Amor & Morte | Critica: Atuação matadora de Elizabeth Olsen dá tom para projeto

0
917
Try Apple TV

A pacta vida do interior né? As crianças brincam na rua, domingo é dia de ir para Igreja, e tudo certo com esses casais do subúrbio….até que alguém pega um machado! Essa é a premissa de Amor & Morte, a nova série da HBO Max que chega na plataforma com um elenco de grandes nomes e uma história que tem muito o que contar.

O que esses episódios, serão 7 no total, contam é um dos casos desses chamados “true crime” dos mais chamativos na história dos EUA, afinal, o que temos aqui não é uma daquelas histórias de assassinos que fazem um monte de vítimas por ai, ao longo dos anos, e tudo mais. O que temos aqui com Amor & Morte, é a história de apenas uma vítima, e apenas uma assassina, que pegou um machado num dia de verão e golpeou a vizinha várias e várias vezes. 

Elizabeth Olsen em cena de Amor & Morte
Foto: Credit Jake Giles Netter/HBO Max. All Rights Reserved.

A história de Candy Montgomery foi bastante repercutida na imprensa americana na época, claro, com um tom de puro sensacionalismo por termos uma mulher, uma dona de casa no centro de tudo, um caso de traição e tudo mais. E talvez seja isso que faz Amor & Morte ter uma história tão interessante (mesmo que mórbida) para ser contada. O fato que Candy Montgomery (Elizabeth Olsen) não calculou, premeditou, perseguiu a vizinha Betty (Lily Rabe) com diversos outros serial killers conhecidos fizeram, e sim, num dia ela surtou, e toda sua raiva comprimida foi descarregada nos golpes na vizinha.

Claro, descobrimos que Betty não era apenas uma vizinha, era ela uma colega de congregação, de uma certa forma, uma amiga, uma conhecida para Candy, e principalmente a mulher do cara que ela estava tendo um caso. E é aqui onde Amor & Morte foca sua atenção: no relacionamento de Candy com Allan Gore (Jesse Plemons, ótimo) e como tudo isso levou para os acontecimentos do assassinato de Betty.

O mais interessante da atração que o time de produção não se preocupa em contar fatos, datas e tudo mais, e sim, trabalhar nesse ambientação e no que levou Candy a surtar naquele dia. E para isso Amor & Morte tem Elizabeth Olsen para ajudar a contar essa história. A atriz está tão bem aqui, tão carismática com as caras, os trejeitos, o olhar de maníaca…. em resumo, Olsen está perfeita como Candy Montgomery.

O seriado então foca mais na dona de casa, no relacionamento com o vizinho, e estabelece o “estado de espírito” que levou a pegar o machado e bem vocês sabem Chop. Chop. É mais sobre mostrar o seriado pela visão de Candy, do que o cenário, o contexto, e o que acontecia ao seu redor, e como os outros personagens se sentiam, e sim, como Candy se sentia naquele momento: a pressão que sua vida mundana estava fazendo nela e a possibilidade de com Allan ela ser vista, ser notada como mulher, e sair do cotidiano.

É complexo? É complexo. Mas acho que Amor & Morte faz um bom trabalho para contar a história dessa mulher, sem deixar de mostrar que por trás disso tudo Candy era uma pessoa perturbada.

Elizabeth Olsen, Patrick Fugit, Lily Rabe e Jesse Plemons em cena de Amor & Morte
Foto: Credit Jake Giles Netter/HBO Max

E basicamente é isso que faz Amor & Morte ser tão interessante de assistir, porque Olsen cria essa figura perfeita que vai rachar ao longo dos episódios, onde vamos descobrir os motivos que Candy fez o que fez. E a atriz vem nessa trajetória, de estar em produções com essa temática, seja nas ótimas Sorry For Your Loss e WandaVision, onde Olsen novamente cria aquela aura de dona de casa perfeita que está a beira de surtar a cada momento, seja por fazer uma cidade de refém usando poderes dos quadrinhos, ou por picotar os chinelos usados no dia que matou a vizinha com um machado.

É um trabalho de composição e criação de personagem sem tamanho e que Olsen esmiúça ao longo dos sete episódios que compõem Amor & Morte. E meio que a atuação de Olsen define o ritmo do seriado, afinal, tirando Allan (Plemons está ótimo, mas vai muito na onda de Olsen), todos os outros personagens meio que orbitam em torno de Candy.

Em Amor & Morte, a história é sobre ela, o foco é nela, e seu ponto de vista sobre a situação, e o contexto que a série apresenta a questão, é sobre ela. Do marido Pat (Patrick Fugit), da própria Betty que o seriado sofre em explicar mais e contextualizar os problemas que a vizinha tinha, e que no final, dá para Rabe uma personagem completamente unidimensional, para a melhor amiga Sherry (Krysten Ritter), do advogado de defesa Tom (Tom Pelphrey, ótimo)… todos eles são personagens de apoio para o show da Candy.

E isso dá a plataforma certa para Olsen brilhar. Nas cenas sozinha na cozinha, com o olhar afastado, da forma como ela aborda Allan no estacionamento e propõe a possibilidade do affair, quando é interrogada pelos policiais já depois do evento ter acontecido, quando começa a desaparecer com evidências… como falamos, Olsen carrega o seriado nas costas.

E por ser uma história já contada, e não muito tempo atrás, as comparações claro surgem ao longo de assistir os episódios, e principalmente se você assistiu a outra versão.

Elizabeth Olsen e Jesse Plemons em cena de Amor & Morte
Foto: Credit Jake Giles Netter/HBO Max

Tendo visto as duas, acho que ambas tem seus lados positivos, e negativos. A outra, Candy acaba por ser uma história sobre todos os personagens envolvidos na história, e uma que conta e que segue uma linha narrativa mais focada mostrar tudo que aconteceu na ordem certa, já Amor & Morte, como falamos é sobre Candy. Tem atores na outra atração melhores do que na versão da HBO Max, mas pelo fato de lá no outro projeto eles tem mais espaço para serem desenvolvidos, e a diferença fica clara ao assistirmos os dois projetos. 

Mas ainda acho que Amor & Morte acaba por ser uma adaptação mais caprichada, com um valor de produção maior, seja pelo elenco, seja a estética visual, e a forma como foca e conta a história de Candy. E claro, pelo fato que Olsen está incrivelmente maravilhosa no papel. 

Meio que no final ambas as séries tiveram o infortúnio de serem aprovadas e desenvolvidas muito perto uma da outra, mas isso, ao meu ver, só quer dizer que o caso de Candy Montgomery é mesmo um caso que chama atenção, tanto pela brutalidade, enquanto forma que tudo aconteceu.

E no final, acho que Amor & Morte consegue capturar essa aura curiosamente mórbida que a história oferece de uma maneira muito interessante pelo olhar de Olsen que se firma como uma das mais talentosas que temos hoje em dia.

Amor & Morte estreia com 3 episódios no dia 27 e segue depois com episódios semanais todas às quintas-feiras na HBO Max.

Deixe uma resposta