Licorice Pizza | Crítica: Paul Thomas Anderson faz espectador embarcar em uma deliciosa e divertida história sobre primeiros amores nos anos 70

É de se pensar que pouco se sabia o que seria o novo filme do diretor Paul Thomas Anderson há uns 6 meses atrás. O Untitled Paul Thomas Anderson era aguardado pela comunidade cinefilia com uma expectativa gigante pois era o próximo filme do diretor depois do impactante Trama Fantasma lá em 2017.

O que sabíamos era que teríamos dois atores novatos em um papéis principais, a presença de Bradley Cooper (em seu segundo filme na temporada), e uma trama que se passaria nos anos 70. E basicamente isso. E no meio de previs vazados, trechos de roteiros circulando por aí e um frenezi para os blockbusters, a chegada das primeiras informações do tal novo filme, agora chamado de Licorice Pizza (2022) animou o film twitter igual dia de promoção compre 1 leva duas pizzas nos app de entrega de comida. 

E espera e não saber muito sobre o filme compensou e muito.

Com Licorice Pizza, Paul Thomas Anderson conta uma história de amor, uma história de primeiros amores, e a inocência de encontrar aquela pessoa que faz o coração do jovem Gary Valentine (Cooper Hoffmann, filho do falecido ator Phillip Hoffman) bater. Onde aqui, esse jovem ator e empresário fica caidinho pela jovem Alana (Alana Haim da banda Haim) e o filme navega por essa jornada de amadurecimento de ambos e de seu relacionamento de uma forma deliciosa e divertida de se assistir.

Em termos de história Licorice Pizza faz um filme simples, nada rebuscado em termos de produção, mas é no olhar minucioso para os detalhes na forma de escolher como e focar para contar essa história que fazem dele um dos melhores da temporada (o que levou a levar diversas indicações ao Oscar). O texto de Anderson é recheado de diálogos afiados que nos fazem cair de amores por esses protagonistas logo de cara.

Direto da primeira cena, temos Gary e Alana num ótimo e apaixonante monólogo na medida  que esse jovem estudante encontra com essa jovem funcionária no dia de tirarem foto para o anuário do colégio. Ao nos fazermos acompanhar a dupla nesses poucos minutos juntos é que Anderson nos fisga para acompanhar as outras e próximas horas. Os dois trocam farpas, e conhecem um pouco um do outro até que um encontro é marcado num restaurante local (e onde boa parte da trama se passa!).

Gary é também é um  ator mirim e tem uma lábia impressionante, já Alana é inteligentíssima, mas parece se ver presa sobre o que fazer com sua vida depois de ter se formado no colégio. Assim, Anderson vai por mostrar mais dessas  personalidades opostas desses dois que começam a saírem juntos (como amigos, claro!) pelos mais diversos cantos e as mais piradas situações.

Seja para irem para a apresentação de um programa ao vivo em Nova York só com atores e atrizes mirins que trabalharam com uma versão de uma surtada Lucille Ball (Christine Ebersole), onde temos uma cena que uma aeromoça flerta com Gary e depois um outro colega, o ator mirim Lance Brannigan (Skyler Gisondo) também faz o mesmo com Alana, que é hilária e ambas as situações provocam reações dos nossos personagens em relação a esse relacionamento ainda no começo.

Ou quando ainda, a dupla entra no mercado de colchões de água e Gary diz para a Alana tentar ser o mais sexy possível e a garota leva ao pé da letra e faz uma das melhores cenas de todo o longa. O longa ainda faz esses personagens se envolverem com política na medida que Alana começa a trabalhar na campanha de um candidato (Benny Sadife, numa trama um pouco desconexa) ou quando eles têm que encarar a cidade toda parada por conta da greve de combustível que assolou a California na época e cruzam caminho com um ator piradão (o tal cameo de Cooper no filme).

 São essas pequenas sutilezas, unidas com uma trilha sonora da época incrivelmente bem escolhida (com Bowie, Nina Simone Sonny & Cher e muito mais) que Anderson coloca no roteiro, fora as diversas participações especiais, temos Maya Rudolph, o próprio Cooper (num papel pequeno mas divertidíssimo), Sean Penn, e das outras irmãs Haim. Tudo isso engrandece e deixa o longa com um sabor muito mais gostoso na medida que acompanhamos a jornada desse casal ao longo de diversos momentos da vida deles, e na medida que o sentimento entre eles apenas cresce e se torna mútuo, e ainda coloca de pano de fundo uma antiga Hollywood.

Licorice Pizza faz um ode ao amor na sua forma mais pura e genuína possível com atuações carismáticas de seus jovens atores que correm atrás de seus objetivos na mesma medida que correm um para os outros. No final, todo o destaque que tem levado nas premiações é mais que merecido.

Licorice Pizza chega em 17 de fevereiro nos cinemas nacionais pela Universal Pictures.