Besouro Azul | Crítica: Longa diverte e voa alto ao trazer representatividade latina

0
260
Try Apple TV

Surpreendentemente, e em linhas gerais, dá para dizer que Besouro Azul (Blue Beetle, 2023) faz um bom filme de super-herói.

Talvez seja por conta da aproximação dos temas tratados aqui, das piadinhas com a cultura latina, do elenco super bem entrosado, ou até mesmo por que temos uma brasileira em um papel realmente de destaque em uma produção de Hollywood como uma personagem brasileira mesmo. 

São várias questões, e não são só essas citadas acima, mas sinto que tudo isso contribui, de uma forma ou outra, sim para o longa entregar um bom filme. Afinal, Besouro Azul é extremamente divertido, faz uma jornada bacana que nos introduz para dentro dentro de um novo canto de DC, em uma fase que a DC nos cinemas fecha um capítulo para começar um novo.

E aqui o longa voa alto para trazer, enfim a representatividade latina para as telas e para o gênero, mas antes de mais nada faz um bom filme, com uma boa história e não se esconde na mensagem para fazer isso.

Xolo Maridueña em cena de Besouro Azul.
Foto: Credit: Warner Bros. Pictures. All Rights Reserved.

Depois de mais de 15 anos que Hollywood viu a proliferação de adaptações dos quadrinhos não só dominar o circuito, mas fazer muito dinheiro (e de certa forma também muita dor de cabeça) para os envolvidos, Besouro Azul chega com essa carinha de produção dos anos 90, com cores vibrantes, uma família no centro da trama e na essência do faz essa história ser uma boa história. 

Como falamos é o lançamento de um novo canto da DC e que promete bastante em termos de mitologia dos quadrinhos sobre o personagem título, personagens apresentados, e boas histórias para serem contadas. E é com Jaime Reyes (Xolo Maridueña, extremamente bem escalado) que a aventura vai começar na medida que vemos a jovem Jenny Kord (Bruna Marquezine) roubar um objeto dos laboratórios Kord ao descobrir que a tia Victoria Kord (Susan Sarandon) tem planos militares com a tecnologia que o escaravelho oferece e desenvolve na mega corporação que é um dos alicerces da cidade de Palmera (uma mistura de Miami com Los Angeles, dentro do Universo da DC não especificado).

Assim, Besouro Azul navega com muito humor por essa trama que não é das mais originais, mas tem um tempero latino que deixa tudo mais fácil de engolir na medida que assistimos o filme.

Da família Reyes, que falta alto, se mete um na vida do outro, e que é extremamente bem representada aqui com uma mistura de Encanto (2021) com Em Um Bairro de Nova York (2021), até a chegada do escaravelho que se apossa do corpo de Jaime e faz uma coisa meio Venom (2018), onde temos uma relação simbiose e hospedeiro muito bacana, onde Maridueña entrega isso muito bem ao lado de Becky G como a voz do escaravelho, e até mesmo uma coisa meio Tom Holland em Homem-Aranha De Volta Para o Lar (2017), onde vemos um jovem aparentemente normal tendo que lidar com o fato que agora ele é um super-herói com poderes e responsabilidades.

Nada de inédito, nada que não tenhamos visto antes, mas que aqui funciona para esse formato de filme que temos aqui. Besouro Azul salpica diversas tramas e arcos narrativos que já tinham sido trabalhados e apresentados em outros projetos, coloca tudo no mesmo saco e entrega um filme extremamente engraçado de se acompanhar.

Belissa Escobedo, Elpidia Carrillo, Bruna Marquezine, Adriana Barraza, e George Lopez em cena de Besouro Azul.
Foto: Credit: Warner Bros. Pictures. All Rights Reserved.

