Sem Saída | Crítica: Suspense no estilo Os Oito Odiados entrega um bom mistério

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Um filme simples e enxuto, e tá tudo certo. É isso que você pode esperar do suspense Sem Saída (No Exit, 2022) que chega na plataforma Star+ no dia 25. O maior mérito de Sem Saída é entregar um bom mistério, afinal, o que temos aqui é uma história sobre uma jovem que se vê presa em uma parada no meio de uma grande tempestade com alguns estranhos até que ela vê uma garotinha presa em uma van.

No meio do nada, e apenas com  a informação que o carro é de um estado americano, ela precisa decidir o que fazer e quem ela pode confiar para tentar salvar essa criança. Viu? Simples assim, e isso não significa que por ser simples, Sem Saída não seja bom. 

Sem Saída
Havana Rose Liu em cena de Sem Saída
Foto: 20th Century Studios/Star+

No ritmo de Os Oito Odiados de Quentin Tarantino, Sem Saída cria uma história cheia de pequenas reviravoltas que aguçam nosso senso de curiosidade na medida que acompanhamos a jovem Darby (Havana Rose Liu) deixar a clínica de reabilitação que ela frequenta para viajar (ela roubou um carro!) e tentar encontrar sua família (que não quer saber nada dela mais!) depois que sua mãe foi internada no hospital.

Após algumas horas de viagem, nossa protagonista encontra as estradas bloqueadas por conta de uma grande nevasca que impede os carros de prosseguirem e é convidada para passar a noite em uma centro comunitário ou retornar para onde ela veio. O que para Darby não é mais uma opção. Ao chegar no local, Sem Saída e Darby nos introduzem para os outros personagens, e claro, para a real (e muito mais interessante) história que vai se desenvolver dali para frente.

Sinto que o roteiro de Andrew Barrer e Gabriel Ferrari, baseado no livro do autor Taylor Adams, consegue trabalhar a história de uma forma que o espectador se mantém entretido e dentro do filme de uma forma muito interessante. É como se estivéssemos lá, uma mosquinha, uma pessoa dentro desse local que apenas vê as coisas aconteceram e consequentemente tem mais informações do que os personagens. Assim, graças a história e um trabalho de câmera que o diretor Damien Power faz que é muito imersivo é possível realmente se sentir dentro do filme e dos diversos acompanhamentos que se tem.

Sem Saída
Dennis Haysbert e Dale Dickey em cena de Sem Saída
Foto: 20th Century Studios/Star+

Em Sem Saída vemos que todos esses personagens tem seus segredos, inclusive Darby, na medida que os vemos se reunirem para jogar um jogo de cartas, para passar o tempo, e então fica claro que precisamos identificar em está falando a verdade e quem fala mentira (ou do inglês “bullshit”, ou seja quem tá contando um caô”). Sem Saída então coloca Darby no meio dessas pessoas, e o texto do filme leva um tempo para introduzirem todos esses novos personagens, antes de embaralhar tudo e nossas perspectivas mudaram completamente ao longo do filme.

Temos um casal formado por ex-fuzileiro (Dennis Haysbert) e uma enfermeira (Dale Dickey), um jovem um pouco perturbado (David Rysdahl) e um charmoso moço (Danny Ramirez), onde todos eles estão presos juntos e precisam sobreviver a essa noite de tempestade que parece que não será uma tão tranquila assim. Na medida que eles jogam, detalhes de suas vidas, e dos motivos que cada um tem para fazerem aquela viagem são expostos juntamente com as histórias apresentadas no tal jogo das cartas. E ao mesmo tempo que Darby precisa conhecer um pouco mais das pessoas que ela vai passar a noite, também precisa tentar identificar qual deles é a pessoa que faz uma criança refém em uma van parada do lado de fora.

Sem Saída faz um filme no estilo whodunit , onde aqui não temos uma morte propriamente dita e sim um sequestro. O longa apresenta seus personagens, suas motivações, e muda sua trama o tempo todo na medida que as nossas perspectivas da história mudam enquanto recebemos novas informações e os personagens começam a agir causando eventos que mudam a trajetória da noite. Sem muitos spoilers por aqui, então não é possível se aprofundar muito na trama e no seu desenvolvimento, mas posso dizer que tem uma determinada cena, que causa uma reviravolta gigante para a trama, que se passa na van que é muito boa e me pegou de surpresa.

É isso que Sem Saída faz, te coloca dentro dessa história onde o texto e as situações apresentadas te guiam para os acontecimentos que lá para sua metade são chacoalhados e mudam tudo. O que você faria em uma situação como essa no meio do nada, sem acesso ao telefone, ou das autoridades, e depende unicamente de si mesmo? Quem sairá deste local após a tempestade? Quem é o mocinho e quem é o vilão? Em Sem Saída não temos cartas marcadas na medida que o texto do longa brinca com nossas perspectivas, com esses personagens e realmente constrói um mistério super bacaninha de se acompanhar. 

Avaliação: 3 de 5.

Sem Saída chega em 25 de fevereiro no Star+.

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