Recruta | Crítica: Carisma de Noah Centineo dita o tom em boa série de espionagem

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Às vezes para um projeto dar certo, ou até mesmo ser aprovado, você precisa apenas de uma pessoa, um protagonista, bem escalado, e tudo se encaixa ao seu redor. E sinto que é isso que acontece com a nova série da Netflix chamada Recruta. Liderado pelo astro em ascensão criado pela própria Netflix, Noah Centineo é a força que move essa nova atração de espionagem da plataforma.

Noah Centineo em cena de Recruta.
Foto: Courtesy of Netflix © 2022

O carisma do ator, a carinha de bom moço que faz sucesso em comédias românticas teen e o timing cômico entregue aqui são os fatores que ditam o seriado, e que a fazem se diferenciar de outras produções do gênero. O Owen Hendricks de Centineo é o primo mais “cool” do Jack Ryan de John Krasinski, aquele que possivelmente tá no TikTok e sabe tudo que rola em outras redes sociais. E não esperem de Recruta a mesma seriedade de outras produções de espionagem, aqui o tom está mais para a A Espiã Que Sabia de Menos (2015) e Meu Ex É um Espião (2018) do que para a franquia Bourne por exemplo.

Mas Recruta tem todos os fatores que fazem uma série de espionagem dar certo. Um caso principal intrigante, onde as pistas são dadas aos poucos para nós os espectadores montarmos esse caso juntamente com o advogado da CIA de Centineo, boas reviravoltas que acontecem ao longo dos episódios, e uma aventura global por diversos países do mundo, onde não importa o quanto tempo leva um voo dos EUA para Beirute , no Líbano, afinal, em dois tempos nossos personagens estão de solo americano para solo estrangeiro.

E Recruta realmente consegue ter um charme próprio, como falamos muito graças ao trabalho de Centineo, mas também como se fosse quase uma comédia de escritório dentro da CIA. E o roteiro dá para os personagens esse tipo de chance de trabalharem esse lado mais cômico e entregar essa visão bem sarcástica do que é a organização e as pessoas que trabalham lá. Afinal, vemos o jovem Hendricks em seu primeiro dia na organização de inteligência, onde tudo é novidade, e o personagem vai perceber que será preciso muito mais que um bom papo e seus olhinhos conquistadores para dar certo nesse trabalho.

E realmente o time de produção deixa a atração o mais realista possível. Afinal, as perguntas que Owen se pergunta, principalmente no começo da atração, são extremamente válidas para quem não efetivamente trabalha na organização. Em uma missão, eu alugo um carro? Como eu peço uma passagem? Eu uso meu próprio passaporte? Como funciona para não ter um caso exposto? O que fazer quando o Senado te pede para depor em uma audiência?

O começo de Recruta é muito vermos Owen sendo sacaneando pelos dois colegas Lester (Colton Dunn, ótimo) e Violet (Aarti Mann) na medida que eles se veem ameaçados pelo novo colega, onde fica claro que é cada um por si na CIA. É uma coisa meio Ted Lasso só que em vez do mundo do esporte, temos o mundo da espionagem. E claro, ele por tentar conseguir se sair bem na medida que recebe um caso, e uma grande pilha de ameaças contra a CIA que podem ou não podem ser verdades, e tromba com uma carta de uma detenta que diz ter informações confidenciais da organização e que quer contar para o mundo. 

Recruta então trabalha nas relações de Owen com diversos núcleos, o profissional com os colegas, e o chefe Walter Nyland (Vondie Curtis-Hall) que faz como quase todo chefão de organização de inteligência, trabalha na linha misteriosa de ser um personagem ambíguo moralmente ou o grande vilão da atração, e ainda o lado pessoal, com suas motivações de por que quis o trabalho na CIA, e as dinâmicas com os colegas de quarto, a ex-namorada Hannah (Fivel Stewart)Terrence (Daniel Annoh).

Claro, muitos dos personagens só estão ali para orbitar ao lado do personagem de Centineo em cena e aparecem quase sempre ao lado do protagonista, mas aos poucos na temporada ganham sua importância para a atração. 

Laura Haddock em cena de Recruta.
Foto: Philippe Bossé/Netflix © 2022

Quem realmente é o destaque, ao lado de Centineo, é a atriz Laura Haddock como Max Meladze. Sua detenta é uma personagem complexa, misteriosa, completamente imprevisível e que realmente sabe se movimentar no sistema muito bem. E fica claro desde do começo que ela é uma pessoa que você não quer cruzar o caminho.

Mas não todos os vilões de Bond são assim? Haddock trabalha de uma forma que você sente que a personagem tem mais para entregar do que ser uma vilã opaca e unidimensional. Claro, as algumas coisas são muito fáceis em alguns momentos, mas ajudam o seriado a ser ágil e não ficar desperdiçando momentos para explicar certas coisas. Max é um gênia do crime, e é definida assim pela atração, lide com isso.

A temporada só vai numa crescente onde os episódios mais para o final entregam uma dose de reviravoltas e cenas de ação bem interessantes, onde o seriado ganha uma proporção muito maior do que eu esperava

Os destaques dessa primeira temporada ficam com 1×04 – Se Fizer Como Anderson Cooper, o 1×06 – Eu aperto, eu solto e o combo do final da temporada 1×07 – Estreia na Espionagem e 1×08 – Quem c*ralhos é Owen Hendricks?

No final, para os fãs de atrações de espionagem, Recruta entrega uma agradável e divertida surpresa para um seriado de final de ano na Netflix. Extremamente maratonável. 

https://www.youtube.com/watch?v=eJGYyH7FI0w
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