Festival do Rio 2023 | Priscilla | Resenha

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O novo longa da diretora Sofia Coppola foi exibido no Festival de Veneza, onde Priscilla foi um dos destaques por conta da atriz Caille Spaney levar o prêmio de Melhor Atriz pela Copa Volpi.

Baseado no livro de memórias de Priscilla Presley, o longa foi o encerramento do Festival do Rio.

Sinopse: Quando a adolescente Priscilla Beaulieu conhece Elvis Presley em uma festa, o homem que é uma estrela meteórica do rock se torna alguém totalmente inesperado em momentos íntimos: uma paixão vibrante, um aliado na solidão, um melhor amigo vulnerável. Através dos olhos de Priscilla, Sofia Coppola revela outro lado do grande mito americano no longo namoro e casamento turbulento de Elvis e Priscilla. De uma base do exército na Alemanha à propriedade dos sonhos em Graceland, um retrato profundo e encantadoramente detalhado do amor, fantasia e fama.

O que achamos: Impecável e um dos filmes mais bonitos do ano.

A parte mais interessante de Priscilla é que serve basicamente como um complemento para o longa Elvis lançado no ano passado. Afinal, se o filme de Baz Luhrmann focava na relação entre Elvis e o empresário Tom Parker e deixava a figura de Priscilla um pouco de escanteio, aqui, a diretora Sofia Coppola vira o jogo e foca não só em contar a história da jovem, como também, o relacionamento com Elvis marcado por diversas polêmicas. E claro, que a diretora, não erra, e não foge da raia para mostrar, mesmo de forma sutil, essas questões.

E tudo isso, com um olhar extremamente sensível para essa história, e que não passa muito pano para as coisas que aconteceram entre o Rei do Rock e a jovem esposa. Com uma trilha sonora marcante (talvez por conta de não ter direito de usar as músicas do cantor), Coppola transforma esse conto de fadas em uma história de empoderamento e amadurecimento super interessante de se assistir. Baseado no livro de memórias da própria Priscilla Presley, chamado Elvis And Me, o longa não desvia de mostrar e representar em tela as pequenas agressões, o comportamento tóxico, e todas as questões mais espinhosas sobre o começo, meio e o fim, do relacionamento dos dois.

E com a ajuda de uma excelente Caille Spaney (vista em Jovens Bruxas – A Nova Irmandade e relativamente uma “new face” em Hollywood) Priscilla faz um filme interessante e cheio de camadas a serem puxadas na medida que vemos uma jovem garota tímida embarcar em um relacionamento com uma mega estrela mundial. 

O conto de fadas real e moderno é exposto pela dura realidade e a diferença gritante de idade entre essas duas figuras, onde Spaney está maravilhosa, dá o tom para a personagem e realmente sua presença em tela é contagiante. Por mais que Elvis, aqui interpretado pelo ator sensação Jacob Elordi (visto na série Euphoria e em seu segundo filme de destaque no ano, junto com Saltburn) que emanasse isso, onde o ator acerta a voz rouca e o olhar sedutor, é Spaney que puxa o espectador para essa história na medida que conhecemos a personagem na base aérea na Alemanha que Elvis estava para servir o Exército nos anos 50. 

Da preocupação dos pais, sonhar acordada nas aulas, até mesmo as primeiras saídas, Coppola pinta essa história de acordo com a visão da personagem, que com aquela idade (ela 14, ele 24) se viu seduzida pela ideia de um astro da música querer sair com ela. É o mundo rosa, idealístico que a diretora sempre imprime em seus projetos e que aqui é desconstruído na medida que o tempo passa e Priscilla amadurece. Assim, o longa segue a trajetória do relacionamento, onde Priscilla chega em Graceland e a carreira de Elvis, depois que retorna para os EUA, parece precisar sempre se reinventar. Por conta dos anos que a jovem ficou junto com Elvis e o desenvolvimento narrativo de consciência da personagem sobre esse relacionamento, roteiro do filme sofre um pouco com o vai e vem do casal, onde o filme não consegue escapar de ter um certa barriguinha, afinal, é preciso um tempo para contextualizar o espectador em onde, na carreira de Elvis, cada acontecimento que afetou Priscilla, sua vida, e claro, a vida e o relacionamento dos dois. 

O longa também perde um pouco de força no final, onde parece apenas pular de fase em fase, e apenas focar em pequenas cenas específicas, mas que Coppola faz valer cada uma delas. O design de produção, os figurinos, a edição, e tudo mais, ajuda a cairmos de cabeça nesse mundo perfeito que é desfeito a cada festa, a cada boato de romance nos jornais, a cada noitada regada de remédios e bebidas.

Tudo é muito caprichado, íntimo, e contido, afinal é a visão da garota sobre Elvis e não a história de Elvis Presley. Assim, no final, Priscilla não deixa de ser um coming of age perspicaz, visualmente empolgante, inteligente em contar sua história e com uma atuação que definirá a carreira de Spaney para sempre. Aqui ela é Priscilla, e ele apenas Jacob Elordi.

Nota:

Priscilla chega nos cinemas nacionais em 26 de dezembro pela O2 Play e depois no streaming pela MUBI.

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