Na Sua Casa ou na Minha? | Crítica: Reese Witherspoon e Ashton Kutcher em boa comédia

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Logo nas suas primeiras cenas iniciais Na Sua Casa Ou Na Minha? (Your Place Or Mine?, 2023) já faz questão de nos ambientar, e nos garantir, que esses personagens estão nos anos 2000. Seja pelo card divertidinho que pipoca na tela, e que faz essa piada, ou até mesmo outras coisas que a câmera foca ao longo da cena inicial, como as roupas que os personagens usam, a trilha sonora e toda a ambientação de época.

Tudo foi feito para deixar claro em qual momento do tempo estamos nesse início. E mesmo depois da passagem de tempo, onde vemos os personagens, e suas vidas, 20 anos depois, a comédia nos passa o sentimento que parece ainda estar nos anos 2000. Afinal, Na Sua Casa ou na Minha? tudo é simples, tudo é idílico, colorido e engraçadinho. 

E ter os atores Reese Witherspoon e Ashton Kutcher aqui, protagonizando o longa, apenas coroa tudo isso. E por conta da presença dos dois, Na Sua Casa ou na Minha? aposta no seguro para entregar uma boa comédia.

Reese Witherspoon e Zoe Chao em cena de Na Sua Casa Ou Na Minha?
Foto: Erin Simkin / Netflix
Reese Witherspoon e Zoe Chao em cena de Na Sua Casa Ou Na Minha?
Foto: Erin Simkin / Netflix

É por causa desses dois artistas, super carismáticos e que fazem aquilo que sabem fazer de melhor, e que fizeram suas carreiras decolarem, que o longa entrega uma simpática história, que diverte e tem aquele gostinho de anos 2000 e Sessão da tarde.

Despretensiosa e que quase se desenvolve como um livro (mais sobre isso abaixo), Na Sua Casa ou na Minha? conta essa história de dois amigos que contam tudo um para o outro e mantém essa amizade ao longo de 20 anos. E mesmo com personalidades completamente opostas, Debbie (Witherspoon) e Peter (Kutcher) sempre estiveram ali para os principais momentos da vida de cada um.

Wesley Kimmel e Ashton Kutcher em cena de Na Sua Casa Ou Na Minha?
Foto: Erin Simkin / Netflix

Assim, quando mamãe urso metódica Debbie precisa ir para Nova York participar de um curso, o descolado e desprendido Peter decide voar para Los Angeles, e os dois acabam por trocar de endereços, e verem suas rotinas serem alteradas por 1 semana. O que promete e muito. Mas não se empolguem com esse pensamento.

Na Sua Casa ou na Minha? tem um tom gostosinho de se assistir gigante, é realmente um filme que você sabe que vai passar boas horas, se divertir e sair felizinho, sim! Por que sabe que essa comédia é mais uma que você sabe que não vai mudar sua concepção sobre a indústria cinematográfica, ou que vai te provocar questionamentos filosóficos e tudo mais. E sim, te entreter.

Mas, talvez, o único problema de Na Sua Casa ou na Minha? é um basicamente muito simples: o longa, e sua premissa, se apoia no fato que temos Reese Witherspoon e Ashton Kutcher, juntos no mesmo longa, e isso acabar por ser meio que a razão (talvez, a única) para espectador querer dar play nesse filme…. mas aqui, puf, eles passam quase todo o filme separados!

Sim, com o personagem de Kutcher em Los Angeles e a personagem de Witherspoon em Nova York, o longa basicamente se desenvolve com esses personagens nessas respectivas cidades, e com arcos narrativos próprios, onde eles, e essas “aventuras” que eles vivem, que pouco se conectam com a dinâmica deles, em boa parte do filme.

Talvez, seja, a construção da antecipação de vermos a dupla em tela juntos, cara a cara, sem estarem falando pelo telefone ou por chamada de vídeo, o que move Na Sua Casa Ou Na Minha? ? Sim. É divertido notar isso, quando percebermos isso, e “regras” do filme são apresentadas e você fica: Hum, mas aí eles não vão ter cenas juntos?

Mas o longa compensa essa questão, na medida que acompanhamos as peripécias da dupla quando trocam de cidade, e vemos esses personagens encaram novas realidades que os fazem sair das suas zonas de conforto. E não só Witherspoon e Kutcher que estão bem aqui, o longa tem ainda Zoë Chao como Minka, uma vizinha fashionista, curiosa e bisbilhoteira, e ex-casinho de Peter, que serve como a guia oficial de Debbie por Nova York e que realmente está hilária em todas as cenas que aparece. Chao realmente tem ótimos momentos ao lado de Witherspoon, onde essas personalidades colidem ao longo do filme, quase como se fosse Anne Hathaway e Emily Blunt em O Diabo Veste Prada (2006), longa que foi escrito (e adaptado do livro) por Aline Brosh McKenna que assina o roteiro e a direção dessa produção.

Do outro lado dos EUA, as interações entre Kutcher e o jovem ator Wesley Kimmel, que interpreta Jack, o filho de 13 anos de Debbie que fica em Los Angeles aos cuidados de Peter também são bacanas de assistir. Os dois fazem uma boa dupla em tela, na medida que Peter assume essa figura paternal para o garoto que também ganha uma história própria, ao longo do filme, e que cria essa camada maior para a relação entre Debbie e Peter.

Pena que não dá para dizer o mesmo das participações de Steve Zahn como o vizinho inconveniente de Debbie em Los Angeles, e de Tig Notaro como Alice, uma professora e amiga de Debbie que trabalha na mesma escola que a nossa protagonista. Os dois realmente tem pequenas passagens ao longo do filme, mas são apenas momentos que não combinam com o filme de maneira geral, com a trama, e acabam por serem extremamente irritantes. Talvez seja os atores? Talvez! Talvez seja o texto que precisa frisar o quão diferentes eles são de Debbie? Talvez! Para mim, não rolou.

O mesmo vale para Jesse Williams que interpreta o galanteador editor de livros Theo, que serve para gerar algumas faíscas durante o tempo que Debbie passa em Nova York. Sinto que a presença do personagem, é um desvio na narrativa tão grande, tão clichê, e que serve somente para incluir a paixão que a personagem tem por livros e tudo mais, e servir como um pontapé para o desenvolvimento da personagem com suas escolhas de carreira. Como um personagem, ele só serve como uma escada. Afinal, como uma boa comédia romântica, sabemos que Theo e Debbie não vão ficar juntos.

E isso nos leva para os protagonistas.

Mesmo com poucas cenas juntas, Witherspoon e Kutcher vendem essa comédia como ninguém e estão muito bem em Na Sua Casa Ou Na Minha?. Seja em suas cenas separados, ou quando finalmente eles contracenam juntos, eles parecem que são a única coisa que realmente funcionam no longa.

No final, eles tem, o que chamamos de star power. Aqui, Witherspoon e Kutcher são o fator primordial para essa comédia dar certo. Eles apenas deixam Na Sua Casa Ou Na Minha? com aquele gostinho bacana de comédia que não se faz mais, e é um tipo de filme que aos poucos Hollywood tem se voltado a fazer, e aqui eles acertam 100% em fazerem. Onde, nada melhor como ter a Netflix como a plataforma para fazer isso acontecer. Por mais filmes assim.

Avaliação: 3 de 5.

Na Sua Casa Ou Na Minha? chega em 10 de fevereiro na Netflix.

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