Imaginário – Brinquedo diabólico | Crítica: Susto é deixado de lado em terror

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Imaginário – Brinquedo Diabólico (Imaginary, 2023) chega nos cinemas como o novo lançamento da produtora Blumhouse, depois de alguns certos e acertos em 2023 e um início não tão bom de 2024 com o longa Mergulho Noturno, lançado em janeiro. 

E o ano segue meio mal das pernas para a produtora, sinto te informar, caro leitor. E mesmo que Imaginário – Brinquedo Diabólico tenha seus problemas, é ainda melhor, e entrega um filme superior, do que o outro longa do começo do ano, principalmente por entregar um roteiro mais elaborado (na medida do possível, claro) do que o colega, no line-up da produtora.

Mas também, esse novo longa, não é nada de mil maravilhas, uma coisa assim “nossa”, que mude o gênero, ou que entrará nas listas de Melhores Terrores do ano, não viu?  Afinal, acho que é o que realmente acaba por ser o grande problema de Imaginário – Brinquedo Diabólico, é que o susto é deixado de lado com o longa. O que é uma pena, afinal, a ideia do longa é interessantíssima, a mitologia contada e por trás da história é bacana, e a atriz DeWanda Wise segura as pontas como protagonista depois de ter roubado as cenas no último Jurassic World, com um papel pequeno, onde contracenou com Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Laura Dern, Sean O’Neal e Jeff Goldberg.

DeWanda Wise em cena de Imaginário – Brinquedo Diabólico. Photo Credit: Parrish Lewis/Lionsgate/Paris Filmes.

Mas o longa realmente não acerta no tom de terror e faz uma produção bem água com açúcar. Talvez, pelo fato de termos a história focada em uma criança, a Blumhouse quis fazer um terror para todos os públicos, mas acho que de uma maneira ou de outra foi um sacrifício que não valeu a pena. E mesmo que o diretor Jeff Wadlow, em sua terceira colaboração com a Blumhouse depois de A Ilha da Fantasia (2020) e Verdade ou Desafio (2018), consiga dar uma driblada na classificação indicativa com algumas boas cenas, e que até dão um sustinho, e que estão mais condensadas para lá no final do filme, Imaginário – Brinquedo Diabólico, infelizmente, deixa a desejar.

Mas isso não impede que tenhamos um filme que no final das contas seja bastante atmosférico em sua proposta e que nos faça cair de cabeça nessa história que no final das contas é uma bem da doida. Em Imaginário – Brinquedo Diabólico, conhecemos a artista de livros infantis Jessica (Wise) que se muda com o namorado roqueiro Max (Tom Payne) e as duas filhas dele, a mais velha e adolescente rebelde Taylor (Taegen Burns) e a jovem, super criativa, mas bastante impressionável, Alice (Pyper Braun) para a mesma casa no subúrbio que ela viveu sua infância, até a morte de sua mãe, e o pai (Samuel Salary) ter ido ido para um sanatório.

O que parecia ser um novo capítulo na vida de todos, acaba por ganhar novas camadas na medida que Alice faz um amigo imaginário, na figura de um ursinho de pelúcia, fofo e com um olhão, chamado Chauncey. E é aqui que o roteiro de Greg Erb, Jason Oremland e do próprio Wadlow fica assustador, e não da forma que queríamos. O texto do trio acaba por ser um pouco pobre em criar, apresentar as dinâmicas e os diálogos entre esses personagens e dificulta um pouco embarcarmos e passarmos pela história que demora para engrenar logo de cara.

O jogo de adivinhação do que está acontecendo, e as poucas pistas que essa história do amigo imaginário da jovem Alice que são dadas para conectarmos com a história de um amigo imaginário que a própria Jessica tinha quando ela era criança e vivia com o pai na casa. As tramas demoram um pouco para se juntarem, nos fazem passar por alguns momentos um poucos difíceis de assistir (seja a relação de Taylor com o vizinho, a relação da mãe delas com a família e etc) e principalmente quando temos a introdução da vizinha, e antiga babá da protagonista, a Sra. Glória (Betty Buckley) que faz a vez da vizinha enxerida da vez.

O texto também não consegue estabelecer bem a relação entre Jessica, seu trabalho, seu passado, e com as enteadas, e nos entrega frases e momentos soltos que soam como se estivéssemos vendo a pior temporada de Malhação. Mas tudo isso muda lá para metade de Imaginário – Brinquedo Diabólico, onde temos uma reviravolta que faz a trama andar, engrenar e o filme sai da relação monótona entre as três mulheres (o namorado e pai das garotas some pelo bel prazer do roteiro e da história) e parte para entregar momentos mais sombrios e que começam a fazer sentido com a mitologia apresentada sobre amigos imaginários que a trama aos poucos trabalhou e que culminam nos momentos finais, onde o verdadeiro vilão do filme, o urso Chauncey ganha força e mostra sua verdadeira cara e identidade. 

Assim, Imaginário – Brinquedo Diabólico ganha novos ares, um novo ritmo, e realmente fecha todas as pontas apresentadas dessa história, do passado de Jessica e o que o futuro reserva para ela e suas enteadas enquanto essa grande brincadeira fica cada vez mais perigosa e sangrenta (na medida do possível).

Mas em um mundo com Chucky, Annabelle, Brahms (de O Boneco do Mal de 20216), e até mesmo sensação viral M3GAN, parece que Chauncey não tem vez, nem mesmo quando vira um grande urso gigante com dentes afiados e um olhar maníaco. Mesmo com bons 30 minutos finais, fica claro que Imaginário – Brinquedo Diabólico se tornará apenas uma nota de rodapé dentro do catálogo da Blumhouse. Mesmo que não ofenda, o longa também não consegue trabalhar com o que tem para se tornar memorável e efetivamente dar bons sustos.

Nota:

Imaginário – Brinquedo Diabólico chega nos cinemas em 14 de março.

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