Justiceiras | Crítica: Rivalidade feminina é abordada em divertida homenagem para filmes teen

Vingança recebe nota A nesse divertido filme teen com muita coisa para dizer.

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“Você é uma virgem que não sabe dirigir” Em As Patricinhas de Beverly Hills (1995), a personagem da finada Brittany Murphy dá uma resposta daquelas para a personagem de Alicia Silverstone. No longa dos anos 90, Tai (Murphy) começa a andar com os garotos populares depois que Cher (Silverstone) a acolhe no grupo das garotas descoladas. E boa parte de Justiceiras (Do Revenge, 2022) tem influências e fortemente referencia esse clássico das comédias teen americanas.

Alisha Boe e Camila Mendes em cena de Justiceiras
Foto: Cr. Kim Simms/Netflix © 2022.

E ao mesmo tempo que a diretora Jennifer Kaytin Robinson presta essa homenagem para o longa, e para muitos outros filmes que vieram logo em seguida, Justiceiras consegue entregar também uma produção completamente com uma cara e com um charme próprio, e que dá bastante espaço para suas atrizes protagonistas brilharem cada uma em sua própria maneira e de formas completamente diferentes.

Justiceiras faz justiça para o talento de Camila Mendes (Riverdale) e Maya Hawke (Stranger Things) em produções dos gêneros, sem dúvidas, onde aqui, as duas estão excelentes. Suas personagens no longa são tão parecidas com as personagens que elas interpretam em outras produções, mas ao mesmo tempo, Hawke e Mendes estão tão bem, tão diferentes e energéticas que nos fazem esquecer disso tudo, e são as responsáveis por fazerem pelo menos 80% de Justiceiras dar certo.

E com um elenco de apoio vindo de outras produções teen que fizeram, e fazem muito sucesso, como Austin Abrams, de Euphoria, Alisha Boe de 13 Reasons Why, Rish Shah de Ms. Marvel e Maia Reficco do novo Pretty Little Lies, Justiceiras acaba por ser uma grande carta de amor para esse tipo de gênero. Mas não é só por isso que o longa entrega um dos poucos acertos da Netflix em termos de longas originais dos últimos meses.

Robinson e Celeste Ballard, que assinam o roteiro juntas, acertam em criar uma história que tem o que falar e não apenas ficar presa nos clichês do gênero, e por mais que As Patricinhas Beverly Hills banhe o filme com diversos easter-eggs (seja com passagens, figurinos ou placas com o nome de personagens), o longa talvez tenha em seu espírito, uma coisa mais Meninas Malvadas (2004)/Heathers (1988) em seu cerne.

Justiceiras tem no meio de suas cenas coloridas, personagens típicos de produção teen e uma trama num primeiro olhar bem batidinha, alguma que realmente chama atenção. E tudo isso com uma história que entrega uma mensagem sobre rivalidade feminina, sororidade e amizade muito bacana. E assim como a dupla Tai & Cher, um dos arcos narrativos vistos no filme, é vermos a garota mais popular do colégio, Drea (Mendes) transformar o visual de Eleanor (Hawke) para entrar no grupo dos descolados. Mas aqui não tem nada haver com o romance de Jane Austen, e sim, como parte de um plano de vingança que as duas bolas depois que veem suas vidas serem afetadas pelas atitudes de outras pessoas.

Eleanor, a garota nova no colégio diz ter sofrido bullying de uma outra garota quando era menor no acampamento de tênis e teve sua sexualidade exposta para todo mundo, e Drea viu um vídeo destinado apenas para o seu namorado Max (Abrams) viralizar no colégio e acabar com as chances dela entrar em uma faculdade de prestígio. Assim, a missão é clara, fazer vingança! E cada uma é responsável pela vingança da outra.

Camila Mendes, Austin Abrams e Maya Hawke em cena de Justiceiras
Foto: Cr. Kim Simms/Netflix © 2022.

E se realmente estivéssemos nos anos 90, ou até mesmo nos anos 2000, Justiceiras poderia muito bem terminar aí e fazer uma boa farofa teen. Mas os roteiristas colocam um que a mais no longa, uma camada extra no meio de figurinos caprichados, romances atribulados, planos mirabolantes, e Sarah Michelle Gellar em uma participação deliciosa de se ver, e que realmente faz toda a diferença para o longa e sua história que realmente coloca essas duas adolescentes completamente imperfeitas e traumatizadas como gênias do crime.

Cercado com algumas reviravoltas narrativas para lá de interessantes, que não insultam o espectador, e com uma mensagem sobre o poder das nossas atitudes sobre outras pessoas, Justiceiras encaminha sua história para um caminho dos mais malucos, engraçados e bem exagerados possíveis, e faz isso da forma mais contagiante possível e em diversos momentos. E faz também em sua forma de contar essa história de forma, sem soar cansativo demais, ou ruim demais para acompanharmos. 

Afinal, o que temos aqui é um texto divertido, ousado, é espirituoso. E a dinâmica de Hawke e Mendes é incrivelmente boa de se acompanhar na medida que elas oscilam para ver quem entrega a personagem mais surtada e imperfeita do longa. Ou se leu esse texto depois de ter visto o filme, quem tem mais Glennergy (a energia da personagem de Gleen Close no filme Atração Fatal). 

Avaliação: 3 de 5.

Justiceiras disponível na Netflix.

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