Sharper | Crítica: Nada é o que parece ser nesse suspense afiado e cheio de reviravoltas

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A nova produção da produtora queridinha dos cinéfilos, a A24 chega diretamente no Apple TV+ aqui no Brasil e não deixa de ter uma jeitão de produção do estúdio e do um lançamento de streaming. Com um elenco cheio de nomes bacanas, Sharper – Uma Vida de Trapaças (Sharper, 2023) se apoia nesses atores para nos entregar um suspense afiado e cheio de reviravoltas.

Visualmente chamativo, e com uma trama que nos intriga desde do começo, em Sharper nem tudo é o que parece ser e isso faz maravilhas para o longa. É como, se num primeiro momento, nós fôssemos jogados para uma história de amor, onde os roteiristas Brian Gatewood e Alessandro Tanaka nos entregam no meio de uma história clássica de garoto encontra garota, um grande e chamativo novelo de lã todo embolado e que aos poucos o espectador acha as pontas e começa a desembolar esse fio que nos leva para uma história de cobiça, golpes e armações.

Briana Middleton e Justice Smith em cena de Sharper.
Foto: Courtesy of Apple Studios

É bom ir assistir Sharper sem saber muito do filme, no máximo assistir o trailer, por que as reviravoltas e a experiência de assistir os desdobramentos que a trama tem, é que dá a grande graça para esse suspense.

Se você souber de ante-mão, o que vai acontecer, talvez não se divirta tanto assim com ele. Afinal, em Sharper sempre existe a chance de uma reviravolta acontecer, e nenhuma reviravolta é pouca para esse filme. A estrutura narrativa que o longa oferece dá a chance para cairmos de cabeça nessa história, nas vidas desses personagens, e conhecer mais sobre o que eles planejam e o que eles querem. Com uma trama não linear muito bem contada, dividida por capítulos assim por dizer, e que vai em zig-zig no tempo, Sharper se garante para entregar uma história empolgante de se assistir na medida que conhecemos o jovem Tom (Justice Smith), um melancólico dono de livraria que vê sua vida mudar quando a jovem estudante Sandy (Briana Middleton) entra no local em busca de um livro raro, cheia de sagacidade, um charme garota da porta ao lado, e com o mesmo interesse em livros e cultura literária que ele.

E na medida que esse casal, no melhor estilo de You (da Netflix) se conhece, nós como espectadores sabemos que alguma coisa está errada com essa trama cheia de coincidências, e que no final, pelo menos nesse começo, envolve uma quantidade enorme de dinheiro que Tom dá para a recém conhecida moça, ajudar o irmão a se livrar de uma aposta. 

Vai se danar por dizer que somos estranhos. Sem spoilers, mas o final do “capítulo” sobre o jovem Tom abre uma série de possibilidades para Sharper que garante que o espectador ficará vidrado na medida que descobrimos mais sobre a jovem Sandy e a introdução da figura de Max (um carismático Sebastian Stan) para a trama. Stan está ótimo, mas sinto que falar sobre ele estraga um pouco o que o longa oferece, mas o papel cai como uma luva para o ator que tem escolhido bem seus papéis mais recentes na medida que capitaliza seu sucesso no Blockbuster da Marvel Studios e tem se jogado nas produções mais indie e autorais enquanto curte uma folga de Bucky.

Assim, na medida que a história avança, e cada capítulo nos joga para mais a fundo para essa trama, outros personagens pipocam em tela, e garantem que a trama se expanda para o casal de pombinhos dos primeiros minutos e passe para o mundo da elite de Nova York, onde conhecemos o multimilionário Richard Hobbes (John Lithgow) e sua noiva Madeline (Julianne Moore numa atuação incrivelmente boa).

Sebastian Stan, Julianne Moore e John Lightgow em cena de Sharper.
Foto: Courtesy of Apple Studios

Com um ar meio noir, mas ao mesmo tempo moderno, e com uma edição que brinca com as mesmas cenas contadas de diferentes ângulos, Sharper usa esse grupo de personagens para contar uma história de gato e rato, onde existem muitos gatos, e muitos ratos ao mesmo tempo. Sharper desperta curiosidade a cada capítulo, onde a cada final de um deles, sempre nos deixa colado em tela para saber o que vai acontecer com cada personagem, na medida que esse jogo de xadrez sofisticado e cheio de jogadas, se desenrola.

Claro, alguns efeitos visuais deixam a desejar, afinal, em muitas cenas, por conta da pandemia, deixam claro que esses atores não estiveram em cenas juntos, mas é tudo sobre um grande espectáculo de ilusão que o diretor Benjamin Caron nos apresenta com esses personagens, na medida que as cenas ajudam a contar as motivações e o que eles estão dispostos a fazer, mesmo que algumas vezes, alguns momentos soam bem surreais, para conseguirem o que querem.

Temos algumas coincidências narrativas, como se tivéssemos em um grande livro de mistério barato, mas nada que não impeça, de curtimos as reviravoltas que o longa oferece, que são muitas, e que envolvem quase todos personagens.

Como falamos, nem tudo é o que parece ser, e muitas das pistas são atiradas em tela, sem muita cerimônia.

No final, Sharper entrega um quebra-cabeça convidativo e cheio de boas atuações, principalmente de Moore e Stan que são de longa as melhores coisas do longa, na medida que esses ambíguos personagens tentam sair do embolado novelo de lã que são colocados. Em quem você confia?

Avaliação: 3.5 de 5.

Onde assistir Sharper – Uma Vida de Trapaças?

Sharper – Uma Vida de Trapaças está disponível no AppleTV+.

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