Power | Crítica: Netflix chuta a porta e entra pela porta da frente no mundo dos super-heróis

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Ora ora ora… finalmente um filme blockbuster da Netflix que sobrevive o hype antecipado e entrega um bom filme e bem longe de ser mediano como tem acontecido nos últimos meses. Power começou com uma boa ideia – uma pílula dá poderes especiais para quem toma durante apenas 5 minutos -, nos apresentou um bom e alucinante primeiro trailer, e agora chega na Netflix cumprindo aquilo que prometeu: uma explosiva história de ação liderada por dois atores veteranos de Hollywood.

Assim, Power (Project Power, 2020) entrega uma boa, brutal e divertida aventura no mundo dos super-heróis.

Power | Crítica
Foto: SKIP BOLEN/NETFLIX

E com Power, a Netflix entra pela porta da frente nos filmes do gênero, sem pedir licença, e com a ajuda da pílula especial, chuta a porta e realmente entrega um blockbuster para chamar de seu. Esqueça Resgate (2020) e The Old Guard (2020), Power é o blockbuster da Netflix para o ano, e o filme que você deve prestar atenção na plataforma. Ponto final.

Desde dos arcos narrativos cheio de reviravoltas, até as sangrentas lutas corporais que são muito bem coreografadas, passando pelo tom bem humorado de algumas passagens, Power faz um filme certinho para agradar o público dos filmes da DC Comics e da Marvel Studios. Diríamos até que, em partes, Power é o The Boys da Netflix.

E esqueça as roupas colantes, as máscaras que tapam toda a cara, aqui temos pessoas comuns que ganham poderes especiais, mesmo que por 5 minutos, ao tomarem uma droga que inunda as ruas de Novas Orleans. E por mais que seja apenas por 5 minutos, quem não gostaria de descobrir um poder único, não é mesmo? Mas como diria o bom e velho Tio Ben, da franquia Homem-Aranha, “com grandes poderes vem grandes responsabilidades” e vemos aqui que em Power muita gente acaba por não ter uma atitude altruísta quando recebe os tais poderes especiais.

Temos assaltos à bancos, roubos de pessoas transparentes, e até mesmo corrupção rolando a solta, tudo por conta da tal pílula especial que dá poderes, mas tem tem gente tentando fazer o bem sim, é o caso de uma adolescente (Dominique Fishback), um policial (Joseph Gordon-Levitt) e um ex- soldado (Jamie Foxx) que se unem em uma empreitada para descobrir mais sobre a tal droga. Claro, cada um à sua maneira, e de formas bastante duvidosas. Mas se até mesmo os vilões de Esquadrão Suicida (2016) se uniram para salvar o mundo, por que não esse trio de pessoas completamente diferentes uma das outras, e com intenções ainda mais diferentes, não é mesmo?

O roteiro de Power, escrito por Mattson Tomlin que escreveu também o novo filme do Batman junto com Matt Reeves, sabe bem dosar as tramas pessoais dos personagens, apresentar as ameaças para eles, e incluir o mistério sobre o que é? e quem distribui? a droga especial. Power mostra uma cidade de Nova Orleans suja, sem vida, e realmente largada ao destino, ah lá Gotham City e claro uma corporação mega evil e pessoas misteriosas por trás que são responsáveis por colocar a droga em circulação. E tudo isso dá um charme bem interessante para o filme, particularmente, eu me senti completamente dentro da história, querendo saber mais desse mundo, como se realmente tivéssemos acompanhando um filme que adapta histórias em quadrinhos conhecidas.

Power entrega todo esse pacote e proporciona uma instigante jornada para vermos as motivações de cada um dos nossos protagonistas na busca pelos reais patrocinadores da droga, quem está tirando vantagem com ela, e ganhando uma tonelada de dinheiro. O soldado Art (Foxx) quer encontrar sua filha que desapareceu há anos quando ele foi cobaia do experimento, a jovem Robin (Fishback) vende o produto para ajudar a mãe doente, e o policial Frank (Gordon-Levitt) só está fazendo o seu trabalho de deixar a rua limpa e trabalha para impedir os bandidos que usam a substância. Mas o engraçado do filme é que boa parte deles precisa usar a tal substância para combater a sua distribuição. E os efeitos especiais para isso são muito bons e realmente a Netflix não poupou esforços, onde em Power eles estão bem melhores do que em Bright (2017), por exemplo.

Power | Crítica
Foto: COURTESY OF NETFLIX © 2020

E é tão bom também vermos Rodrigo Santoro no meio disso tudo, com um personagem ah lá Coringa completamente alucinado pelo produto que ele mesmo vende e consome, onde o brasileiro mostra para que veio e realmente rouba todas as cenas que aparece. Santoro realmente galga seu lugar em Hollywood, uma super produção de cada vez, e realmente está muitíssimo bem no papel.

E a maravilhosa atuação de Santoro é vista em um dos ápices de Power, onde temos a cena da negociação da droga para grupos de potenciais compradores, um dos melhores momentos do filme e realmente uma passagem que marca o longa. Os diretores Henry Joost e  Ariel Schulman trabalham na cena vista dentro de uma câmara de congelamento (igual Frozen!), onde a câmera está dentro dela, e mostra as cenas do lado de fora com a porrada comendo solto, onde a dupla faz da passagem um prazer visual de se acompanhar e um grande acerto criativo e técnico da equipe de produção.

Por mais que algumas passagens soem um pouco forçadas, principalmente quando descobrimos como a pílula foi criada e realmente de onde os poderes vem, e do texto abusar da técnica do foreshadowing, quando o roteiro te dá pistas que parecem ser apenas informações jogadas sem muito sentido, mas lá na frente se mostram partes importantes da trama, Power consegue sacudir tudo isso e nos entrega surpresas que eu não estava esperando.

Aliado com a boa química entre Fishback, uma revelação, e os atores veteranos Gordon-Levitt e Foxx – num bom ano nos filmes vindo aí com a animação Soul da Pixar -, Power pode se tornar uma franquia de filmes na Netflix que eu preferia muito mais de acompanhar do que os filmes do serviço de streaming que estrearam este ano e foram citados lá em cima.

A combinação de uma história empolgante, com cenas pesadas e gráficas – o filme ganhou a classificação R lá nos EUA – Power faz uma produção de super-herói sem ser de super-herói, desenhada a mão para os amantes do gênero. O algoritmo da Netflix parece ter tomado a pílula especial, ganhou novos poderes que o fizeram analisar novos conteúdos, fora do padrão comédias românticas, e produções teen, onde Power entrega um entretenimento certo para o momento certo, onde o público que espera as aventuras de super-heróis mais conhecidos dos quadrinhos retornaram para a tela grande pode dar play no longa, na telinha, sem medo. 

Avaliação: 3.5 de 5.

Power chega na Netflix no dia 14.

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