Samaritano | Crítica: Sylvester Stallone tem poderes em fraco longa de ação sobre super-heróis

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Com Samaritano (Samaritan, 2022), a produtora americana MGM tinha a ideia de apostar em mais uma produção que fosse adentrar e explorar o gênero de super-heróis, tão lucrativo nos últimos tempos. E para isso, um dos chamarizes seria ter o ator veterano em Hollywood, Sylvester Stallone para liderar o elenco desse longa de ação.

Com um lançamento programado nos cinemas até pouco tempo, Samaritano até tenta entregar alguma coisa diferente do que vemos por aí, mas acaba por cair em uma bela armadilha. Aquela de tentar fugir um pouco da fórmula, mas que nem assim consegue entregar alguma coisa diferente, e sim, uma bem mediana em suas quase 2 horas de duração e lançado agora diretamente no Prime Video.

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Javon “Wanna” Walton e Sylvester Stallone em cena de Samaritano
Foto: © 2022 Metro-Goldwyn-Mayer Pictures Inc. All Rights Reserved.

Samaritano vai na linha de produções como The Boys, O Legado de Júpiter e até mesmo Watchmen, mas parece tropeçar em questões muito simples…. e o que é até uma boa ideia no papel, se torna alguma coisa que demora para engajar com a audiência. No mundo do filme temos dois irmãos super-poderosos: Samaritano e Nemesis que lutam cada um de um lado do prisma entre ser bom e ruim. Logo nos primeiros momentos do filme, via flashbacks, descobrimos que Samaritano ajuda as pessoas, e Nemesis tem outra visão para o mundo, e acaba por ser o antagonista do irmão.

E Samaritano como filme, é um que aposta mais no tom Zack Snyder, do que na fórmula da Marvel Studios. O filme é escuro, a cidade é escura, suja, perigosa e violenta, e no meio disso tudo, temos um garotinho que precisa lidar com diversos problemas e que se agarra em uma coisa: O Samaritano está vivo.

Sim, anos atrás, Samaritano e Nemesis lutaram como o Batman lutou contra o Superman, um encontro de dois grandes personagens, só que as coisas não acabaram bem para nenhum deles. Quer dizer, segundo uma legião de conspiradores, Samaritano sobreviveu e vive por aí recluso na medida que a cidade de Gotham, digo a cidade que o filme se passa, caiu no caos, e nas mãos de gangue locais. Assim, o jovem Sam (Javon ‘Wanna’ Walton das séries Euphoria e The Umbrella Academy) precisa ser safo para lidar com seus problemas do dia-a-dia, seja o pouco dinheiro que sua mãe Tiffany (Dascha Polanco) ganha no trabalho como funcionária de um hospital, o fato que eles tão sempre à beira de serem despejados do lugar que moram, ou do bullying que ele sofre dos outros garotos.

Mas fica claro em Samaritano que Sam é um garoto esperto e não tem medo de encarar os perigos que se apresentam para ele. E como falamos, ele é um dos que acredita que Samaritano está vivo. E Sam teve sua cota de suspeitos ao longo dos anos: o carteiro, o moço que ele viu na rua e etc. Mas agora ele tem uma nova pessoa que ele acha ser o antigo super-herói: seu vizinho Joe Smtih (Sylvester Stallone).

O que alimenta as suspeitas de Sam é um evento em que Joe se revela ter ter super força e o salva de apanhar de uma gangue na rua em outro dia. E é assim basicamente que a trama de Samaritano se desenvolve: Com um garoto na suspeita que seu vizinho é um antigo super-herói.

A relação entre o personagem de Stallone e de Walton dá a chance para o filme se aproveitar dessa dinâmica de adolescente desbocado e um cara mais velho que até que é bem aproveitado pelo filme. Stallone tá na sua forma mais travada possível, ao mesmo tempo que Walton esbanja carisma. Mas é basicamente só isso mesmo. Tudo em Samaritano tudo é meio que travado e sério demais.

Samaritano se leva a sério demais quando se vê claramente que no meio das situações absurdas que o filme se apresenta, o texto de Bragi F. Schut teria que ir para outro lado.

Pilou Asbæk em cena de Samaritano
Foto: © 2022 Metro-Goldwyn-Mayer Pictures Inc. All Rights Reserved.

Até mesmo quando a trama do longa ganha um pouco de gás, quando vemos que Sam começa a se infiltrar na gangue do chefão do crime Cyrus (Pilou Asbæk, bem, mas tão mal aproveitado aqui) que tem seus próprios planos para dominar a cidade.  O longa meio que trabalha muito com a impressão que os personagens são muito preto no branco, e que o mundo é dividido entre vilões e heróis, mocinhos e caras malvados, até que de uma hora para outra começa a desconstruir tudo isso, de uma forma não muito bacana e quase desleixada em termos de narrativa.

Seja as alianças que Sam constrói ao longo do tempo com a gangue de Cyrus e com o vizinho Joe, ou até mesmo o tal plano do criminoso, o de querer roubar o uniforme e a máscara do vilão Nemesis e seu martelo do poder para tocar o terror na cidade, o filme nunca vai para frente.

O roteiro de Samaritano lida com algumas questões que são debatidas nos longas de super-heróis por mais de quase 20 anos e realmente não entrega nada de novo, ou que vale a pena ser discutido mais uma vez aqui. São personagens extremamente opacos, sem carisma nenhum, quer dizer,  Walton e Asbæk até estão bem aqui, mas nada que ajude Samaritano a realmente engrenar.

Nem as cenas de ação, nem as de combate, e muito menos a reviravolta que o roteiro entrega nos seus momentos finais ajuda o filme a ter um charme próprio e não ser mais do que apenas mais um dentro gênero e fraco em sua execução. É tudo mais do mesmo, mesmo. Lançado em um ambiente extremamente competitivo, e no momento que o gênero do super-herói se encontra, e com as histórias que são contadas atualmente, Samaritano parece um pouco de desperdício de talento.

No final, mesmo com as melhores intenções e uma boa ideia, Samaritano parece nunca atingir aquilo que o roteiro tenta flertar, infelizmente. 

Avaliação: 2 de 5.

Samaritano chega em 26 de agosto no Prime Video.

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