Run Sweetheart Run | Crítica: Empoderamento feminino em sangrento filme de terror

Corre moça!

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A concepção do que é o terror hoje em dia é muito ampla. E lá em 2020 quando Run Sweetheart Run (2022) foi exibido pela primeira vez no Festival de Sundance, o movimento #MeToo tentava colher frutos de tudo que rolava, e de toda a repercussão que assolou Hollywood naqueles últimos anos.

Não tínhamos pandemia, o mundo era outro, e o gênero também estava em outro momento. Mas depois de quase três anos, o longa chega no Prime Video e mostra que realmente algumas coisas, narrativamente falando, pouco mudaram. A diretora Shana Feste (de dramas como Limites e Amor Sem Fim) consegue com Run Sweetheart Run debater questões, conceitos e provocar uma reflexão sobre diversos temas super atuais, aqui apoiados em uma noite brutal e sangrenta que a jovem Cherie (Ella Balinska) vive depois que um encontro às cegas com Ethan (Pilou Asbæk), um cliente da empresa que trabalha, vira um evento traumático e ela precisa literalmente correr para sobreviver.

Run Sweetheart Run
Ella Balinska em cena de Run Sweetheart Run
Foto: Courtesy of Prime Video © Amazon Content Services LLC

E Run Sweetheart Run é um filme caprichado visualmente e que usa muita simbologia para contar essa história num boa trabalho da equipe de produção, sem dúvidas. Mas também parece que para por aí. Seja nas pequenas dicas que o roteiro de Shana Feste, Keith Josef Adkins e Kellee Terrell dão para um determinado acontecimento que surge na trama do longa lá pela sua metade e que muda nossa visão sobre a história, ou ainda as pequenas interações do longa com o espectador, seja em placas de “Não é a saída”, nos letreiros de CORRA! que aparecem na tela, ou até mesmo quando Ethan assume o comando da câmera nas cenas mais pesadas numa quebra da quarta parede bem interessante.

Assim, Run Sweetheart Run vai por desenrolar essa trama que se torna uma muito maior do que apenas veremos Cherie tentar escapar de um agora transtornado Ethan que propõe um acordo com a jovem depois que ela foge de suas agressões pela primeira vez: “vou te caçar e você tem até o dia amanhecer para escapar e tentar sobreviver.”

O longa então coloca essa situação de jogo de gato e rato para contar essa história e une isso com camadas de empoderamento feminino, sororidade e que a união faz a força de uma forma bem interessante mesmo que no começo tudo parece um pouco mais forçado do que deveria. Seja por conta do retrato que o texto faz do ambiente em que Cherie vive, seja pelos percalços que a jovem passa no dia-a-dia, ou sua ambição em se tornar uma advogada, ou até mesmo finalmente parece ter encontrado um príncipe encantado na figura do carismático Ethan, um dos clientes mais antigos e influentes de seu chefe James (Clark Gregg), até chegar no momento que ela começa a reunir as pistas para tentar não só sobreviver mas lutar contra seu agressor na medida que as coisas mudam de rumo e partem para um lado um pouco mais fantasioso do que a realidade brutal que a personagem viveu ao longo das horas, após sair da reunião de trabalho que virou um encontro em potencial.

Run Sweetheart Run
Pilou Asbaek e Ella Balinska em cena de Run Sweetheart Run
Foto: Courtesy of Prime Video © Amazon Content Services LLC

Talvez essa virada na história não agrade muita gente, mas Run Sweetheart Run dentro do contexto do filme, a entrega da maneira mais natural possível. Eu particularmente fui pego de surpresa e realmente tomei um susto quando uma das cenas mais pesadas do filme acontecem e envolvem Cherie, seu ex-marido Trey (Dayo Okeniyi) e uma noite de filmes com O Massacre da Serra Elétrica rolando na TV. Assim, Run Sweetheart Run abraça essa virada exagerada, e trabalha com sua história para nos apresentar para uma certa mitologia que faz o longa se jogar no inesperado e continuar a perseguição de Cherie e de Ethan noite adentro, mas com outros olhos.

Balinska tem se destacado no gênero depois de ter estrelado a nova versão de Resident Evil para a Netflix e aqui está muito bem, totalmente entregue para a personagem e sustenta o filme. O mesmo vale para Asbæk. O ator dinamarquês que depois de sua participação em Game of Thrones tem aparecido em diversas outras produções e sempre entrega um personagem dos mais amalucados possíveis, e aqui não é diferente. O olhar maníaco, com um pouco de humor, deixam a figura de Ethan sedutora e repulsiva ao mesmo tempo. Balinska e Asbæk tem uma troca muito boa de se assistir, onde a relação que eles entregam em tela é uma não dá para correr os olhos da tela em nenhum momento, queridos leitores.

No final, Run Sweetheart Run entrega algumas sequências visuais bem legais, seja na corrida de Cherie contra o tempo, ou até mesmo da forma como essa nova final girl em potencial tenta driblar essa ameaça.  

Avaliação: 3 de 5.

Run Sweetheart Run disponível no Prime Video.

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