O Mal Que Nos Habita | Crítica: Terror argentino acerta ao impactar

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Uma das gratas surpresas do ano até agora tem sido o terror O Mal Que Nos Habita (Cuando acecha la maldad, 2023). O burburinho que cercou o filme argentino foi gigante no final do ano depois da passagem do longa pelo festival de Toronto em Setembro e depois de um tempo a distribuidora nacional Paris Filmes anunciou que lançaria a produção no Brasil. E 2024 mal começou hein? 

Demián Salomón em cena de O Mal Que Nos Habita. Foto: Shudder / IFC Films. All Rights Reserved.

E realmente O Mal Que Nos Habita faz valer o hype criado em cima dele, afinal, o terror espanhol dos hermanos lá de baixo realmente não poupa esforços em chocar e impactar. Está tudo está ali certinho para contar essa história que se debruça em uma mitologia gigante que é apresentada ao longo das pouco mais de 1h30 min que garante uns bons sustos aqui e ali.

E isso se dá muito pela trama do roterista Demián Rugna, que também assume a direção do filme, apresenta aqui. Afinal, a história chega a induzir o espectador se tudo aquilo não passa de um delírio coletivo, onde o medo acaba por criar um sentimento de paranoia e terror naquela cidadezinha argentina.

O Mal Que Nos Habita acerta em efetivamente nos indagar sobre o que efetivamente tem causado todos esses acontecimentos na medida em que dois irmãos ouvem um tiro na fazenda do lado da deles, durante na madrugada, e no dia seguinte partem para investigarem o que aconteceu.

Assim, O Mal Que Nos Habita já começa com um corpo brutalmente destroçado, um mistério do que aconteceu, e com Pedro (Ezequiel Rodríguez) e Jimi (Demián Salomón) andando confusos pelo campo com as poucas informações que tem. Até que o mistério, nos leva, e leva os personagens, para uma família que vive com um moribundo em uma cama. O longa vai aos poucos, cena, a cena, nos mostrar o que acontece naquele lugar na medida que vemos os moradores daquela casa esconderem o fato de por que deixam o cara obeso que está todo sujo, deformado, sem nenhum auxílio seja dos médicos ou da polícia.

Atenção garotinha de O Exorcista temos visitas. E assim, a dupla de irmãos, descobre que a moradora mais velha do lugar, a mãe dos rapazes, Maria Elena (Isabel Quinteros) esconde o fato que o filho Uriel está possuído por um demônio que pode infectar todo mundo que esteve envolvido com o corpo.

E assim, o filme também abre esse novo leque para trama de também trabalhar na mitologia dos possuídos e dos demônios, nas medida que os personagens começam a tomar noção daquilo que estão enfrentando. 

É no poder dessas ações, e nos julgamentos que a população tem um para o outro, que O Mal Que Nos Habita ganha forma e a trama se escalona na medida que o moribundo é deixado largado em uma valeta no meio da estrada. Assim, a trama só vai por escalonar e ficar cada vez mais sangrenta e violenta. E claro aproveita e muito o vasto cenário rural argentino, e entrega algumas das cenas mais bonitas em muito tempo em um filme do gênero.

Da ida de Pedro para visitar a família da ex-esposa (Virginia Garafalo), com o filho austita deles Jair (Emilio Vodanovich), o novo marido dela e a filha deles que nos leva para duas das cenas mais pesadas do filme, que envolvem cachorros, carros, e crianças, até mesmo para as cenas onde a espécie de prefeito e a esposa precisam lidar com um bando de cabras com uma presença estranha, o longa vai por mostrar como esse mal se espalhou pela região. 

E isso dá para o filme uma mitologia muito interessante de se acompanhar, mesmo que as regras soam um pouco confusas em diversos momentos. Talvez a criatura do mal seja um agente do caos? Não só pelo fato da mãe dos protagonistas (Paula Rubinsztein) contar e inúmeras as regras (Nunca o chame o mal pelo seu seu nome, nunca toque nas coisas dele, e etc etc)  que precisamos ter quando lidamos com esse tipo de demônio, mas também para vermos quem será a próxima vítima dessa cidade. 

Cena de O Mal Que Nos Habita. Foto: Shudder / IFC Films. All Rights Reserved.

Bem mais inteligente do que colocar apenas uma pessoa possuída, onde um assassino mascarado, Rugna mostra que o mal se espalha e pode afetar qualquer um. Assim, a trama, e as cenas mais pesadas se apoiam na imprevisibilidade dessa história e na jornada desses dois irmãos em tentar sobreviver na medida que eles tentam escapar das forças malignas. Rodríguez mostra uma complexidade para seu personagem gigante e nos deixa curioso para sabermos o que ele fez que a esposa o deixou, a cidade está contra ele, e os vizinhos não o querem ver de perto. O mesmo vale para Salomón que entrega um personagem cheio de manias e desconfianças.

Dos grotescos e explosivos minutos finais, onde a dupla, com a ajuda de uma caçadora de demônios no melhor estilo Laura Strode, param numa escola infantil cheio de crianças possuídas, Mal Que Nos Habita usa da ambientação noturna e do sentimento de paranoia para fazer sua trama acontecer e sempre nos deixar angustiado para o que pode acontecer na próxima cena.

No final, o terror argentino se mostra um longa realmente eficaz para fazer o que um filme do gênero é destino a fazer. Fica claro que Mal Que Nos Habita foi feito para assustar e que tira proveito desse sentimento coletivo aterrorizante que paira na cidade. 

Nota:

Mal Que Nos Habita chega em 1º de fevereiro nos cinemas nacionais.

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