A mordida do Urso realmente pegou Hollywood de surpresa, afinal, sem muita divulgação, com um elenco de nomes praticamente desconhecidos conseguiu entregar uma atração incrivelmente boa sobre o dia-a-dia caótico de um restaurante/bar/boteco em Chicago que ganha um novo chefe vindo do mundo da alta gastronomia. Assim, o primeiro ano explodiu, virou assuntos nas redes sociais e colocou a série no menu de produções mais faladas por ai.
E ao focar na história de Carmen ‘Carmy’ Berzatto (Jeremy Allen White) e o processo de luto que o personagem sofria por conta da morte do irmão que administrava o restaurante The Beef, o seriado trouxe uma atração que realmente soube aproveitar todos segundos dos seus episódios de 30 minutos para entregar uma série que realmente soube abraçar o espectador como um cafézinho depois do almoço, ou aquele chocolatinho no meio da tarde.
Com um texto delicioso, e atuações extremamente interessantes de se assistir, O Urso logo se estabeleceu como uma das atrações imperdíveis da temporada americana e que pipocou em boa parte das listas de melhores de 2022 no final do ano passado. E agora com o segundo ano, o urso ruge mais uma e mostra por que O Urso continua a ser uma das melhores séries no ar atualmente.
Foto: Hulu/Star+. All Rights Reserved.
Com um ritmo frenético e piscou, perdeu, altas reviravoltas em sua história, O Urso volta para abraçar o caos mais uma vez depois que o destino da lanchonete The Beef é firmado e a equipe de funcionários encontra toneladas de dinheiro guardadas no local. Assim, com o retorno dos chefes millennials Sydney (Ayo Edebiri) e Marcus (Lionel Boyce), a dupla juntamente, com o chefe Carmy, resolve transformar a simples lanchonete em um restaurante com uma comida sofisticada e vão em busca da prestigiada estrela Michelin. Esse é o plano. Se eles vão conseguir, é outra questão.
E no segundo ano, O Urso sofre uma TedLassão, onde deixa o protagonista um pouco de lado para focar nos carismáticos e interessantes personagens coadjuvantes que ganham bem mais espaço no prato nos novos episódios. Afinal, assim como a atração do time de futebol, em O Urso são esses personagens que dão o tempero ideal e que ajudam a deixar a atração entregar mais uma vez uma refeição completa.
Claro, a trajetória e a jornada Carmy (White incrível e uma das atuações mais impressionantes da temporada) tanto psicológica e pessoal, quanto profissional continua, mas o segundo ano também leva um tempo necessário para focar um pouco mais nas histórias pessoais desses outros funcionários, que são bem mais desenvolvidos do que apenas os seus trabalhos na lanchonete e por comporem o coro de dizer “Atrás, Chefe.” e “Sim, Chefe.”
Com os personagens unidos para transformar e renovar o lugar, seja no cardápio, ou até mesmo na parte física do restaurante em si, O Urso muda a rotina desse lugar, cozinha novas tensões, e realmente muda um pouco da estrutura do novo ano. Se antes eles corriam contra o tempo para não fecharem, agora no segundo ano, eles lutam para terminarem a reforma antes do tempo combinado com o Tio Jimmy (Oliver Platt) depois que Natalie (Abby Elliott), Sydney e Carmy apresentam uma nova proposta para o investidor.
Photo: Chuck Hodes/FX. All Rights Reserved.
18 meses é o que eles tem para fazer The Bear (antigo The Beef) dar certo, entre renovações, novos cardápios testes, e fazer o lugar efetivamente dar dinheiro. Novo restaurante, mesmo caos de sempre, onde no segundo ano, vemos que o esquentado Richie (Ebon Moss-Bachrach) e o avoado Niel (Matty Matheson) ficam responsáveis por liderarem a reforma do lugar, já Carmy e Sydney cuidam do novo menu, e Tina (Liza Colón-Zayas) e Ebrahiam (Edwin Lee Gibson) vão assumir novos lugares na cozinha e partem para aulas de culinária.
Mas claro que as coisas não vão ficar calmas por muito tempo, mesmo que os episódios do início do segundo deixem isso transparecer. É como se esse combo inicial se passasse naquele período entre o restaurante abrir e o horário de pico do almoço. Os segredos de Michael (Jon Bernthal), os segredos e os problemas desses personagens, e suas vidas pessoais vão dar muito mais pano para manga para essa segunda temporada.
E as participações especiais continuam a rodo, aqui em especial de Molly Gordon e Will Poulter nos primeiros episódios, entre diversos outros que vocês podem já terem visto on-line, dão um toque especial para o novo ano. Onde sempre é um prazer, e uma surpresa, ver, e esperar para ver, quem vai aparecer na atração e como esses personagens, e esses atores, vão se conectar com a história de maneira geral.
White, Moss-Bachrach e Edebiri estão ótimos, e sao realmente os destaques novamente da atração. O trio apenas é a cereja do bolo em cima de tudo que O Urso entrega. Da estética visual, do ritmo adoidado e a narrativa crescente que a história e a temporada entrega, onde o elenco apenas eleva o que foi uma boa história apresentada no primeiro ano e aqui se desemboca em uma nova e cheia de adrenalina trama que promete deixar o espectador tenso, ao mesmo tempo, que o humor continua afiado e realmente em alguns momentos embaraçoso. Não por que é ruim, pelo contrário, algumas cenas são tão imprevisíveis, tão comicamente chocantes (seja uma parede inteira cheia de mofo caindo em alguém, uma troca de números onde uma pessoa dá um número errado, ou ainda um acidente em um país europeu).
A comida, e a rigidez do tratamento do mundo da gastronomia continua bastante o foco da temporada 2 de O Urso (o episódio 3 garante isso), mas aqui o time de produção foca nesses personagens e nessas tramas tão mais saborosas de se acompanhar e que realmente fazem a trama voltar com a energia lá em cima e que fazem os novos episódios serem muito mais interessantes do que os do primeiro ano.
Talvez seja por que nosso paladar já estava acostumado com tudo que a série apresenta e ficamos: Sim, chefe eu quero mais!
No final, O Urso faz um retorno impecável, de dar 4 estrelas no app do delivery, sem dúvidas .
A 2ª temporada de O Urso estreia em 23 de agosto no Star+.
