Avatar: O Caminho da Água | Crítica: Na deslumbrante sequência é tudo sobre família

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“O Caminho da Água não tem começo e não tem fim”. É com essa frase que ecoa algumas vezes no filme que fica claro que James Cameron retorna com tudo para o mundo de Pandora em Avatar: O Caminho da Água (Avatar: The Way Of Water, 2022). A sequência para o longa de 2009 demorou anos para sair, sobreviveu uma fusão de estúdios, mas chega como o maior filme de 2022 nos cinemas. Assim, fica claro que Avatar: O Caminho da Água, em termos de escopo, é a definição do que é um blockbuster e seu diretor sabe disso.

Cada cena do filme, é uma cena deslumbrante de se assistir, e talvez seja por isso que James Cameron, só resolveu passar rapidamente pela ilha de edição, afinal, o que temos em Avatar: O Caminho da Água são mais de 3 horas de puro impacto visual.

Claro, narrativamente falando, se Avatar lá de 2009 era ser descrito como um Pocahontas com seres azuis, a sequência pode ser descrita como Tarzan com pessoas azuis, e no mar. E aqui para Avatar: O Caminho da Água, Cameron, e as outras 4 pessoas que escreveram o roteiro com ele (Rick Jaffa, Amanda Silver, Josh Friedman e Shane Salerno), pegam tudo que deu certo no primeiro filme, como o ar de grandiosidade, as intrincadas relações entre os personagens, e o sentimento de estarmos vendo alguma coisa bem diferente, e multiplicaram por 10x.

Tudo em Avatar: O Caminho da Água é grandioso em escala.

Seja nos novos, e maravilhosos, territórios de Pandora, nas batalhas do povo Na’vi e o Povo do Céu, e claro nas histórias dos personagens, os antigos, e os novos que são introduzidos aqui.

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Bailey Bass, Zoe Saldana, Jamie Flatters, Britain Dalton e Sam Worthington em cena de Avatar: O Caminho da Água
Foto: © 2022 20th Century Studios. All Rights Reserved.

Avatar: O Caminho da Água amplia o universo de Pandora, e a mitologia do lugar, para contar essa história na medida que a trama avança no tempo depois dos eventos do primeiro filme, onde não temos mais apenas a tribo de Neytiri (Zoe Saldana, ótima mesmo por trás de uma roupa de captura de movimentos e pesados efeitos visuais) e Jake Sully (Sam Worthington) representada, e sim, uma nova e interessante, nova parte de Pandora para ser explorada. Os paralelos, e as referências, entre Avatar e Avatar: O Caminho da Água são muitos, para mostrar quando Neytiri e Jake chegam com sua família em um novo local à beira do mar, onde, agora ela, e ele, mais uma vez, aprendem novos costumes. E o texto deixa claro que mesmo sendo todos do mesmo planeta, eles e os locais, não poderiam ser mais diferentes.

Avatar: O Caminho da Água brinca com os mesmos conceitos que vimos no primeiro filme, mas aqui, cria uma trama tão maior, tão cheia de complexas camadas, que realmente sustentam as mais de 3 horas que o longa tem. Claro, o desvio para conhecermos o clã Metkayina, só serve para darmos tempo para a trama, antes de que o general Quaritch (Stephen Lang), está de volta, e agora na sequência “ressuscitado” com suas memórias implantada em um Avatar, finalmente encontre com Jake na sua busca de conseguir sua vingança.

Afinal, antes desse embate, Avatar: O Caminho da Água precisa reintroduzir para o público a figura desses personagens, da importância de Pandora tanto para a raça local, quanto para os humanos (O Povo do Céu) que estão de volta depois que a missão do primeiro filme deu errado. Aqui eles são liderados pela implacável General Ardmore (Edie Falco, ótima mas aparece pouco) que prepara um grupo de Avatars para tentar se infiltrar com os N’avi. 

A missão é usar Pandora como uma nova Terra. Mas é claro que Cameron e seus roteiristas tem outras surpresinhas escondidas ao longo do filme, e isso que guia boa parte do filme e as motivações para vermos tudo que acontece ao longo dessas 3 horas nesse início de uma trilogia de novos filmes Avatar.

Assim, Neytiri e Jake, juntamente com seus filhos os adolescentes Neteyam (Jamie Flatters) e Lo’ak (Britain Dalton, ótimo) e as crianças Tuk (Trinity Bliss) e a jovem Kiri (Sigourney Weaver, muito bem com os trejeitos adolescentes) partem para o Reino das Águas em busca de proteção. É nesse momento que Avatar: O Caminho da Água mais se espelha em Avatar. Afinal, temos um novo povo, novos costumes para serem descobertos, novas pessoas para fazerem amizade, e um conflito de questões morais que permeiam um bom tempo dessa parte da trama.

E claro, que o cenário aquático dá para Cameron a chance de extrapolar e fazer momentos e cenas das mais interessantes e que você sente a imersão delas, e fica, por muito tempo se questionando como aquilo tudo foi feito e como o cinema chegou nesse nível de sofisticação. 

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Kate Winsle e Cliff Curtis em cena de Avatar: O Caminho da Água
Foto: © 2022 20th Century Studios. All Rights Reserved.

E para isso, Cameron usa a água e ambientes marítimos para impressionar e tratar de temas que lá em 2009, Avatar já trava, principalmente sobre a importância do ecossistema, dos costumes locais, e ainda das relações familiares que aqui são retratadas de forma muito poderosa.

As figuras maternas como a de Neytiri e da líder do clã marinho Ronal (Kate Winslet) mostram a ferocidade das mães para proteger seus filhos. E não só dessas mulheres, mas também da conexão que os Na’vi têm com os outros seres, aqui belissimamente retratada na relação entre Lo’ak e Tulkun, uma espécie de baleia nativa que circula aos arredores do acampamento do povo marinho e que tem uma importância tremenda para a trama.

Cameron cria novos personagens fascinantes, seja na figura de Tsireya (Bailey Bass) a filha dos líderes da tribo, a já citada Ronal de Winslet, e também o garoto humano que se passa por Na’vi chamado Spider (Jack Champion, super carismático) que recebe um bom destaque, e tempo de tela, na medida que vemos o povo do céu o sequestrar e tentar tirar informações sobre os seres azuis. 

E falando em azul, o azul, e suas diversas tonalidades em Avatar: O Caminho da Água é mais uma das coisas que impressiona e imersa o espectador ao lado do cerne narrativo do filme que, assim como o primeiro filme, debate novas, e importantes, questões sem deixar de deslumbrar a cada segundo. Mesmo com uma duração bem maior do que o necessário, e que é sentida em vários momentos, Avatar: O Caminho da Água sabe aproveitar bem tudo isso, ao esticar cenas para dar um sentimento de profundidade para essa história bem maior que tivemos no primeiro filme.

“Família é nossa fortaleza” diz Jake enquanto o longa termina com a trama em aberto para as futuras sequências que não devem demorar muito para sair. E no final, é isso que Avatar: O Caminho da Água entrega, um longa sobre a importância da família.

Avaliação: 3.5 de 5.

Avatar: O Caminho da Água chega em 15 de dezembro nos cinemas.

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