Free Guy – Assumindo o Controle | Crítica: Para os amantes de games, um bom filme, não, um ótimo filme.

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“Não tenha um bom dia. Tenha um ótimo dia!”. É assim que Guy, o protagonista de Free Guy – Assumindo o Controle (Free Guy, 2021) passa seus dias no banco que trabalha em Free City. A vida para Guy (Ryan Reynolds) é simples, um dia após o outro ele acorda, dá bom dia para seu peixinho dourado, compra seu café com leite com açúcar na cafeteria onde encontra sempre as mesmas pessoas, e vai para o trabalho com seu amigo Buddy (Lil Rel Howery), onde eles são assaltados pelo menos duas vezes ao dia. Todos os dias. Nada muda, nada de novo acontece, mas ao cruzar o caminho com uma misteriosa garota com óculos estilosos (alerta: eles são importantes!), Guy sente a necessidade de ir atrás dela, mesmo não estando dentro da sua rotina. 

"Free Guy"
Free Guy – Assumindo o Controle – Crítica
Foto: 20th Century Studios

E é assim que a nossa aventura começa, é o nosso START para Free Guy que faz um bom filme, não, faz um ótimo (e divertido) filme de ação. E isso tudo se dá claro pelo carisma gigantesco de Reynolds, aqui ótimo como Guy, o cara da camiseta azul, que não passa de ser um simples funcionário de banco, que olha só, faz parte de um jogo de vídeo game de realidade aumentada no estilo Fortnite com GTA chamado Free City. Um sucesso de vendas como milhões de usuários.

Aqui, Guy é um NPC (do inglês non-player character, personagem não jogável), ou seja, alguém que está ali no fundo apenas para interagir com os usuários que se logam de montão para jogarem online e passarem um tempo nessa cidade virtual, onde ele e boa parte dos outros NPC, só existem para ajudar os jogadores a passarem de fases para encontrar dinheiro para roubar, e claro, personagens para bater e conseguir pontos e mais pontos.

Na vida real, a coisa é mais complexa. E o roteiro da dupla Matt Lieberman e Zak Penn  consegue dosar bem a história que se passa em Free City e a história que se passa no nosso mundo. Essa ida e volta entre esses dois mundos apenas nos deixa curioso para o que vai acontecer em seguida, e quando esses dois mundos se unem, o filme realmente ganha uma força gigante que parece que ganhamos algum tipo Power Up.

Enquanto vemos Guy nas mais piradas situações quando ele conhece a Molotovgirl (Jodie Comer, maravilhosamente engraçada), onde na vida real, conhecemos também a versão menos bad-ass dessa jovem que nada mais é que Millie (Comer também), uma programadora que junto com seu parceiro Keeys (Joe Keery, tem boas piadas) viu seu software ser roubado por uma mega corporação e acha que as pistas disso estão dentro do jogo e em algum canto de Free City. 

"Free Guy"
Free Guy – Assumindo o Controle – Crítica
Foto: 20th Century Studios

Assim, Mille com sua skin de Molotov Girl parte em busca de tentar achar isso com a ajuda de Guy que por conta disso ganha consciência e começa a ganhar pontos e habilidades e se torna um herói, e se torna um protagonista dentro do jogo. Uma das partes mais legais de Free Guy é vermos os personagens dentro do jogo e depois suas reais identidades no mundo real e sempre que um novo era revelado garantia bons momentos. E o mais bacana de Free Guy, e dessa história cheia de easter-eggs para outros jogos famosos de vídeo games, é que o filme entrega uma metalinguagem gigante em que ao assistirmos soa mesmo como um verdadeiro video game. Parece que estamos dentro de Free City e precisamos ajudar Guy em suas missões.

Como espectadores, vemos a história se desenrolar a cada momento, onde temos pequenos focos (problemas) a cada 15 minutos que os personagens precisam resolver para chegarem em novos problemas. O que deixa a trama completamente ágil mesmo com toneladas de informações que são jogadas a cada instante pela história.  Toda a parte em que Guy começa a interagir com outros NPC, seja a barista (Britne Oldford) que prepara seu café, ou uma personagem que é o esteriótipo da bonitona (Camille Kostek) que só sai com usuários, ou ainda o cara que vive sendo assalto, para ganhar pontos, seja enfrentar os bandidos, ou ajudar alguém em um assalto, é divertido demais. E Reynolds tira de letra.

Em Free City, as cenas são coloridas, cheia de efeitos especiais e músicas animadas, parece que estamos realmente em um jogo de videogame. Reynolds entrega um personagem com um mix de inocência e agradabilidade gigante num ótimo trabalho de construção de personagem que apenas mostram que o ator é bem mais que o desbocado Deadpool (fiquem de olho durante o filme!) ou seu passado em comédias românticas. Mas elas ajudaram Reynolds com suas cenas com Comer, seja na parte da personagem com a skin no jogo, ou como a figura real que ela é, a dupla aqui tem uma química tão boa que não vi desde de Reynolds e Sandra Bullock em A Proposta (2009). As partes, tanto de ação quanto de romance, entre os dois são sempre muito boas, e a polaridade das personagens de Guy e Molotov Girl ajudam a dar um temperinho especial para o filme. 

Outra pessoa que dá as caras e realmente está muito bem no filme, é Taika Waititi como Antoine, o CEO da Soonami Studios, e quem manda e desmanda no jogo na vida real. É como se Waititi fosse a versão gamer de Miranda Priestly de O Diabo Veste Prada (2006) e o ator parece uma metralhadora de piadas e caras e bocas e realmente toda vez que aparece em tela não dá para desviar os olhos dele para vermos o que de maluco executivo vai aprontar. Afinal, com o lançamento de Free City: Carnificina (ou qualquer sequência ou spin-off que ele puder fazer) e a pressão que ele impõe para seus funcionários liderados por Mouser (Utkarsh Ambudkar) para irem atrás de quem é Cara de Camisa Azul devido ao seu iminente sucesso, pode afetar tudo aquilo que ele preza, dinheiro, que parece que vai por água abaixo.

"Free Guy"
Free Guy – Assumindo o Controle – Crítica
Foto: 20th Century Studios

E além de Waititi, Free Guy tem participações especiais no estilo piscou perdeu muito bacanas que vai fazer o espectador ficar: Ah olha quem tá no filme. Seja de nomes conhecidos de Hollywood, do mundo dos gamers (influenciadores reais aparecem comentando os desdobramentos que acontecem em Free City), outras produções do guarda-chuva da Disney, ou ainda de easter-eggs de outros longas da carreira de Reynolds. 

Ao ritmo de músicas de cantoras pops com vozes agudas, Free Guy se mostra realmente uma divertida história, com um roteiro muito muito bom e cheio de piadas certeiras como encontrar um Vale Vida perdido no meio do jogo. O elenco entrosado e aqui extremamente afiado como seus personagens, sejam eles nos jogos, ou na vida real, mostram que ideias originais são válidas, e que podemos ter bons filmes (não, ótimos filmes!) fora do combo sequência ou remake. E aqui o diretor Shawn Levi consegue escolher bem as opções que ele tem disponível para criar uma skin perfeita.

No final, é como se Free Guy tivesse passado por diversas fases, afinal, sobreviveu a diversos adiamentos, e uma mega fusão, para enfim chegar na fase final em que você zera o jogo. 

Avaliação: 3.5 de 5.

Free Guy – Assumindo o Controle chega em 19 de agosto nos cinemas nacionais pela 20th Century Studios.

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