De George Lopez como o Tio Rudy, um cara meio amalucado, viciado em teorias da conspiração e cheio de ideias para criar coisas, por Belissa Escobedo como Milagro, a irmã de Jaime e completamente oposta da personalidade esperançosa do irmão, e Adriana Barraza como a Vovô que realmente rouba as cenas quando a família se une para tentar salvar Jaime depois que uma das lutas contra o general capanga (Raoul Max Trujillo) de Victoria Kord não acaba bem para o nosso protagonista.

Todos eles ajudam Jaime nessa jornada na medida que ele se vê com essa tecnologia presa em seu corpo e todos os capangas das indústrias Kord vão atrás dele. E essa relação de Jaime com a família entrega não só bons momentos, mas também a fundação e o alicerce para o tipo de super-herói que o jovem quer ser e um pouco da parte coming of age que Besouro Azul se apoia tanto.

Das referências para a cultura pop latina com as novelas mexicanas (Maria Del Bairro famosa em toda América Latina e no Brasil), para Chapolin Colorado, para as referências para a própria DC (Jaime foi fazer faculdade de direito em Gotham City, vemos o prédio da Lex Corp no centro da cidade), Besouro Azul consegue estabelecer uma história com personagens humanos e carismáticos e totalmente apoiada no carisma sem tamanho de Maridueña. 

O ator realmente entrega uma das melhores adições para o mundo da DC em anos e realmente abraça esse jovem meio desengonçado, mas extremamente consciente do lugar que vem e o que ele quer ser, que recebe com a ajuda dessa tecnologia alienígena a chance de fazer alguma coisa importante para a comunidade e para sua família.

As cenas de Maridueña e Marquezine estão cercadas de uma química extremamente palpável, que transborda em tela, e que realmente só é vista em produções latinas sabe? Aquelas que os personagens flertam, flertam, e você não sabe se eles vão ficar juntos, e quando isso acontece, faz uma cena extremamente apaixonante de se assistir e torcer.

A atriz brasileira dá o nome e realmente chega uma hora que você esquece que está por ver Marquezine em tela. Depois de um começo que precisamos nos acostumar, a atriz abraça a personagem e fica claro que ela é Jenny Kord, e ajuda a fazer da mocinha, uma extremamente importante para trama e o seu desenrolar. 

E ao lado de Lopez, que realmente tem diversos momentos que rouba as cenas em Besouro Azul, os dois estão protagonistas extremamente bem no filme, principalmente nas cenas onde vemos os personagens dentro da nave besouro azul que garante boas risadas e ao mesmo tempo é palco para algumas das passagens mais emocionantes do longa e da família Reyes. 

E com esse elenco e com essa história que realmente funciona, o diretor Angel Manuel Soto tem a chance de realmente entregar boas passagens com boas escolhas visuais e que dão para o longa uma sensação quase única do que já foi feito na DC. O uso de efeitos práticos, principalmente em boa partes das cenas com uniforme do Besouro Azul dão uma graça a mais para o filme, que como falamos, tem essa temática meio anos 90 bastante presente no filme, mas que apenas soma com tudo que vimos em tela e não prejudica a experiência de se assistir o filme.

Besouro Azul então dá check em vários boxes do que se fazer em um filme de super-herói, principalmente uma história de origem: tem uma mitologia muito bem construída sobre o passado do escaravelho e as pessoas que já utilizaram o uniforme do Besouro Azul, tem essa nova encarnação do personagem, e ainda trabalha com o que o futuro reserva para essa potencial franquia e que claro fica guardada em uma das cenas pós-créditos.

No final, o que temos com Besouro Azul é realmente um filme de super-herói redondinho, que não foge muito do esperado, mas que aqui realmente faz um que deve tirar um sorriso do rosto do fã da DC depois de alguns filmes, que algumas pessoas acharam que o selo da Warner Bros deu algumas bolas na trave no ano. 

Avaliação: 3 de 5.

Onde assistir Besouro Azul?

Besouro Azul chega nos cinemas em 17 de agosto.

Deixe uma resposta