O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu | Primeiras Impressões: Uma homenagem colorida e exagerada para a música brasileira

Atração nacional atinge boas notas em primeiros episódios.

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Antes de mais nada chamar o seriado O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu (2022) de “a Glee brasileira” soa um pouco simplista e redutivo demais. Claro que num primeiro momento essa relação pode vir à cabeça por vários motivos, mas a atração nacional comandada, e criada, por Miguel Falabella é bem mais do que isso.

Em sua própria maneira, O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu é uma produção que atinge um tom próprio onde, no meio de altos e baixos, dá a nota. Faz uma homenagem exagerada, às vezes meio camp, caricata, mas cheia de carisma, para a música brasileira. Mas nem tudo são hits no chart para a atração nacional… o seriado sim tem bons momentos com algumas imperfeições mesmo que fique claro que os problemas, seja os narrativos ou de produção, são deixados de lado quando vemos esse grupo de jovens performarem clássicos da MPB enquanto seus personagens tentam uma vaga na recém criada companhia de teatro musical pelo produtor Renato (Falabella, muito bem), o renomado diretor teatral Arthur (Guilherme Magon) e o cenógrafo Renato (Magno Bandarz) e a atriz consagrada, e vilã em potencial, Marita (Sara Sarres).

Miguel Falabella lidera o elenco de O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu
Foto: © 2022 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.

Todos eles estão em busca dos próximos talentos para o teatro musical, ao mesmo tempo que tentam manter suas carreiras que no momento estão eclipsadas por questões pessoais novelescas e que envolvem Renato e Marita casados, depois que Arthur deixou a atriz pelo colega de trabalho Renato. Fofocas. E assim, logo de cara, o texto de Falabella e Rosana Hermann já dá o tom para o tipo de produção que O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu vai ser: um tipo de novela no estilinho Malhação com especial de final de ano de emissora (global) de Tv aberta.

O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu tem seu charme na música, nos momentos musicais, e no talento vocal dos personagens, onde atinge sua maior nota ai, o único problema é termos que acompanhar algumas narrativas de personagens mais fracas, passar por travadas atuações de alguns atores que soam como uma leitura de texto robótica que entregam diálogos duros e interações inverossímeis, para enfim chegar no momento que esses personagens estão no palco e cantam músicas brasileiras que se conectam com suas tramas. 

O foco em determinados participantes, já pré-determinados logo no primeiro episódio com suas histórias pessoais, já mostra um pouco para onde a trama vai seguir e como vamos ver as relações entre esses atores em ascensão com esses outros personagens já mais estabelecidos no mercado teatral. O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu trabalha esses personagens como bons arquétipos de produções americanas que vemos que quase boa parte por aí. São as mocinhas destemidas com muito talento como Ivone (Graciely Junqueira), argentina que dribla o sotaque Alicia (Mica Diaz), a cantora que busca seu caminho Sandra (Luci Salutes, muito bem), a garçonete cheia de esperança e sagacidade Antonia (Carolina Amaral, um dos destaques) e claro os esforçados Jorge (Lucas Wickhaus) com toda sua trama que envolve a mãe doente, o jovem Reginaldo (Gabriel Hipólito) que é sufocado pela presença da mãe helicóptero Marion (Karin Hils, ótima num timing cômico sensacional), do motoboy Leandro (Daniel Rangel) e do esperto e ambicioso Maurício (Rhener Freitas).

Foto: © 2022 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved

Todos esses personagens participam das primeiras etapas da competição e com a ajuda do descolado Sissy (Bruno Boer, muito bem) e de outras artimanhas, fica claro que eles vão usar todas as possibilidades possíveis, dentro de fora do palco, para se destacarem para os jurados. A série é extremamente musical, sem efetivamente ser um musical em si, é mais lúdica do que parece ser num primeiro momento e foca realmente nos números musicais desses participantes, seja para as apresentações da competição efetivamente, ou quando temos montagens com todos os personagens, principalmente no episódio 1, que são bem interessantes.

No meio de alguns tropeços, a atração empolga nesse momentos e em pequenas situações como quando a personagem de Hils invade o palco para auxiliar o filho no meio do teste, ou quando vemos a possíveis relações amorosas e os flertes surgirem para atrapalharem (ou ajudarem!) os candidatos em suas jornadas, ou também como Marita e Renato se veem ameaçados por esses novatos.

O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu acerta mais do que erra nesse primeiro momento, o carisma do elenco jovem e os momentos que eles cantam ajudam a compensar algumas falhas estruturais (a edição é um ponto que deixa muito a desejar, brusca e sem muito refinamento) que a atração nacional tem. No final, o que temos é um começo interessante e empolgante para a produção nacional mais madura dentro do Disney+, até então, e que promete ser uma receita de sucesso se ajustar algumas notas aqui e ali. 

O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu chega em 28 de setembro no Disney+.

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