Downhill | Crítica

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Viagens em família podem ser difíceis. Em Downhill, os atores Julia Louis Dreyfus e Will Ferrell irão levar essa frase ao extremo com a adaptação americana do filme Força Maior que estreou timidamente no Festival de Sundance no começo do ano, mesmo com o selo Searchlight Pictures e o nomes conhecidos do público por trás. 

Aqui no Brasil, Downhill chegou diretamente no streaming, mas mesmo assim não o faz ser um filme menor do que ele é…. Claro, mesmo com os dois atores principais de peso, que roubam as cenas, a comédia consegue ainda mostrar para o que veio em sua quase 1h30 de duração.

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Downhill | Crítica
Foto: Searchlight Pictures

Engraçado em sua própria, e única, maneira, Downhill coloca Julia Louis Dreyfus e Will Ferrell numa avalanche de sentimentos e eventos enquanto os dois veem seu casamento ser colocado a prova. Por ser escrito por três pessoas, o trio Jim Rash, Nat Faxon, Jesse Armstrong, o roteiro de Downhill poderia ser melhor trabalhado, dá umas belas escorregadas, como se tivesse patinando no gelo a todo momento, e aqui vemos que o texto tem mais coisas do que deveria, é inflado, e atira para todos os lados de uma forma bastante irritante, mas consegue inserir diálogos intensos sobre relacionamento e compartilhar uma vida à dois com momentos cômicos e situações fora do normal. 

Quem já viajou com a família sabe a pressão que existe para as coisas darem certo, onde parece que todo mundo tem a obrigação de se divertir, mas, às vezes, as pressões de termos um passeio perfeito acabam por gerar atritos e realçar os problemas trazidos de casa para o chamado paraíso de alguns dias. E Downhill faz isso de uma forma extremamente simples, e o filme se apoia inteiramente nas atuações de seus protagonistas.

Julia Louis Dreyfus vem de anos numa ótima carreira na TV desde da série Seinfeld, depois por As Novas Aventuras de Christine, e VEEP, e aqui, a atriz encontra no cinema uma plataforma para ampliar seu talento e sua veia cômica. Billie, sua personagem, parece que irá explodir a cada minuto com a indiferença do marido Pete (Ferrell) em alguns assuntos depois que o casal, e os filhos, sofrem com uma avalanche de neve que cai quando eles estão no deck da plataforma de ski que eles foram passar as férias em família juntos.

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Downhill | Crítica
Foto: Searchlight Pictures

A tonelada de neve então cai como uma bomba (gelada!) no meio do relacionamento dos dois, e afeta a estadia de toda a família. Mesmo com uma duração curta, Downhill aposta numa trama que consegue fazer uma análise sobre escolhas, e compartilhar a vida com outra pessoa, e mostra na estadia da família, diferentes visões e como as pessoas escolhem passar suas vidas uma com as outras. O oposto que vivem Billie e Pete, fica com a funcionária do hotel Charlotte (Miranda Otto, numa atuação espirituosa), e ainda, o casal de amigos aventureiros Zach (Zach Woods) e Rosie (Zoe Chao) que Pete chama para passar alguns dias ,e também, para ajudar a quebrar um gelo depois da grande briga silenciosa que trava com sua esposa.

O roteiro consegue trabalhar com a constatação que o instinto humano é muito mais perspicaz do que qualquer coisa, onde o filme, no final, parece desconstruir tudo que tentou falar ao longo de sua história, e afirma que não existem regras ou fórmula perfeita para se viver a dois. 

Mesmo com um humor não muito rebuscado, e que não deve agradar a maioria, Downhill se garante em boas atuações de Louis Dreyfus e Ferrell, mesmo que lá no final do ano poderá passar batido da lembrança do público na mesma velocidade em que vemos a neve ao derreter no calor, rapidamente e de forma impiedosa.

Nota:

Downhill disponível em digital.

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