Boa Noite, Mamãe | Crítica: Versão americana se sustenta por uma boa e assombrosa atuação de Naomi Watts

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“Eu sou sua mãe!” Lançado durante o Festival de Veneza de 2014, o longa austríaco Good Night, Mommy pegou muita gente de surpresa por conta de sua história relativamente simples mesmo que interessante e cheia de boas reviravoltas. E a versão americana segue pelo mesmo caminho, e talvez, o grande destaque da produção do Prime Video fique com a presença de Naomi Watts como a figura misteriosa e enfaixada da mãe que recebe em sua casa seus dois filhos gêmeos depois de ter feito uma cirurgia.

Naomi Watts em cena de Boa Noite, Mamãe
Foto: Courtesy of Amazon Prime Video © 2022 Amazon Content Services LLC

Boa Noite, Mamãe (Goodnight Mommy, 2022) é um filme que segue bem a cartilha do original, onde as coisas não saem muito bem quando as crianças começam a achar que a pessoa por trás daquelas faixas cirúrgicas, e bandagens que cobrem seu rosto, não seja…bem …. a mãe deles. Mas quem é ela, e melhor, o que aconteceu com a carinhosa mãe de suas infâncias? 

E Watts é, sem dúvidas, o grande chamariz para a nova versão de Boa Noite, Mamãe. A atriz está incrível e assombrosamente de boa no papel, onde mesmo com diversos obstáculos que impedem efetivamente, e em boa parte do filme, do espectador de ver seu rosto, Watts carrega e entrega uma atuação impressionante, seja com os olhos, os movimentos corporais e o tom de voz.

Crystal Lucas-Perry, Cameron Crovetti, e Nicholas Crovetti em cena de Boa Noite, Mamãe
Foto: NIKO TAVERNISE © 2022 Amazon Content Services LLC

Boa Noite, Mamãe se desenvolve através, e em volta, da presença de Watts e assim o longa consegue entregar uma atmosfera sufocante, um jogo de paranóias simples, mas bem enxuto e executado. O longa entrega 1h30 minutos de duração de puro surto na medida que os gêmeos Elias (Cameron Crovetti da série The Boys e ótimo aqui) e Lukas (Nicholas Crovetti) são deixados na porta da casa de campo da mãe depois de algum tempo sem se verem.

Mas Elias e Lukas acham que tem alguma coisa errada com ela, e não só pela máscara que tampa quase todo seu rosto, mas por pequenas atitudes que ao longo do filme são mostradas para gerar um sentimento de dúvida na cabeça do espectador. A forma como o roteiro brinca com as paranóias que os irmãos vão por criar, aliado com o comportamento cada vez mais estranho da mãe na medida que os dias passam.

Assim, os conflitos entre eles só se intensificam e se tornam cada mais perigosos e Boa Noite, Mamãe convida o espectador para entrar nessa piração, onde a trama explora as diversas possibilidades possíveis, será que os garotos estão por falar a verdade? Será que tudo isso não passa apenas de uma mente criativa e entediada dessas crianças? Ou será que existe mesmo alguma coisa bem errada com a mulher que diz ser a mãe deles? O flerte que o longa trabalha nessas questões e a ambiguidade para induzir a trama para um tipo de vertente sobrenatural é muito mais confusa do que realmente ajuda o espectador a tentar entender o que está por acontecer.

Mas por outro lado o longa é bem ágil para estabelecer as mudanças no comportamento da mãe em relação a como ela se comportava com as crianças quando eles eram mais novos, e ela era ainda casada com o pai deles. E mesmo assim, olhando pelo ponto de vista narrativo, esse ritmo prejudica um pouco a história, e as possibilidades, que Boa Noite, Mamãe quer flertar. Talvez fosse necessário mais tempo para entregar uma sutileza maior para o espectador conseguir sentir essas mudanças da figura da mãe com os garotos.

Um dos ápices da paranoia dos gêmeos é quando um deles se esconde no quarto da mãe (um dos três locais proibidos na casa) e vê a dançar e se admirar na frente do espelho. Todas as cenas de Watts que envolvem um espelho são o ponto alto do longa, mas essa em particular, lá pelo meio, é a melhor, afinal, o garoto se vê depois preso no quarto sem conseguir sair e a cena é feita de uma forma tão intensa, tão sufocante, que realmente dita o tom do longa. 

A fuga dos jovens, a chegada da polícia e de uma detetive (Crystal Lucas-Perry), e o início das revelações para as perguntas que o longa propõe são marcadas por um sentimento alucinante de que alguma coisa vai dar errado para os gêmeos na busca deles por respostas e para tentarem escapar da mãe deles. Fiquem de olho nas pistas.

No final, uma onda de possibilidades começam a ser induzida para o espectador, onde respostas e reviravoltas inundam os momentos finais do filme numa rapidez impressionante e que apenas deixa a história terminar de uma forma tão abrupta que a sensação que fica é que o time de produção quase quer te entregar apenas um choque pelo choque, sem muitas explicações. É aquilo que acontece, e bora, reunir os pedaços e as pistas para compreender. E boa noite (mamãe).

Avaliação: 3 de 5.

Boa Noite, Mamãe chega em 16 de setembro no Prime Video.

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