem pesada para esconder que não. Afinal, por mais que tenha uma carinha de girl movie, Sócias em Guerra foi escrito (por Sam Pitman e Adam Cole-Kelly) e dirigido (por Miguel Arteta) por homens que acabam por não ter a mesma sutileza para tratar do mundo feminino que a comédia apresenta.

Mas a dupla de protagonistas consegue disfarçar muito bem todos esses problemas de gênero. Haddish, como sempre, está ligada no 220 volts e muitas das suas falas parecem ser feitas no improviso, o que deixa Sócias em Guerra com um humor bastante pastelão, mas extremamente delicioso de se acompanhar. Já Byrne parece que sempre faz o mesmo papel nessas comédias, mas aqui a atriz consegue criar uma personagem mais vibrante mesmo que se esconda quando outros comediantes mais experientes aparecem em tela junto com ela.

É o caso da atriz Jennifer Coolidge, como Sydney uma funcionária da empresa de cosméticos Mia&Mel que a dupla de protagonista trabalha e que leva seus nomes. E Coolidge sempre entrega boas sacadas quando em pequenas doses, juntamente, com a estrela em ascensão Billy Porter que acaba por ser não muito bem utilizado no filme como o funcionário Barrett, mas rouba as cenas todas as vezes que aparece servindo como uma voz da consciência para o grupo de colegas na empresa.

Salma Hayek in Like a Boss (2020)
Sócias Em Guerra | Crítica | Foto: Paramount Pictures

O mesmo vale para a representação caricata de Salma Hayek que para compôr a mega empresária do ramo de cosméticos Claire Luna, parece ter pego emprestada a dentadura do ator Rami Malek em Bohemian Rhapsody. O embate corporativo entre Claire Luna e a dupla Mia e Mel, depois que a empresária compra a pequena empresa das amigas, movimenta o filme, e quase coloca a rivalidade feminina como uma coisa ruim e negativa, a linha está ali para ser cruzada e Sócias Em Guerra ocila bastante nesse quesito.

O roteiro de Sócias em Guerra entrega o famoso filme de superação, e de uma trama Davi vs Golias, pequenas empresas vs multinacionais, mas também entrega tudo com um humor bastante afiado, onde fala sobre a importância da amizade, de não se deixar julgar pelas aparências e não se esconder por trás de maquiagens para não encarar seus problemas de frente. 

Divertido, com humor non-sense e piadas cretinas, Sócias em Guerra faz um filme para uma noite das garotas, uma comédia completamente descompromissada, que entrega aquilo que propõe no seu trailer: boas risadas e um escapismo durante algumas horas. No final, o combo de uma trama exagerada, e com muitos fru frus, consegue proporcionar boas gargalhadas, mesmo que a trama do filme não fique na memória por muito tempo.

Avaliação: 3 de 5.

Sócias em Guerra disponível para aluguel e compra digital.

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