Daisy Jones & The Six l Crítica: Série entrega drama de prestígio ao acertar todas as notas

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“Eu não tinha o menor interesse em ser a porra da musa de alguém. Eu não sou a musa. Eu sou esse alguém. E assunto encerrado.” Daisy em Daisy Jones And The Six.

É com essa frase dita pela Daisy de Riley Keough que eu sabia que eu iria gostar de Daisy Jones And The Six, a nova atração do Prime Video baseada na obra de mesmo nome de Taylor Reid, e acho que você também vai curtir, leitor desse texto.

Sem ter lido o livro antes de dar play nos meus episódios enviados pela plataforma, eu só sabia o básico e quem estava no elenco. Mas claro que Daisy Jones And The Six estava no meu radar, afinal, eu sentia aquela batida, aquele som vindo de longe, que me dizia que a série ia ser incrível.

E já aviso, é.

Daisy Jones And The Six
Riley Keough em cena de Daisy Jones And The Six
Credit: Lacey Terrell/Prime Video
Copyright: Amazon Studios

Depois depois de ter devorado os episódios, e então ter começado o livro, fica claro que Daisy Jones And The Six entrega uma adaptação incrivelmente bem feita, e digo ainda mais, entrega um seriado que eleva o material original, ao transportar esses personagens, para outra mídia e contar a história da cantora Daisy Jones e a banda The Six. 

O Prime Video tem há anos investido em mega produções (como The Boys, a série do Senhor dos Anéis) e longas de pequeno orçamento, mas acho que é a primeira vez que a plataforma entrega um drama, com D maiúsculo assim, de prestígio com Daisy Jones And The Six. Daisy Jones And The Six é nível HBO de bom, é tipo HBO Domingo à noite numa época em que só tínhamos poucas opções e você sabia que uma atração com o selo HBO era sinônimo de coisa boa.

Daisy Jones And The Six é coisa fina, que você sabe que é bem feita logo quando o primeiro episódio começa, e vemos aquele tipo de atração que se preocupa com os detalhes para entregar o melhor conteúdo para o espectador. É o que A Maravilhosa Sra. Maisel fez em comédia para a plataforma: levou o Prime Video para um patamar mais elevado em termos de produções, onde o ar é rarefeito e somente as produções mais descoladas podem se sentar. 

Ao contar a história dessa banda fictícia com um olhar de documentário, Daisy Jones And The Six garante que o espectador vá cair de cabeça nessa trama, na medida que a atração nos oferece acesso para os bastidores desses personagens, como se eles realmente existem na vida real. É um pouco parecido com o que longa indicado ao Oscar Tár faz, ninguém existe de verdade no mundo real, mas as atuações são tão verossímeis, são deliciosas de se assistir que você se vê jogado nessa história, onde a linha tênue entre saber que eles são um produto de ficção e não existem na vida real é muito grande.

É o poder de uma narrativa envolvente com ótimas atuações, onde parece que todo mundo em Daisy Jones And The Six entrega o seu melhor. E eles entregam mesmo. E para falar da atração não tem lugar melhor para começar falar do seriado como o começo. Ou melhor o final, afinal, logo de cara vemos os membros da banda, os colegas, os parceiros, nos tempos atuais, dando uma entrevista para algum tipo de reunião depois de mais de 20 anos que a banda Daisy Jones And The Six se apresentou pela última vez na tour do seu mega álbum Aurora lá nos anos 70.

E assim, eles contam como se conheceram, e como tudo rolou, e os eventos que os levaram de serem mais do que um grupo de adolescentes com uma banda por aí para serem uma das maiores bandas de todos os tempos. E fica claro que esses personagens não vão ser os narradores mais confiáveis para essa história, e talvez, seja aí que reside a graça dos episódios.

E não só isso. Visualmente apaixonante e com um trabalho incrível de construção de mundo, seja de figurinos, detalhes de época e tudo mais, Daisy Jones And The Six desbrava e nos dá um acesso exclusivo para a história dessa banda que realmente é impossível não sair fascinado por essa história, pela trilha sonora escolhida a dedo e que acerta todas as notas. 

Daisy Jones And The Six
Sam Claflin em cena de Daisy Jones And The Six
Credit: Lacey Terrell/Prime Video
Copyright: Amazon Studios

“E a Daisy concordou com isso?” Na medida que Daisy Jones And The Six nos ambienta no cenário musical da época com a introdução da jovem Daisy (Keough no melhor papel de sua carreira), um furação de emoções e ideias, bem antes da fama e todas as suas complexas questões, e dos membros da banda Dunne Brothers quando eles moravam no interior dos EUA e tocavam em lugares com gostos duvidosos.

E por ser uma série, Daisy Jones And The Six leva seu tempo para te introduzir para tudo isso. E isso só deixa a narrativa mais gostosa de se acompanhar, na medida que os personagens comentam os acontecimentos do passado na medida que assistimos eles em duas linhas narrativas. 

Logo no começo você entende como vai ser a trajetória tumultuada, cheia de conflitos, e apaixonante que a atração vai te entregar. Os primeiros episódios, todos com títulos como Track: 1 Come and Get It e Track 2:  I’ll Take You There, e etc, servem para conhecermos mais das figuras de Billy Dunne (Sam Claflin, incrivelmente carismático), o típico astro do rock com seus sonhos maiores do que a realidade que vive, seu irmão Graham (Will Harrison) e também os outros membros da banda que se juntam ao longo do caminho como Eddie (Josh Whitehouse), o guitarrista, e o baterista Warren (Sebastian Chacon), onde a trama já logo nos introduz para a chegada de Karen (Suki Waterhouse), a tecladista, e também de Camila (Camila Monroe) que se torna namorada de Billy e se torna também um dos membros do grupo e não só apenas uma groupie.

Daisy Jones And The Six
Josh Whitehouse, Sebastian Chacon, Suki Waterhouse, Will Harrison, Camila Morrone e Sam Claflin em cena de Daisy Jones And The Six
Credit: Lacey Terrell/Prime Video
Copyright: Amazon Studios

Conhecemos o início da banda, a escolha do nome The Six, e a ida para Los Angels para ficar perto do cenário musical e dos produtores que pescam esses garotos, e estruturalmente, Daisy Jones And The Six consegue contar sua história cheia de flashbacks e de forma não linear, de uma forma bastante coesa para o espectador.

O que é muito bem válido afinal estamos em outra mídia, e o time de produção consegue preencher certas lacunas que o livro deixa em aberto. E isso tudo é amplificado pelo trabalho sem tamanho desse elenco que dá vida para personagens extremamente humanos, multifacetados e transbordam suas personalidades em tela.

E todos os atores estão muito bem para criar esse sentimento de ambiguidade na medida que a pessoa que entrevista faz perguntas mais espinhosas sobre situações e eventos.

O trabalho de atuação de Keough é fenomenal juntamente com Claflin e Monroe que ganham um pouco mais de destaque no começo da temporada e que realmente estão muito bem. Eles movimentam a trama da atração com seus conflitos na medida que tentam se encontrarem como pessoas, enquanto lidam também com o mundo do rock and roll dos anos 70. 

No final, fica claro desde desde de já, que Daisy Jones And The Six definitivamente entrega uma das melhores séries do ano, onde, sem dúvidas, foi feita para hitar nos charts e feita para os fãs.

Daisy Jones And The Six chega com seus três primeiros episódios no dia 3 de março e exibe seus episódios todas as sextas-feiras até 24 de março.

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